Mauro Cid pagou 86 mil dólares a Bolsonaro por venda de relógios de luxo e kit de joias, aponta delação

O documento foi acessado pelo jornal O Globo. A quebra do sigilo do acordo de delação premiada foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes

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Redação producaodiario@svm.com.br
Bolsonaro e Mauro Cid caminham
Legenda: Mauro Cid era o ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato à frente da Presidência da República
Foto: Alan Santos/PR

O tenente-coronel Mauro Cid contou à Polícia que entregou US$ 86 mil — o equivalente a R$ 489.967,80 na cotação atual — em espécie, de maneira parcelada, para Jair Bolsonaro (PL), após vender relógios de luxo e o kit de joias que o ex-presidente recebeu enquanto representante do Brasil. 

Segundo o jornal O Globo, que teve acesso à delação premiada de Cid após a derrubada do sigilo pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), os pagamentos foram relativos à venda de relógios das marcas Rolex e Patek Philippe para a empresa Precision Watches, no valor de US$ 68 mil, e à venda de um kit de joias Chopard para uma loja de Miami, na Flórida, por US$ 18 mil.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que entregou o dinheiro a Bolsonaro de maneira fracionada e em espécie, na medida em que algum conhecido viajava dos Estados Unidos para o Brasil. Uma dessas parcelas teria sido paga, inclusive, durante uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Quebra de sigilo

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, derrubou o sigilo do acordo de delação premiada firmado no ano passado entre a Polícia Federal e o tenente-coronel Mauro Cid. Na decisão, ele deu o prazo de 15 dias para que os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nessa terça-feira (18) apresentem, por escrito, suas defesas.

"No presente momento processual, uma vez oferecida a denúncia pelo procurador-geral da República, para garantia do contraditório e da ampla defesa [...] não há mais necessidade da manutenção desse sigilo, devendo ser garantido aos denunciados e aos seus advogados total e amplo acesso a todos os termos da colaboração premiada", escreveu o ministro.