Legislativo Judiciário Executivo

Mãe de Luciano Hang teve declaração de óbito fraudada na Prevent Senior

Médicos indicam que operadora de saúde teria omitido que Regina Hang morreu em decorrência da Covid-19

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Luciano Hang e mãe Regina Hang
Legenda: Profissionais da saúde também contrariam a afirmação do empresário de que a mãe não usou o tratamento precoce antes ser internada em uma unidade hospitalar
Foto: reprodução

O documento elaborado por 15 médicos que afirmam ter trabalhado para a operadora de saúde Prevent Senior, entregue à CPI da Covid-19, indica que a declaração de óbito da mãe do empresário Luciano Hang, Regina Hang, "foi fraudada".

As supostas irregularidades em procedimentos da Prevent Senior foram reveladas pela GloboNews. A reportagem também teve acesso ao material entregue à CPI. 

O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta quarta-feira (22) que o empreendedor "tinha condições de levar a sua genitora para a lua, porque tem dinheiro para isso". "Mas leva para a Prevent Senior. E lá, segundo as informações, no atestado de óbito não consta que ela veio a óbito por Covid", declarou Aziz.

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Conforme os profissionais de saúde, a suposta fraude na declaração de óbito da paciente é um dos "inúmeros casos que não foram devidamente noticiados". O relato sobre a mãe do empresário consta no capítulo "Da suposta fraude nas declarações de óbito", do dossiê de mais de 60 páginas.

Dossiê contradiz empresário

Em vídeo publicado nas redes sociais, em 5 de fevereiro, Luciano Hang relatou que a mãe estava assintomática e com "quase 95% do pulmão tomado" quando foi levada ao hospital. Regina Hang foi internada no Hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior, no bairro do Morumbi, em São Paulo.

O dossiê aponta que ela foi internada em 31 de dezembro e morreu em 3 de fevereiro. No prontuário, segundo os médicos, havia informação sobre o início de sintomas, em 23 de dezembro, e adoção de tratamento precoce, com hidroxicloroquina, azitromicina e colchicina antes da entrada na Prevent Senior. Na internação, de acordo com informações dos médicos, ela teria recebido ivermectina e tratamentos experimentais.

No entanto, na legenda do vídeo, o empresário disse que "até ser diagnosticada com Covid-19, eu nunca dei nenhum medicamento para prevenção a minha mãe". Luciano Hang disse que a mãe era cardíaca, tinha diabetes, insuficiência renal, sobrepeso e tomava "20 comprimidos/dia".

"Eu me questiono: será que se eu tivesse feito o tratamento preventivo, eu não teria salvado a minha mãe?", afirmou no vídeo. O empresário é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e incentivador do chamado "tratamento precoce", composto por medicamentos sem eficácia comprovada ou contra-indicados para tratar a doença.

Segundo o dossiê, que cita o vídeo publicado por Hang, a alegação do empresário "não condiz com as informações do prontuário". Segundo os médicos, "o prontuário médico da sra. Regina Hang prova que ela utilizou o kit antes de ser internada e que repetiu o tratamento durante a internação, assim como registram que seu filho, sr Luciano Hang, tinha ciência dos fatos".

"Como outros tantos casos de óbitos na rede Prevent Senior decorrentes da Covid-19 que não foram devidamente informadas às autoridades, a declaração de óbito da sra. Regina Hang foi fraudada ao omitir o real motivo do falecimento", diz o documento.

Procurada, a Prevent Senior reafirmou que não houve fraudes em declarações de óbitos. Diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Junior presta depoimento à CPI nesta quarta-feira e negou que a operadora tenha cometido qualquer irregularidade.

Até a publicação desta matéria, o empresário Luciano Hang ainda não havia se pronunciado sobre assunto. A reportagem do Estadão Conteúdo tentou entrar em contato com ele, mas não obteve sucesso. 

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