Uma sequência de ataques foi registrada no começo da manhã desta terça-feira (10), no bairro Jacarecanga, em represália pela morte de uma mulher durante desocupação de um terreno no bairro Carlito Pamplona, ocorrida na madrugada. A vítima foi identificada como Mayane Reis, de 28 anos. Ela foi baleada durante a ação, chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
A desocupação foi conduzida por "seguranças contratados pela empresa privada", conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), pois "pessoas invadiram um terreno privado na região". Em nota, a Fiotex afirma que é proprietária do terreno e "adotou as medidas para cessar a demarcação ilegal". Disse ainda que a ação foi testemunhada por policiais e a equipe da empresa foi "surpreendida por agressores vindos de fora do terreno, arremessando pedras, ateando fogo e realizando disparos contra todos que se encontravam no local e seus arredores".
Como reação pela morte durante a desocupação, foram feitas barricadas na avenida Leste-Oeste, e ônibus foram apedrejados. Protestos seguiram durante a manhã.
Em nota enviada no fim da manhã, a SSPDS informou que, "durante as diligências, três pessoas foram identificadas por equipes da PMCE e foram ouvidas no 34º DP. As investigações serão transferidas para o 1º DP, unidade que dará prosseguimento às investigações para identificar o envolvimento dessas pessoas nos crimes, bem como elucidar os fatos".
Ônibus deixaram de circular
Um dos ônibus teria sido alvo de pedradas ao se deparar com a barricada na avenida. Em nota, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou que "dois veículos da linha 092 foram apedrejados e o outro da linha 114 foi alvo de uma tentativa frustrada de incêndio. Não houve vítimas graves".
"A Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) foi acionada e está presente na região do Pirambu para dar segurança aos usuários dos equipamentos públicos municipais", disse a pasta, no fim da manhã. Linhas que trafegam nas avenidas Leste Oeste e Francisco Sá deixaram de circular durante a manhã.
Batalhão de Choque negocia fim de manifestações
Gerlúcio Vieira, chefe do Batalhão do Choque da Polícia Militar (BPChoque), comentou durante a manhã à Verdinha FM sobre as negociações com os moradores da comunidade Carandiru para finalizar os protestos pela morte. Comércios da região permaneceram fechados e ônibus deixaram de circular na região.
"A gente verificou atos de vandalismo, fechamento de ruas, depredação de patrimônio. Ao chegar no local, nós verificamos a manifestação da comunidade. Tomamos logo a primeira providência de cessar os atos de vandalismo e no segundo momento conversar com a comunidade garantindo que o direito de protestar deles, direito assistido pela constituição, mas que os demais atos não seriam permitidos. A comunidade entendeu. Fez o protesto de forma pacífica", afirmou.
Segundo o chefe do BPChoque, as equipes de segurança vão permanece no local até o fim das manifestações. "Vamos tentar restabelecer essa normalidade para pessoas voltarem às suas atividades".
Veja nota na íntegra da Fiotex
A Fiotex informa que, no final da tarde da última sexta-feira (6), foi oficiada pela Polícia Militar que seu terreno no bairro Carlito Pamplona estava sendo alvo de demarcação irregular. De imediato, ainda no mesmo dia, registrou um boletim de ocorrência no 34º Distrito Policial.
Na madrugada desta terça-feira (10), a empresa adotou as medidas para cessar a demarcação ilegal. Não havia moradores no terreno. A ação foi testemunhada por policiais militares e ocorreu de forma pacífica por quase duas horas.
A equipe foi surpreendida por agressores vindos de fora do terreno, arremessando pedras, ateando fogo e realizando disparos contra todos que se encontravam no local e seus arredores.
O trator utilizado na ação foi destruído e incendiado, e dois colaboradores ficaram feridos e levados para um hospital particular.
A Fiotex não compactua com atos de violência. A empresa está à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações e se solidariza com a família da vendedora Mayane Lima e com todas as outras vítimas.
A empresa é proprietária do terreno há mais de 20 anos. O imóvel está registrado na matrícula 3507 do Cartório da terceira zona.