Extermínio: réus condenados

Escrito por Redação ,
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O comerciante Firmino Teles e três seguranças foram sentenciados com penas que variaram de 16 a 17 anos de prisão

Após dez horas e meia de sessão, o Quinto Tribunal do Júri Popular da Capital decidiu, ontem, condenar quatro dos sete réus acusados de integrar um grupo de extermínio responsável pela morte do comerciante Luiz Miguel Neto. A sentença foi proferida pelo juiz de Direito, Jucid Peixoto do Amaral, por volta das 19h30. O empresário Firmino Teles de Menezes, ex-sócio da vítima e apontado no processo como o mandante do crime, foi condenado a 17 anos de prisão em regime fechado.

Também receberam pena equivalente (17 anos) os seguranças Rogério do Carmo Abreu e Paulo César Lima de Souza, o ‘Paulão’, denunciados no processo como sendo os autores materiais da execução. Já o segurança Claudenor Ribeiro Alexandre, o ‘Nonô’, foi sentenciado a 16 anos de cadeia. Ele figura como sendo o fornecedor das armas para o grupo.

Adiado

O quinto acusado do crime, que deveria ser julgado ontem, o pistoleiro Sílvio Pereira do Vale Silva, o ‘Pé-de-Pato’, sentará no banco dos réus na próxima segunda-feira (8). Seu julgamento foi adiado a pedido dos advogados de defesa. Já outros dois pronunciados pelo mesmo caso, Valdemar Gomes Cirino Filho (funcionário do Fórum Clóvis Beviláqua e acusado de fornecer à quadrilha informações privilegiadas sobre o caso) e o cabo PM Pedro Cláudio Duarte Pena recorreram contra a pronúncia (ato que autoriza o réu ir a julgamento) e aguardam decisão da Justiça.

“Quero ressaltar o importante trabalho realizado pela força-tarefa da Polícia Civil, dos delegados que, com muita coragem e dedicação, realizaram uma investigação hercúlea, conseguindo elementos importantes, como as escutas telefônicas, para o processo.”

A declaração foi dada ao Diário do Nordeste, ao fim do julgamento, pelo promotor de Justiça Walter Pinto Filho, que representou o Ministério Público no processo. Ele fez questão de citar os nomes dos delegados Alexandra Medeiros (coordenadora da força-tarefa), Paulo André Cavalcante e Fábio Facó, como responsáveis pelo êxito nas investigações que culminaram na identificação e desarticulação do grupo acusado da morte do comerciante.

Walter Pinto ressaltou ainda que os quatro réus foram condenados por crime de homicídio duplamente qualificado, pela torpeza e através de surpresa (o que impediu a vítima de esboçar gesto de defesa).

Já os advogados dos quatro réus sustentaram unicamente a tese de negativa de autoria, isto é, tentaram provar que eles não se envolveram, de forma alguma, no assassinato.

O crime teve como motivo uma rixa criada entre Firmino Teles e seu ex-sócio, Miguel Luiz Neto, logo após a dissolução da sociedade. Ambos haviam se envolvido numa parceria comercial no ramo de madeireira. Com a dissolução da sociedade, Firmino teria contraído uma grande dívida junto ao ex-parceiro comercial. A briga entre eles foi parar na Justiça (Cível), onde Firmino perdeu e acabou tendo prisão preventiva decretada pelo crime de depositário infiel.

Assassinatos

A morte de Luiz Miguel Neto deu prosseguimento a uma seqüência de assassinatos. O comerciante foi a quarta pessoa morta por conta da briga com o ex-sócio. Na tarde de 27 de abril do ano passado ele dirigia seu veículo quando foi atacado por dois pistoleiros numa moto. O crime ocorreu na esquina das avenidas Carneiro de Mendonça e Rio Grande do Sul, no bairro Jóquei Clube.

Com a formação de uma força-tarefa da Polícia Civil, por determinação do secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro, descortinou-se uma série de crimes de vingança e de ‘encomenda’ praticada pelo grupo de extermínio.

As investigações permitiram à Polícia esclarecer, pelo menos 11 assassinatos, cujas vítimas foram empresários, comerciantes, autônomos, ex-presidiários e homicidas.

Fernando Ribeiro
Editor

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