Tireoidite de Hashimoto: o que é, causas e sintomas
Conheça a doença autoimune que ataca a tireoide, causando inflamação e alterações no balanço hormonal do corpo
A Tireoide de Hashimoto é uma doença autoimune que afeta a tireoide, glândula em forma de borboleta localizada na parte anterior do pescoço. Nesta condição, o sistema imunológico ataca a glândula em questão, causando inflamação e danos ao tecido glandular. Com o tempo, ela pode ficar incapaz de produzir hormônios em quantidades suficientes, levando ao hipotireoidismo.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a Tireoidite de Hashimoto tem prevalência maior em mulheres: cerca de 2% a 5% apresentam a doença contra 0,3% a 0,7% em homens. Uma das causas disso é a maior variação hormonal que elas passam por conta da menstruação, gravidez e menopausa.
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O diagnóstico dessa condição é feito por meio de exames de sangue para medir os níveis de hormônios tireoidianos e de anticorpos contra a tireoide, destaca a médica endocrinologista e metabologista, Patricia Peixoto*.
A Tireoidite de Hashimoto é uma doença comum e que, quando tratada corretamente, não acarreta consequências graves ao paciente. Mas, para isso, é preciso que a pessoa seja disciplinada quanto ao uso do medicamento, siga as recomendações médicas e faça o acompanhamento periódico, destaca a médica.
O que é Tireoidite de Hashimoto?
Também conhecida como tireoidite autoimune ou linfocítica crônica, leva esse nome em homenagem ao médico japonês Hakaru Hashimoto, que diagnosticou a doença pela primeira vez em 1912. É autoimune, ou seja, ocorre com a destruição das células da tireoide por processos imunológicos mediados por células e anticorpos do próprio corpo. Estes anticorpos antitireoidianos atacam as células tireoidianas, causando fibrose progressiva, o que compromete o funcionamento da glândula, explica a médica.
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Quais os sintomas?
Inicialmente, alguns pacientes podem ter crises de sintomas de hipertireoidismo, pois a destruição inicial das células da tireoide pode levar ao aumento da liberação do hormônio da tireoide na corrente sanguínea. Quando já há destruição suficiente pela resposta de anticorpos, os pacientes apresentam sintomas de hipotireoidismo, que são insidiosos e variáveis, e podem afetar quase qualquer sistema de órgãos do corpo.
Sintomas em geral
- A pele tende a ficar seca, especialmente nas superfícies extensoras, palmas das mãos e solas;
- Nota-se retenção de água;
- A taxa de crescimento do cabelo diminui e o cabelo pode ser seco, grosso e quebradiço. Às vezes o paciente tem alopecia difusa ou parcial.
- Fadiga;
- Intolerância ao exercício, tanto por baixa reserva pulmonar e cardíaca como também por diminuição da força muscular ou aumento da fadiga muscular;
- Constipação;
- Ganho de peso;
- Intolerância ao frio;
- Diminuição da transpiração;
- Neuropatia periférica;
- Diminuição da energia;
- Depressão;
- Demência;
- Perda de memória;
- Cãibras musculares;
- Dor nas articulações;
- Menorragia (aumento do fluxo menstrual);
- Rouquidão
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Qual exame detecta Tireoidite de Hashimoto?
Após a avaliação clínica inicial, havendo suspeita diagnóstica, são feitos exames laboratoriais que demonstram elevação do hormônio estimulante da tireoide (TSH) e baixos níveis de tiroxina livre (fT4), juntamente com aumento dos anticorpos antitireoidiano peroxidase (TPO), explica a endocrinologista.
“No entanto, no início do curso da doença, os pacientes podem ter alteração somente do TSH e anti TPO. O ultrassom da tireoide nos mostra o característico aspecto heterogêneo da glândula, pela agressão autoimune”, explica a metabologista.
O que causa tireoidite de hashimoto?
A combinação de fatores genéticos que tornam uma pessoa mais suscetível, com fatores ambientais, como infecções virais, estresse, alguns medicamentos, excesso de iodo e outros, desencadeia o processo autoimune que leva ao comprometimento da função da glândula.
Como saber se eu tenho tireoidite de hashimoto?
Através da avaliação com endocrinologista que solicitará os exames para o diagnóstico.
Quem tem tireoidite de hashimoto pode doar sangue?
Por se tratar de doença autoimune, não pode doar.
Pode engravidar?
Sim! Para isso é importante estar com os níveis hormonais compensados e manter seguimento com endocrinologista durante toda a gestação, detalha a médica. “Há necessidade de ajuste de dose de levotiroxina, hormônio usado no tratamento: às vezes antes da gestação, certamente durante e no período de amamentação também”, complementa a endocrinologista.
Qual a diferença entre hipotireoidismo e tireoidite de hashimoto?
Hipotireoidismo engloba todas as condições em que a tireoide produz menos hormônios do que o normal, seja por conta de uma cirurgia da glândula, por uma doença congênita, por ação de radioterapia no pescoço, entre outras causas. A Tireoidite de Hashimoto é uma das causas de hipotireoidismo, aliás a mais frequente, mas não é a única, frisa a médica.
Por que a doença ocorre mais em mulheres?
Embora ainda não se saiba o mecanismo exato, “acredita-se que haja uma interferência dos hormônios sexuais no desenvolvimento da doença, assim como em outras doenças autoimunes, sendo por isso mais frequente em mulheres”, diz Patricia Peixoto.
A tireoidite de Hashimoto é hereditária?
Ela tem um forte componente genético, sendo mais importante essa predisposição genética do que as influências ambientais, avalia a médica.
Como deve ser a alimentação de quem tem essa doença?
A menos que o paciente também tenha doença celíaca ou intolerância ao glúten não celíaca, não se recomenda cortar glúten, nem lactose. “A dieta deve ser saudável, evitando produtos alimentares industrializados, açúcares e gorduras saturadas. Uma adequada ingestão de selênio e iodo também é importante”, ressalta a médica.
Quais as possíveis complicações que podem vir a ocorrer por conta dessa doença?
As complicações são decorrentes do não tratamento ou quando ele é feito de forma irregular. Nestes casos os sintomas descritos anteriormente tendem a piorar, podendo até mesmo levar ao quadro de “coma mixedematoso” (definido como uma forma de hipotireoidismo muito severo, que ocasiona decréscimo da consciência, hipotermia e outros sintomas relacionados à diminuição da função tireoidiana, afetando múltiplos órgãos).
*Dra Patricia Peixoto é médica formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com diploma reconhecido pela Universidade de Coimbra. É endocrinologista e metabologista titulada pela UFRJ. Tem Curso de Obesidade de Harvard e Unicamp.