O que é otite? Veja sintomas, causas e tratamento
Conheça os diferentes tipos de infecção, que podem levar a dor, diminuição temporária da audição, febre e mal-estar
A otite é uma infecção que afeta a orelha, sendo causada, geralmente, por bactérias ou vírus. Os sintomas dessa infecção são bastante característicos, entre eles destacam-se dor de ouvido e febre. O diagnóstico é feito por meio da análise dos sintomas apresentados e da otoscopia, no qual o médico faz um exame visual da orelha utilizando instrumentos específicos, como otoscópio.
Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, a otite pode ter origem no ouvido médio, externo ou interno (também conhecido como labirintite), e também pode ser aguda ou crônica dependendo do tempo de duração.
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De acordo com a otorrinolaringologista pediátrica, Isabelle Jataí, esta infecção é mais comum em crianças, seja por um fator anatômico e/ou imunológico. “É fundamental a consulta com um especialista para o correto diagnóstico, a fim de que o tratamento adequado seja instituído”, frisa a médica.
O que é otite?
Otite é o termo médico genérico usado para denominar as infecções e inflamações do ouvido, que causam dor e outros incômodos ao paciente.
Quais são os tipos de otite?
De acordo com a localização anatômica desse processo, elas podem se classificar em:
- Externa (acometimento do pavilhão auricular ou do conduto auditivo externo ou da membrana timpânica), que é uma doença predominantemente de pele;
- Média (acometimento da região por trás da membrana timpânica, chamada orelha média), sendo uma doença de mucosa;
- Interna (labirintite), a mais rara das três. Acontece quando afeta o ouvido interno ou labirinto (cóclea – órgão da audição; sistema vestibular – órgão do equilíbrio).
Segundo a médica, conforme o tempo de evolução pode se dividir em: aguda (menos de quatro semanas de evolução) e crônica (mais de doze semanas).
Quais os sintomas?
Na otite externa, o paciente apresenta como principal sintoma a otalgia (dor de ouvido), que pode ser desencadeada ou piorada com a manipulação da orelha (o simples toque no ouvido pode causar desconforto) ou, ainda, com a mastigação, especialmente de alimentos mais duros.
A depender da gravidade do quadro, de acordo com a otorrinolaringologista, a pessoa pode apresentar edema (inchaço) do conduto auditivo externo e, consequente, hipoacusia (redução da audição). Algumas vezes uma otorreia (drenagem de secreção pelo conduto) serosa pode estar presente.
Na otite média aguda (quadro que dura até quatro semanas), além da otalgia (que também é um dos principais sintomas), o paciente pode apresentar febre, hipoacusia (termo técnico para o que se chama popularmente de perda de audição) pela presença de secreção dentro da orelha média, dificultando a propagação do som; cefaleia, sintomas nasais como secreção e obstrução e, em alguns casos, otorreia (presença de secreção no canal auditivo).
O que causa os diferentes tipos de otite?
A otite externa regularmente é causada, detalha Isabelle Jataí, por manipulação do conduto auditivo externo (como a utilização de hastes flexíveis para limpar o conduto ou de outros objetos pontiagudos que podem lesionar a pele da orelha) ou acúmulo/excesso de água em conduto (naqueles pacientes que mergulham frequentemente).
A otite média aguda pode ser causada, como explica a médica, por quadros infecciosos frequentes (secreção do nariz acaba drenando para a orelha, através de uma comunicação chamada tuba auditiva) ou ainda processos alérgicos que podem causar disfunção nessa comunicação do nariz com a orelha (tuba auditiva) e consequente inflamação de mucosa ou aumento do tecido adenoideano, o qual pode trazer obstrução da tuba e alteração de orelha média.
Como curar a dor de ouvido?
Cada tipo de otite possui um tratamento específico, destaca a médica. “Em alguns casos é necessária a utilização de gotas otológicas; em outros de medicação oral como antibióticos para resolver o quadro instalado. Mas é importante salientar que existem várias gotas otológicas no mercado, mas poucas realmente efetivas, assim como nem toda otite média aguda necessita de antibiótico oral”, acrescenta.
É fundamental, frisa a otorrinolaringologista, a consulta com um especialista para o correto diagnóstico, a fim de que o tratamento adequado seja instituído.
Por que a otite pode ser comum em bebês?
A otite mais comum em crianças pequenas, avalia a médica, é a otite média aguda por dois fatores principais: um fator anatômico e outro imunológico. “A tuba auditiva é um órgão fundamental nessa patologia. A principal função dessa estrutura é proporcionar a correta ventilação da orelha média para que ela possa funcionar adequadamente. Ela permite que o ar do nariz chegue até a orelha. A tuba nas crianças é mais curta e mais horizontal que nos adultos, logo é mais fácil para que a secreção do nariz alcance a orelha através dessa comunicação e haja o desenvolvimento de otite média”, detalha.
Além disso, adiciona, o sistema imune das crianças é imaturo, somente sendo capaz de se defender de forma adequada com o passar dos anos.
Por que alguns bebês e crianças possuem otite de repetição?
A otite média aguda recorrente caracteriza-se por três ou mais episódios de otite em seis meses ou quatro ou mais episódios em 12 meses, diz Isabelle Jataí. “Existem alguns fatores de risco associados como: a ocorrência do primeiro episodio de otite média aguda antes dos seis meses de idade, frequentar creche, tabagismo passivo, ausência ou curta duração do aleitamento materno e história de outro filho com otite recorrente”, explana.
Por que alguns bebês e crianças precisam operar o ouvido por conta de otite?
Alguns casos de otite média necessitarão de procedimento cirúrgico, por exemplo nas otites médias recorrentes, onde um tubo de ventilação pode ser inserido na membrana timpânica para melhorar a ventilação da orelha média, destaca a médica.
“Outros casos que necessitam de cirurgia ocorrem na cronificação dessas otites (duração maior que 12 semanas), onde podem ser colocados tubos de ventilação (no caso da otite média crônica serosa) ou inseridos enxertos para o fechamento da membrana timpânica que perfurou pela recorrência das otorreias. E essas cirurgias de orelha podem ou não ser acompanhadas pela remoção das adenoides, a depender do caso”, direciona.
Otite pode levar à perda auditiva?
A otite externa pode causar uma perda auditiva temporária enquanto o edema de conduto persiste, mas com a resolução do quadro a audição volta a normalidade, frisa a otorrinolaringologista.
No caso da otite média aguda, a perda auditiva pode ser um pouco mais longa, porque às vezes o líquido que se encontra no interior da orelha média demora para ser reabsorvido, explica.
Nos casos crônicos, a perda pode ser mais mantida , “seja porque o líquido não drena da orelha ou porque as infecções recorrentes causaram um dano ao nervo auditivo ou ainda pela perfuração da membrana timpânica que dificulta a transmissão sonora”, acrescenta.
*Isabelle Jataí é otorrinolaringologista, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Preceptora de Otorrinolaringologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Área de atuação em Otorrinopediatria.