Quem são os quatro indiciados por participar do ataque em Fortaleza que deixou criança morta
Dos indiciados, 'Bibi Perigosa' permanece na condição de foragida.
A Polícia Civil do Ceará (PCCE) concluiu inquérito acerca da tentativa de chacina no Barroso, em Fortaleza, que deixou uma criança e uma mulher mortas. Cinco pessoas foram indiciadas, sendo quatro com participação direta no ataque. A motivação do crime, já trazida pelo Diário do Nordeste em matérias anteriores, foi a guerra entre as facções criminosas Massa Carcerária -Tudo Neutro (TDN) e Comando Vermelho (CV).
A reportagem teve acesso ao relatório final do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Estão indiciados por homicídio qualificado com motivo torpe, crime de organização criminosa armada, corrupção de menores e posse ilegal de arma de fogo: Victor Henrique Pereira Carneiro, o 'Viti'; Clenilson Ferreira de Brito, o 'Del'; Narcélio da Silva Pereira, o 'Cego'; e Carla Germano Sales, conhecida como 'Bibi Perigosa' ou 'Peppa Pig'.
Destes, 'Bibi Perigosa' permanece na condição de foragida. A quinta indiciada é Tainara da Silva Bezerra. Para esta, foram apontados crimes de corrupção de menores e receptação, já que, segundo a investigação, Tainara não participou das mortes, mas ajudou a esconder dois suspeitos.
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Um sexto homem investigado pela Polícia como participante da tentativa de chacina não chegou a ser indiciado.
VEJA TRECHO DO RELATÓRIO FINAL:
"Chegou ao Núcleo de Inteligência do DHPP, denúncia anônima informando sobre o fato e indicando que tais pessoas foram as responsáveis pelo crime, visto serem integrantes da MASSA CARCERÁRIA e, no local do fato, predominar a facção COMANDO VERMELHO. Os policiais foram ao local do fato e, apesar dos temores, é unânime entre os populares que a autoria do fato partiu amando de DEL (CLENILSON FERREIRA DE BRITO), sendo que a pessoa conhecida como CEGO (NARCÉLIO DA SILVA PEREIRA) era quem dirigia o veículo utilizado na ação e, além disso, alguns populares informaram que VITI (VICTOR HENRIQUE PEREIRA CARNEIRO), também conhecido como “BAIXA VIDRO”, foi um dos executores"
A Polícia destaca que "o inquérito ainda carece de oitiva de grande parte das testemunhas sobreviventes, realização de laudos periciais de lesão corporal...laudos cadavéricos, laudo de local de crime... e que estas diligências devem ser anexadas aos autos posteriormente"
PARTICIPAÇÕES
Além dos atiradores, no carro usado na ação criminosa também estaria 'Bibi Perigosa'. O veículo foi flagrado por câmeras de monitoramento no entorno do local do ataque.
Os criminosos teriam passado pelas ruas Nossa Senhora da Glória, Jornalista Antônio Pontes Tavares, Sabino Loureto da Silva e por fim entrado na rua Benedito Lacerda, até a Areninha do Barroso.
Testemunhas contaram aos policiais que o Jardim Violeta estava calmo, "apesar da proximidade com o Barreirão (facção rival), iniciando-se ataques e assaltos a referido local após CEGO e DEL serem soltos, um foi solto em fevereiro e o outro foi solto em maio".
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A reportagem apurou que a Polícia Civil ouviu populares, de forma sigilosa, que "afirmaram categoricamente que Clenilson Ferreira de Brito é integrante da Massa Carcerária e, após ser liberado da prisão (fato ocorrido em data recente), passou a frequentar o bairro durante a madrugada, efetuando disparos e aterrorizando os moradores, sendo, ainda, apontado como autor de outros homicídios e tentativas de homicídios, todos motivados por rivalidade entre facções criminosas".
"Uma outra testemunha relatou que integrantes da Massa Carcerária teriam publicado no aplicativo Telegram que “iriam matar cidadãos e crianças” do Bairro Jardim Violeta"
CRIANÇAS BALEADAS
As vítimas assassinadas na tentativa de chacina são Daniel Levi, de 10 anos, e a dona de casa Francisca Ivone Vidal do Nascimento, de 48 anos, baleada quando tentava proteger as crianças.
Outras oito crianças e adolescentes ficaram feridas. Uma delas foi atingida na cabeça e passou por cirurgia de emergência
Um parente de Daniel contou presenciado uma "cena de terror": "foi muito repentino, rápido. Eles atiraram sem ter alvo, foram mais de 50 tiros. Peguei meu filho e corri. Quando cheguei lá e vi, parecia cena de terror. Vi o Danielzinho no chão. Era muito sangue. Ele já não respondia mais, já não estava mais respirando".