PDT tem semana decisiva que pode selar o futuro da ala do partido liderada por Cid Gomes
Duas reuniões avaliam intervenção feita pela Executiva Nacional no PDT Ceará que resultou na destituição do senador Cid Gomes do comando da sigla no Estado
Sem folga da crise interna na sigla que já se arrasta desde a pré-campanha do ano passado, o PDT promete mergulhar em uma semana decisiva para a ala majoritária da legenda no Ceará. O grupo, que tem reunião marcada para a próxima quinta-feira (9), sofreu um duro revés no último dia 27 de outubro, quando a Executiva Nacional aprovou a abertura de uma intervenção no diretório estadual que pode destituir o senador Cid Gomes (PDT) da presidência da sigla.
Para esta semana, duas reuniões estão marcadas por alas distintas do pedetismo. Nesta quarta-feira (8), a Executiva Nacional terá novo encontro, desta vez na sede do partido em Brasília, às 18 horas, para apreciar o relatório da Comissão de Ética do partido sobre a decisão de intervir na cúpula cearense.
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Já no dia seguinte, será a vez de Cid Gomes e seus aliados se reunirem em Fortaleza. O encontro será na sede do PDT Ceará, no Meireles, a partir das 17 horas. Em pauta, os pedetistas aliados de Cid devem avaliar a decisão do PDT Nacional de intervir no diretório do Ceará.
A reunião foi convocada pelo senador Cid Gomes como presidente estadual do partido, função que, oficialmente, ele pode perder a qualquer momento, já que a intervenção abriu caminho para o comando do diretório cearense ficar nas mãos de uma comissão provisória.
TROCA DE COMANDO
Os encontros ocorrem para repercutir justamente essa decisão e em meio a ameaças de Cid e de seus aliados de deixarem o partido. Para pedetistas de ambas as alas, a reunião de 27 de outubro inviabilizou qualquer possibilidade de acordo. Nela, Ciro Gomes disparou duras críticas contra Cid e seus aliados, incluindo deputados federais e estaduais. Inclusive, partiu do ex-ministro a proposta de intervenção que destituiu Cid, seu irmão.
“Ciro sugere que a única forma de conciliação seria a nacional estabelecer uma dinâmica e intervir com uma comissão executiva mista no diretório pedetista do Estado do Ceará”, narra a ata do encontro indicando, pela primeira vez, a proposta de intervenção.
O bate-cabeça entre os irmãos não é recente. Em entrevista exclusiva para a live PontoPoder no último dia 21 de outubro, Cid disse que não fala com Ciro desde agosto de 2022.
"Eu jamais desejaria brigar com o Ciro, mas ele brigou comigo. Eu fiz tudo e, para mim, foi um grande sacrifício, não tenha dúvida disso. (...) E tive que me abster daquela eleição, que era importante. Então, se eu soubesse que a consequência ia ser essa, eu teria tomado partido, mesmo que isso significasse brigar com o Ciro", afirmou o senador.
Após a abertura do processo de destituição do comando do PDT Ceará, Cid reagiu e, na última segunda-feira (30), classificou a decisão como “ilegal”. Ainda na própria reunião, no Rio de Janeiro, o pedetista disse que “sairia (do PDT), assim como entrou, pela porta da frente”, conforme relatos de correligionários. Parlamentares da ala de Cid também reforçam a ameaça.
ENTENDA A CRISE
O clima interno no partido é de guerra e a proposta de intervenção foi acatada após uma longa queda de braço da ala liderada pelo senador Cid Gomes e do outro grupo, sob comando de Ciro.
Os irmãos divergiram ainda no ano passado sobre a candidatura pedetista para o Governo do Ceará. Cid defendia uma chapa liderada pela então governadora Izolda Cela (sem partido), já Ciro articulou a candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que acabou derrotado nas urnas.
Soma-se a isso o impasse pedetista sobre embarcar oficialmente no Governo Elmano ou fazer oposição ao chefe do Executivo estadual. Em junho deste ano, o tensionamento chegou a um novo capítulo quando Cid Gomes, incentivado por seus aliados, passou a investir para tornar-se presidente do PDT Ceará.
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Ele até conseguiu chegar ao cargo após um acordo com o presidente estadual e nacional interino do PDT, o deputado federal cearense André Figueiredo. Contudo, sob o comando de Cid, a sigla no Ceará autorizou a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PDT).
Mais que deixar o partido, o parlamentar é cotado para disputar a Prefeitura de Fortaleza em alguma chapa que faça oposição ao prefeito José Sarto (PDT). A carta de anuência abriu uma nova frente da crise na legenda a ponto de o comando da sigla no Estado ser retomado por Figueiredo.
Em resposta, Cid e seus aliados convocaram o diretório e elegeram uma nova Executiva, com o senador no comando do partido no Ceará. A reação dos aliados de Ciro ocorreu justamente na reunião do último dia 27 de outubro, que decidiu pela intervenção no Estado e agora passará por análise em Brasília nesta quarta-feira, véspera do encontro de Cid com aliados.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do senador não confirmou se ele estará no encontro da Executiva Nacional, mas reafirmou a reunião prevista para quinta-feira no Ceará.