PDT atua para evitar visita de Lula em convenção de Evandro: “Será uma decepção grande”
A legenda compõe o arco de alianças do presidente a nível nacional
O PDT nacional tem articulado conversas com lideranças do PT em Brasília para evitar que o presidente Lula (PT) compareça ao lançamento da candidatura do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PT), à Prefeitura de Fortaleza. Para pedetistas, o chefe do Poder Executivo Federal deve ficar de fora das disputas locais, para não causa mal-estar com seu arco de alianças no Congresso Nacional.
Veja também
Apesar de serem rompidas na Capital, as duas legendas são aliadas nacionalmente. Presidente interino do PDT Nacional e líder da maioria na Câmara dos Deputados, André Figueiredo disse que "será uma decepção grande" a vinda do presidente. A declaração ocorre em meio à pressão de aliados de Leitão para garantir a presença de Lula já na convenção partidária, que deve ocorrer até o dia 5 de agosto.
"Tão alardeando que ele vem para convenção (do Evandro). (...) A gente espera que ele não venha, se ele vier, é uma questão a ser avaliada posteriormente. Não será motivo de uma ruptura por conta disso, mas será uma decepção grande. Eu acredito que ele não venha, mas a gente não sabe o grau de pressão que ele vai sofrer para poder vir"
Em contraponto a André Figueiredo, o presidente do PT Ceará, Antônio Filho, o Conin, defende a vinda de Lula dada a importância de Fortaleza na estratégia nacional do PT.
"Nós apresentamos a demanda, essa demanda tem o respaldo, o aval, do governador Elmano, do ministro Camilo, do líder do Governo, deputado José Guimarães, da direção estadual, da direção municipal, mas cabe ao presidente Lula decidir. Nossa expectativa é que ele venha, ou para convenção ou para outro momento da campanha. Mas não recebemos nenhuma confirmação ainda. Vamos aguardar e acatar o que presidente Lula decidir"
A expectativa é que a convenção para oficializar o nome de Evandro Leitão ao pleito deste ano ocorra às vésperas do fim do prazo, no fim de semana do dia 3 e 4 de agosto. Já a convenção pedetista para confirmar o nome do prefeito José Sarto à reeleição deve ocorrer no próximo domingo (28).
Declarações dos líderes
No dia 20 de junho, em entrevista à Verdinha, Lula informou que deve levar em consideração quem são os adversários nas cidades para entrar na campanha petista.
"O papel do presidente da República é um papel que exige mais cuidado e mais responsabilidade. Eu tenho que levar em conta que eu, embora pertença a um partido político, eu tenho uma base de apoio no Congresso Nacional que extrapola o meu partido político. Então, eu tenho que levar em conta se nas cidades esses partidos que me apoiam estão disputando, eu tenho que levar em conta quem são os adversários… E aí, naquele que o adversário for um adversário ideológico, um adversário dos negacionistas, você pode ter certeza de que eu vou fazer campanha", ressaltou o mandatário à época.
"Eu vou fazer campanha para os candidatos que eu acho que vão melhorar a vida do povo. Mas com muito cuidado, porque eu também não posso ser pego de surpresa e depois ter um revés no Congresso Nacional de descontentamento", complementou.
Veja também
Dias depois, em 24 de junho, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), disse esperar que o presidente "não vá em palanque" durante a eleição pelo Paço Municipal.
"Aí em Fortaleza, no Ceará, como um todo, temos uma realidade muito difícil, uma briga interna muito grande entre PT e PDT. Nós vamos ter o atual prefeito Sarto como candidato à reeleição, o PT provavelmente terá o seu candidato, e o que eu espero é que o presidente Lula não vá em um palanque porque significa acirrar mais os ânimos. Aí a luta deve ser local, como deve ser uma luta pela prefeitura", reforçou Lupi à época.
Apesar das declarações, nenhum martelo foi batido, até o momento, pelo presidente Lula sobre a entrada na campanha em Fortaleza. Em paralelo, lideranças de ambos os partidos continuam tentando puxar o mandatário cada uma para o seu lado.