PM suspeito de agredir a ex-namorada no Interior do Ceará é solto em audiência de custódia

Vítima afirmou à Polícia que sofreu dois socos no rosto do ex-namorado. O policial militar alegou que se defendeu de agressões cometidas pela mulher

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Redação producaodiario@svm.com.br
A atitude de policial militar é investigada em âmbito administrativo na Controladoria Geral de Disciplina
Legenda: A atitude de policial militar é investigada em âmbito administrativo na Controladoria Geral de Disciplina
Foto: Fabiane de Paula

O soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Haslley Passos da Silva, preso na última segunda-feira (31) por suspeita de agredir a ex-namorada, no Município de Capistrano (que fica a cerca de 100 km de distância de Fortaleza), no Interior do Ceará, foi solto pela Justiça Estadual, em audiência de custódia realizada na última terça (1º). O suspeito alegou à Polícia que se defendeu de agressões cometidas pela mulher.

O juiz Francisco Eduardo Girão Braga, do 3º Núcleo Regional de Custódia e das Garantias (Quixadá), considerou, na decisão, que "a prisão deve ser utilizada como último recurso de modo que, neste caso, impende que se lance mão primeiro das medidas cautelares diversas da prisão".

Conforme a decisão, as medidas cautelares devem "ser aplicadas à vista da necessidade de assegurar, tal como o faz a prisão preventiva, a aplicação da lei penal, a investigação e a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais".

Entre as medidas cautelares imposta pela Justiça ao soldado Haslley Passos, por um prazo de 6 meses, estão a proibição de contato com a vítima e de acesso à residência ou ao trabalho na mesma e suspensão da posse e restrição do porte de armas de fogo.

Confira as medidas cautelares aplicadas ao suspeito:

  • Comparecimento ao Juízo em que reside, mensalmente, ocasião na qual deverá sempre informar e justificar suas atividades;
  • Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, especificamente a residência e o local de trabalho da vítima;
  • Proibição de manter contato com a vítima, seja presencial ou virtual, com distância mínima de 200 metros;
  • Pproibição de ausentar-se da Comarca por mais de oito dias ou mudar de endereço até o fim do processo;
  • Obrigação de manter atualizado endereço e o número de telefone;
  • Comparecimento a todos os atos do processo;
  • Suspensão da posse e restrição do porte de armas.

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O que disse a vítima

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a Polícia Militar recebeu informações de que o soldado Haslley Passos da Silva agrediu a ex-companheira com socos no rosto, em Capistrano, e depois fugiu para a sua residência, em Itapiúna. Os policiais militares se direcionaram ao local e conduziram o suspeito até uma delegacia da Polícia Civil do Ceará (PCCE), na madrugada de segunda-feira (31).

A vítima afirmou à Polícia que tentava terminar o namoro com o PM há mais de um mês, até que decidiu dar fim à relação no último sábado (29). No domingo, a jovem saiu com amigos para um bar e começou a receber ligações do militar, mas não as atendeu. O policial descobriu onde a ex-namorada estava e foi para o local.

Segundo a vítima, o PM tentou conversar com ela no bar, mas a mulher não se sentiu à vontade e saiu do estabelecimento. A mulher se dirigia para o seu carro, quando foi seguida pelo suspeito, que a chamou. Ela parou e disse que não queria conversar. Haslley insistiu, e a mulher negou de novo. 

Depois disso, o militar teria dado dois socos no rosto da ex-namorada e a trancado no veículo. A vítima começou a gritar, outras pessoas se aproximaram do carro, e o policial saiu do automóvel e fugiu. Peritos que atenderam a vítima constataram lesões no lábio e no supercílio esquerdo, além de hematomas em um braço.

Poucas horas após a denúncia, a Polícia Civil remeteu o inquérito para o Poder Judiciário com o indiciamento de Haslley Passos da Silva por lesão corporal em contexto de violência doméstica.

A Polícia Militar do Ceará confirmou, por nota, que "conduziu à Delegacia de Polícia Civil um soldado da corporação por violência doméstica contra a namorada. O militar foi abordado na casa dele, em Itapiúna, após a denúncia na Delegacia Regional de Baturité".

"Ressaltamos ainda que a PMCE não compactua com desvios de condutas por parte de seus integrantes e repudia qualquer ação que vá de encontro aos valores e deveres da Corporação", completou a Corporação.

Já a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou por nota que "investiga a ocorrência no âmbito administrativo. Ressalta-se que o inquérito policial está sob responsabilidade da Polícia Civil".

O que disse o suspeito

Ao ser interrogado pela Polícia Civil, Haslley Passos da Silva negou ter agredido a ex-namorada e alegou que "apenas se defendeu das agressões dela", segundo o Termo de Interrogatório.

O policial militar confirmou à Polícia que foi até o bar onde a ex-namorada estava, em Capistrano, e que acompanhou a mulher até o carro dela. 

Segundo o PM, ele entrou no automóvel para conversar com a mulher, que começou a gritar e tentou agredi-lo, motivo pelo qual ele se defendeu. O militar sustentou que não deu socos no rosto da ex-namorada nem utilizou arma de fogo para ameaçá-la.

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