Homem sofre perfuração na traqueia após segurar espirro; caso foi relatado em revista científica

Espirrar com o nariz comprimido e a boca fechada não é indicado por especialistas

Um homem, de 30 anos, com rinite alérgica, perfurou a traqueia após segurar um espirro. A lesão no órgão, que permite a passagem do ar até os pulmões, é rara e potencialmente fatal. O caso é inédito e foi publicado, nessa segunda-feira (11), na revista científica BMJ Case Reports, por pesquisadores do Reino Unido. 

Os cientistas acreditam que a pressão gerada pelo momento provocou a perfuração. Normalmente, a pressão nas vias aéreas superiores durante um espirro é de 1 a 2 kPa — quilopascal, unidade padrão de pressão —, no entanto, “se a boca e o nariz estiverem fechados, a pressão pode aumentar em até 20 vezes”.

Suspeitamos que a traqueia [do paciente] tenha sido perfurada devido ao rápido aumento de pressão na traqueia ao espirrar com o nariz comprimido e a boca fechada. (...) Todos devem ser orientados a não abafar os espirros apertando o nariz e mantendo a boca fechada, pois isso pode resultar em perfuração traqueal, conforme relatado aqui”, orientaram os autores do estudo.

Na ocasião, o paciente sentiu fortes dores na região do pescoço logo após segurar um espirro. No momento, ele estava dirigindo usando o cinto de segurança. Após o início do incômodo, procurou uma unidade de saúde. 

Depois de ser submetido a um exame de tomografia computadorizada de pescoço e tórax, foi constatado que o homem possuía uma ruptura na traqueia de 2 mm x 2 mm x 5 mm, com pneumomediastino — presença de ar no espaço existente entre os dois pulmões. Ele foi tratado com analgésicos para a dor e antialérgicos para a rinite.

“Os cirurgiões cardiotorácicos foram contatados para obter opinião e considerou-se que nenhuma intervenção cirúrgica foi indicada, pois o paciente estava sistemicamente bem, com frequência cardíaca e respiratória normais, pressão arterial, saturação de oxigênio e temperatura corporal normais”, detalharam os pesquisadores. 

O paciente permaneceu em observação por cerca de 48 horas. Em seguida, recebeu alta e indicação de manter o tratamento com uso de analgésicos, medicação prolongada para rinite alérgica, além de ser orientado a evitar a prática de atividades físicas e segurar espirros por duas semanas. 

Cinco semanas após a internação, uma nova tomografia computadorizada revelou que a lesão fora curada.