Reunião da Executiva nacional do PDT reúne comitivas de pedetistas aliados a Cid e a Figueiredo
No Rio de Janeiro, o encontro deve discutir o impasse vivido pelo diretório estadual do partido no Ceará
O impasse do PDT no Ceará terá, nesta sexta-feira (27), um novo capítulo, dessa vez no Rio de Janeiro. Os integrantes da Executiva nacional do PDT foram convocados para encontro na Sede Nacional da Fundação Leonel Brizola, a partir das 14 horas, tendo como pauta principal a situação do diretório estadual do PDT no Ceará.
Dividido em duas alas, os pedetistas cearenses viajaram até a capital carioca para defender suas respectivas teses. Uma queda de braço entre o deputado federal André Figueiredo (PDT) e o senador Cid Gomes (PDT) pelo comando do PDT Ceará tem marcado os últimos meses do partido.
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Atual presidente nacional do PDT, André Figueiredo foi retirado do comando estadual no último dia 16 — em decisão confirmada pela Justiça no dia 18 de outubro. Do lado dele, devem participar do encontro o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT).
Comitiva formada pelos deputados estaduais Antônio Henrique (PDT) e Cláudio Pinho (PDT) e os vereadores de Fortaleza, Adail Júnior (PDT), Iraguassu Filho (PDT) e Raimundo Filho (PDT). Antes do encontro da Executiva nacional, eles fizeram um encontro para alinhar estratégias.
Do lado de Cid Gomes, que atualmente ocupa a presidência do PDT Ceará, a comitiva é formada por deputados estaduais e federais. Estão no Rio de Janeiro, os federais Eduardo Bismarck (PDT), Mauro Filho (PDT) e Leônidas Cristino (PDT).
Enquanto dos estaduais, participam Guilherme Landim (PDT), Jeová Mota (PDT), Lia Gomes (PDT), Marcos Sobreira (PDT), Osmar Baquit (PDT), Romeu Aldigueri (PDT), Salmito Filho (PDT) e Guilherme Bismarck (PDT).
Do lado cidista, o líder da bancada cearense no Congresso Nacional, Eduardo Bismarck considera que eventual intervenção da Executiva nacional no Ceará será "arbitrária, anti democrática e uma agressão aos membros do diretório". "Para intervir, não é só votar. Tem que abrir um processo, vai ter que dar oportunidade de nos defendermos", disse.
Aliado a Figueiredo, o vereador Adail Júnior disse que, na sua avaliação, é preciso "tirar o comando do Ceará (de Cid Gomes) e ir para a nacional".
Encontro entre Cid e Ciro
Integrantes da Executiva nacional do PDT, os irmãos Cid e Ciro Gomes devem participar presencialmente da reunião desta sexta-feira, mas em lados opostos da disputa pelo comando do PDT Ceará.
Enquanto Cid encabeça os pedetistas que querem recompor a aliança com o PT no Ceará e permanecem aliados ao governador Elmano de Freitas (PT) e ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT), Ciro Gomes tem se mantido ao lado de Figueiredo e de Roberto Cláudio, que defendem a oposição à gestão estadual.
Em entrevista exclusiva a Live PontoPoder no último dia 21 de outubro, Cid disse que não fala com Ciro desde agosto de 2022 — os dois romperam durante a campanha eleitoral do ano passado, quando defenderam teses diferentes para a disputa pelo Palácio da Abolição.
"Eu jamais desejaria brigar com o Ciro, mas ele brigou comigo. Eu fiz tudo e, para mim, foi um grande sacrifício, não tenha dúvida disso. (...) E tive que me abster daquela eleição, que era importante. Então, se eu soubesse que a consequência ia ser essa, eu teria tomado partido, mesmo que isso significasse brigar com o Ciro", afirmou o senador.
Entenda impasse do PDT Ceará
Apesar da crise interna do PDT no Ceará se arrastar desde a campanha eleitoral de 2022, a nova escalada na tensão dentro do partido ocorreu após o diretório estadual, sob o comando de Cid Gomes, conceder, em agosto, carta de anuência para a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão.
A autorização foi contestada pela Executiva nacional, sob comando de Figueiredo, e judicializada tanto na esfera cível como na eleitoral.
Em setembro, reunião convocada por Cid Gomes contou com a presença de Figueiredo e aliados. Na ocasião, a inclusão da pauta sobre o apoio do PDT ao Governo Elmano de Freitas chegou a ser cogitada, mas acabou sendo retirada a pedido de Figueiredo. Apesar disso, houve bate-boca entre integrantes das duas alas do PDT e Figueiredo, junto a aliados, acabaram deixando a reunião antes do fim.
Três dias depois, no dia 29 de setembro, Figueiredo anunciou o retorno da licença e a deposição de Cid Gomes do comando do PDT Ceará. Na ocasião, os dois trocaram acusações sobre quebra de acordo. André Figueiredo afirmava que o senador havia descumprido partes dos acordos feitos para assumir a presidência do diretório estadual — citando a carta de anuência a Evandro Leitão e eventual discussão sobre apoio à gestão estadual.
Já Cid afirma que o único acordo feito foi que ele ficaria na presidência até dezembro e, na sequência, apoiaria Figueiredo na eleição para um novo mandato na Executiva estadual. O senador disse que quem descumpriu o acordo foi o deputado federal.
Em resposta a destituição da presidência do PDT, Cid e aliados convocaram uma reunião do diretório estadual para eleição de nova Executiva. Um dia antes da publicação da convocação, no entanto, Figueiredo inativou o diretório estadual e foi criada comissão provisória no lugar.
A primeira decisão judicial sobre a presidência do PDT veio poucos dias depois. No dia 10 de outubro, tanto a Justiça cível como a eleitoral derrubaram o ato, restituíram os mandatos dos integrantes do diretório e desfizeram a comissão provisória. Com isso, a convocação para eleição na última segunda-feira foi restabelecida e o senador Cid Gomes foi eleito como presidente estadual, mas acabou tendo os efeitos suspensos minutos após o anúncio da escolha, retornando o comando para Figueiredo.
O recurso apresentado por Cid Gomes nesta terça-feira teve resposta judicial, com a revogação da liminar e o restabelecimento da validade tanto do edital de convocação como dos efeitos da reunião extraordinária, o que possibilitou que o senador assumisse o comando do diretório estadual do PDT no Ceará.