Morre embaixador Marcos Azambuja, aos 90 anos, no Rio de Janeiro: 'Mundo ficou menos inteligente'
Ao longo das décadas na diplomacia, o profissional conciliou a carreira com a intensa atividade acadêmica e literária
O embaixador Marcos Azambuja faleceu aos 90 anos, nessa quarta-feira (28), no Rio de Janeiro. O Ministério das Relações Exteriores lamentou o falecimento. Ele deixa esposa e dois filhos, além de um círculo grande de amigos e de admiradores. Em nota, o Itamaraty se solidarizou com a perda.
"O ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, e a secretária-geral das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, em nome do Itamaraty, expressam à família e aos muitos amigos e amigas do embaixador Marcos Castrioto de Azambuja as mais sentidas condolências."
Ao longo das décadas na diplomacia, Marcos Azambuja conciliou a carreira com a intensa atividade acadêmica e literária, integrado os quadros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Conselho Brasileiro de Relações Exteriores (CEBRI).
Esse último também divulgou um comunicado lamentando a partida do profissional.
"Marcos Azambuja foi um dos diplomatas mais completos de sua geração. Teve atuação destacada em questões multilaterais, como desarmamento e meio ambiente, e deixou uma marca singular nos postos que chefiou, Buenos Aires e Paris. Tinha uma capacidade única de explicar as questões diplomáticas com clareza, precisão e mesmo humor. Seus textos escritos com elegância e fluidez sempre traziam um toque inovador."
Com sua partida, o mundo ficou menos inteligente, menos divertido e menos sábio. Para o CEBRI, é uma perda irreparável, pois o Embaixador era um colaborador atuante desde a sua fundação."
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Carreira como diplomata
Nascido na capital fluminense em 9 de fevereiro de 1935, o profissional ingressou em 1956 no Instituto Rio Branco, academia diplomática brasileira responsável pelo recrutamento, formação e aperfeiçoamento de funcionários da carreira de diplomata.
Como embaixador, Marcos Azambuja serviu na Missão do Brasil em Nova York (1959-1963), na Embaixada do Brasil no México (1963-1966), na Embaixada em Londres (1969-1972) e na Embaixada em Buenos Aires (1972-1973).
Em 1978, foi promovido a Ministro de Primeira Classe, chefiando a Delegação do Brasil para Assuntos de Desarmamento e Direitos Humanos em Genebra (1989-1990) e as Embaixadas do Brasil na Argentina (1992-1997) e na França (1997-2003).
No Itamaraty, Marcos Azambuja desempenhou, ainda, a função de Secretário-Geral (1990-1992), segundo cargo mais importante na hierarquia do Ministério.
Também participou destacadamente em órgãos governamentais como a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE) e o Conselho da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).
Ele também foi coordenador da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92).