Marinha do Brasil pede para usar carro de luxo detido no CE em operação da PF que tem como alvos parentes do Marcola

Em 2024, a (FICCO/CE), em ação conjunta com as FICCOs de São Paulo e Santa Catarina, deflagrou a Operação Primma Migratio para desarticular o núcleo gerencial e logístico do PCC relacionado ao jogo do bicho. Outros veículos do mesmo processo já foram autorizados

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Redação seguranca@svm.com.br
(Atualizado às 11:12)
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Legenda: A operação foi deflagrada no primeiro semestre de 2024
Foto: Reprodução/PF

A Marinha do Brasil pediu à Justiça do Ceará para usar um carro de luxo apreendido na Operação Primma Migratio, deflagada pela Polícia Federal, em 2024. A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso ao ofício assinado por um comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará.

Consta no documento que a escola é uma organização militar "que atua na formação de Marinheiros para o Corpo de Praças da Armada, apoiando a defesa da soberania do país na Amazônia Azul" e tem interesse no veículo Toyota Hilux, relacionado ao processo que apura a participação da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), no jogo do bicho.

Dentre os alvos desta operação estão policiais militares e parentes de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola - número 1 da facção criminosa paulista. Em abril do ano passado, o veículo foi apreendido e os investigados presos por liderarem o esquema criminoso de jogo do bicho e lavagem de dinheiro com apostas, que movimentou mais de R$ 300 milhões no Estado.

De acordo com a Marinha, "por ser um dos centros de formação da Marinha do Brasil, possui uma ampla gama de atribuições atreladas à sua atividade-fim. Todavia, existe uma sensível carência de veículos em condições de apoiar as tarefas administrativas desta instituição, comprometendo a celeridade no cumprimento de suas missões".

Outros veículos de luxo apreendidos em decorrência deste mesmo processo já foram autorizados, conforme é estipulado por lei, pelo Judiciário a compor a frota da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO).

No ofício é pedido que a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará, localizada em Fortaleza, no bairro Jacarecanga, seja a fiel depositária do veículo apreendido, "sem contrapartida financeira, servindo-se do veículo em suas missões"

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OPERAÇÃO PRIMMA MIGRATIO

Em 2024, a (FICCO/CE), em ação conjunta com as FICCOs de São Paulo e Santa Catarina, deflagrou a Operação Primma Migratio para desarticular o núcleo gerencial e logístico do PCC relacionado ao jogo do bicho.

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Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva, 36 mandados de busca e apreensão em endereços nos Estados do Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, além do sequestro de 42 veículos atribuídos aos investigados. 

Na época, a PF divulgou que os mandados foram expedidos pela Vara de Delitos de Organização Criminosa do Ceará e um deles foi inserido na Difusão Vermelha da Interpol (Polícia Internacional), em razão de uma investigada ter residência recente na Argentina.

A investigada se tratava de Francisca Alves da Silva, presa em um condomínio de luxo no Arujá, em São Paulo, esposa de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o 'Marcolinha', e cunhada de 'Marcola'.

Os dois irmãos estão detidos em presídios federais de segurança máxima. Alejandro Juvenal já morou no Ceará, quando comandou um acordo de "pacificação" entre facções. A investigação da Ficco sobre a quadrilha apontou que, mesmo após a prisão do marido, Francisca Alves continuou a comandar uma cédula da facção paulista no Ceará, que se especializou no jogo do bicho.

O sobrinho de 'Marcola', filho de 'Marcolinha' e enteado de Francisca também foi preso, no Município de Itajaí, em Santa Catarina. Leonardo Alexander Ribeiro Herbas Camacho é apontado como um operador do esquema criminoso chefiado pela sua madrasta e como proprietário de uma casa de apostas esportivas na internet - utilizada para a lavagem de dinheiro da facção. Uma loteria que funcionava em Fortaleza também era utilizada para a facção "lavar" dinheiro de origem ilícita.

Também são réus desta ação penal os agentes da Polícia Militar do Ceará (PMCE): tenente da Reserva Remunerada, Robério Nunes de Sousa; e o subtenente da Ativa, Francisco Julienio Lima Vasconcelos.

COMO O ESQUEMA FUNCIONAVA

Para comandar o jogo do bicho e a lavagem de dinheiro da facção no Ceará, Francisca, a 'Pretinha', dividia as decisões do esquema criminoso com dois homens, que também viraram réus na Justiça: o cearense Geomá Pereira de Almeida ficou conhecido dentro do PCC como um especialista na estrutura dos jogos de azar, que voltou de São Paulo para o Ceará para liderar o jogo do bicho da facção; enquanto Menesclau de Araújo Souza Júnior era responsável por coordenar a estrutura de lavagem de dinheiro da quadrilha, com a compra de bens luxuosos e com o uso de uma loteria em Fortaleza, segundo as investigações.

Geomá foi preso no bairro da Mooca, em São Paulo, na posse de cinco veículos de luxo: um Porsche Cayenne, um Toyota Rav4, dois Toyota Corolla e um Volkswagen Jetta. Quatro automóveis foram liberados pela Justiça para incorporar a frota da Ficco, até o julgamento do processo. 

O colegiado de juízes que atua na Vara de Delitos de Organizações Criminosas considerou que "a necessidade de utilização dos veículos automotores requisitado para o trabalho da Delegacia pleiteante comprova o interesse público presente no caso, o que contribuirá ao incremento da frota de veículos da Polícia Federal, sendo eles adequados para operações de campo, serviços de inteligência, deslocamentos urbanos, serviços administrativos, operações táticas e missões de transporte seguro".

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