A salmonella é uma bactéria da família das Enterobacteriaceae, que está relacionada com casos de gastroenterite autolimitada, e causa intoxicação alimentar. Ela também pode causar febre tifoide, uma doença febril sistêmica.
De acordo com Ruth Araújo, diretora técnica e infectologista do Hospital São José, em Fortaleza, é muito comum a contaminação por ingestão de ovo cru ou mal cozido.
Além disso, a bactéria pode estar presente em carnes, principalmente o frango, aves, leite e produtos lácteos, pescados, temperos, molhos de salada preparados com ovos não pasteurizados, misturas de bolo e sobremesas que contêm ovo cru.
O Ministério da Saúde alerta que a transmissão se dá por meio da ingestão de alimentos contaminados com fezes de animais, normalmente galinhas, porcos, répteis, anfíbios, vacas e até mesmo em animais domésticos, como cachorros e gatos, mas é menos comum. Assim, qualquer alimento que venha desses animais ou que tenha entrado em contato com suas fezes podem ser consideradas vias de transmissão da Salmonella.
Na última semana, lotes de sete produtos da marca Dori tiveram a venda suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por suspeita de contaminação por Salmonella Muenchen. A decisão do órgão do Ministério da Saúde foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Segundo a empresa, o recolhimento dos itens já foi iniciado.
Causas e sintomas
A infectologista do Hospital São José também destaca que a infecção acontece por ingestão de água ou comida contaminada e pode ser assintomática ou ocasionar:
- Febre;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Diarreia;
- Dor abdominal;
- Mal-estar geral;
- Cansaço;
- Perda de apetite;
- Calafrios.
Os sintomas, em casos mais leves, tendem a ser autolimitados. Eles podem aparecer horas depois do contato com o alimento contaminado ou até dias, no máximo de 5 a 6 dias. Geralmente, esses sintomas têm duração de 3 a 5 dias. Em caso mais graves, de os sintomas persistirem por mais de 5 dias, é necessária orientação médica.
A persistência e intensidade dos sintomas também dependem da quantidade de alimento contaminado ingerido e o nível de contaminação.
A doença pode provocar graves infecções e evoluir principalmente em pacientes imunossuprimidos, como portadores de HIV, idosos e crianças, devido ao sistema imunológico mais frágil.
Tratamento
Segundo a especialista, em casos mais graves, o tratamento é feito com antibióticos. O paciente deve procurar o hospital se apresentar sintomas mais severos ou persistentes. Ruth Araújo ressalta a importância do repouso e da hidratação, com soluções como água de coco e líquidos no geral. Medicamentos para febre também podem ser utilizados.
O tratamento com antibióticos não é recomendado para casos leves ou moderados em indivíduos saudáveis, pois esses medicamentos podem não eliminar completamente as bactérias e selecionar cepas resistentes, tornando o tratamento ineficaz, alerta o Ministério da Saúde.
Normalmente, a infecção causada pela Salmonella (salmonelose não tifoide) não precisa de internação ou de outras intervenções médicas.
Prevenção
Veja a seguir alguns hábitos que ajudam a prevenir a infecção a partir da bactéria:
- Ingerir alimentos bem cozidos;
- Evitar comer em locais que não tenham boa higiene;
- Beber sempre água filtrada ou fervida, de origem confiável;
- Armazenar os alimentos de forma adequada;
- Lavar sempre as mãos antes, durante e depois de manipular ou consumir alimentos.
"Se a pessoa estiver infectada, com diarreia, e estiver trabalhando na cozinha e for ao banheiro e não higienizar as mãos, ela pode contaminar os alimentos, passando para outras pessoas. É muito importante essa higienização durante a manipulação de alimentos para não contaminar outras pessoas", disse a médica Ruth Araújo.
A profissional afirmou que a vacina contra a febre tifoide não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), mas pode ser encontrada em serviços privados de vacinação e centros de atendimento ao viajante.