Acusados de formar grupo de extermínio em Fortaleza e matar dono de madeireira são absolvidos quase 20 anos após o crime

A defesa afirma que "as provas eram frágeis". O grupo foi alvo em 2008 da 'Operação Companhia do Extermínio'

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: Os quatro acusados que sentaram no banco dos réus na última sexta-feira (28) foram absolvidos
Foto: Kid Júnior

Quatro acusados de formar um grupo de extermínio que agia em Fortaleza há quase 20 anos foram absolvidos. Prestes a completar duas décadas da morte do dono de uma madeireira, os réus foram inocentados por decisão dos jurados populares.

Na última sexta-feira (28), sentaram no banco dos réus: Sílvio Pereira do Vale, o 'Pé de Pato', Rogério do Carmo Abreu, o 'Cara de Boi', Pedro Cláudio Duarte Pena, o 'Cabo Pena' (policial militar na época do assassinato) e Paulo César Lima de Souza, o 'Paulão'.

Durante o julgamento, o próprio Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu as absolvições dos denunciados pela morte do empresário Carlos dos Santos Marques. Firmino Teles de Menezes anteriormente foi condenado pelo crime, apontado como mandante do homicídio.

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O advogado Erlon Moura esteve à frente da defesa de Paulo César e disse que "ao longo de 20 anos não foi possível provar nada na instrução processual. Em plenário ficou bem explicado que os acusados não participaram do delito".

"As provas eram frágeis e uma investigação direcionada a quatro homicídios. Escutas telefônicas feitas anos depois dos delitos"
Advogado Erlon Moura

As defesas dos outros réus não foram localizadas pela reportagem.

LITÍGIO COMERCIAL GEROU SÉRIE DE MORTES

Firmino e Carlos dos Santos eram sócios em uma madeireira. Segundo narram as denúncias do MP, o grupo de extermínio foi criado quando eles romperam a sociedade, dando início aos processos na área judicial.

O litígio comercial se transformou em uma intriga pessoal entre a dupla. Demais vítimas supostamente assassinadas pelo grupo de extermínio eram ex-funcionários da empresa e passaram a atuar como testemunhas a favor de Carlos.

Em 2008, foi deflagrada a 'Operação Companhia do Extermínio'.

No mesmo ano em que a 'Operação Cia do Extermínio' foi deflagrada, o Diário do Nordeste noticiou que a Polícia Civil do Ceará designou uma força-tarefa para investigar uma rede de crimes relacionados que teriam ocorrido no Parque São José, Vila Manoel Sátiro, Vila Pery e Parque Santa Rosa.

Investigação aponta que o primeiro assassinato do grupo foi contra Francisco Tomé Filho. Ele foi executado com vários tiros de pistola, no dia 10 de dezembro de 2004, em uma churrascaria no bairro João XXIII.

A segunda morte foi de Carlos dos Santos, em maio de 2005, no bairro Serrinha: "a forma como foi praticado o delito aponta claramente para um crime de execução. Dois homens com capacete em uma moto, os quais se aproximaram do carro da vítima e sem que houvesse qualquer conversa ou discussão foi logo efetuando os disparos à queima-roupa. Nada foi roubado", segundo a denúncia do MP, enviada ao judiciário no ano de 2016.

Já o terceiro crime aconteceu na manhã do dia 25 de agosto de 2006, na Avenida Carneiro de Mendonça, no bairro Jóquei Clube. A vítima era Gilberto Soares Duarte, morta por saber de um acordo entre os empresários e ex-funcionário da madeireira.

JULGAMENTOS ANTERIORES

No ano de 2012, Sílvio 'pé-de pato' foi sentenciado a pena de 14 anos de reclusão pelo Conselho de Sentença do Segundo Tribunal do Júri Popular de Fortaleza. Os jurados reconheceram que o réu praticou homicídio duplamente qualificado contra o ex-presidiário Lenimberg Rocha Clarindo. 

Em 2023 houve o júri pela morte de Gilberto. Nessa ocasião, Sílvio Pereira e Rogério do Carmo foram condenados a 16 anos e quatro meses de prisão, cada, e Paulo César foi absolvido.

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