Legislativo Judiciário Executivo

Mauro Cid vendeu relógio rolex e entregou dinheiro a 'Bolsonaro ou Michelle', diz advogado

Desde que assumiu a defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cezar Bittencourt defende a tese de que ele cumpria ordens "ilegais e injustas"

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Mauro Cid na CPMI do 8 de janeiro, no Senado
Legenda: Cid está preso desde maio por conta de suposto envolvimento no esquema ilegal de falsificação de cartões de vacina
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, afirmou que o tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de Jair Bolsonaro (PL) vendeu somente um relógio a pedido de Bolsonaro, e não várias joias milionárias que chegavam à Presidência da República. Bolsonaro teria dito 'resolve esse problema' e Cid procedeu para a venda do item, "como um bom militar e assessor", e teria entregue o dinheiro ao ex-Chefe do Executivo ou à ex-primeira-dama. 

As declarações foram dadas pelo advogado em entrevista à GloboNews na tarde desta sexta-feira (18), após uma série de ruídos serem gerados por uma matéria veiculada pela Veja nessa quinta-feira (17), onde Bittencourt teria dito que Mauro Cid confessaria às autoridades que vendeu joias milionárias a mando do ex-presidente.

Apesar destas declarações, Bittencourt comentou que "não vê que Cid está dedurando Bolsonaro". O depoimento, segundo a defesa, está marcado para a próxima semana, entre segunda e terça, e será para "esclarecer" fatos e não "confessar". 

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Antes da entrevista na GloboNews, Cid mandou mensagem ao Estadão em que disse: "Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja, não se falou em joias". Conforme o ex-ajudante de Bolsonaro esclareceu na entrevista desta tarde, "Cid vai falar apenas sobre relógio".

"Falei só do relógio. Esse é o aspecto. Cid resolveu o problema do rolex, vendeu e mandou parte do dinheiro para conta do pai [general da Reserva Mauro César Lourena Cid]. Quando ele chegou em Brasília transferiu 'para quem tem direito'". Segundo o advogado, o dinheiro foi entregue a "Bolsonaro ou à primeira-dama".  

Cid cumpria ordens 'ilegais e injustas', conforme defesa 

 Nessa quinta, o advogado falou também sobre as joias: "A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro". "Mas o dinheiro era do Bolsonaro", prosseguiu ele, em sua tese de defesa de Mauro. 

"Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa", disse o advogado à GloboNews. 

Bitencourt assumiu a defesa de Cid na última terça-feira (15). Um dia depois, ele já dava indícios de que a linha de defesa seria mostrar que o tenente-coronel apenas cumpria ordens, mesmo "ilegais e injustas".

Operação da PF 

A Polícia Federal (PF) cumpriu no último dia 11 de agosto mandados de busca e apreensão no caso das joias. Entre os alvos da operação estava Mauro Cid, já preso desde maio durante a operação do esquema ilegal de falsificação de cartões de vacina.

Também estão envolvidos no desvio das joias o pai do tenente-coronel, o general da Reserva Mauro César Lourena Cid, o segundo-tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. A corporação estima que o esquema tenha rendido R$ 1 milhão.

 

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