Hacker diz que recebeu R$ 40 mil de Carla Zambelli para invadir sistemas do Judiciário
Walter Delgatti prestou depoimento à PF nesta quarta-feira (16)
O hacker Walter Delgatti afirmou em depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira (16), que recebeu R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli para invadir o sistema do poder Judiciário. A informação foi divulgada pelo advogado dele, Ariovaldo Moreira, ao portal g1.
Walter apresentou provas de que recebeu pagamentos de Zambelli, segundo a defesa. "Ele faz provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Foi próximo a R$ 14 mil em depósito bancário. O restante, em espécie. [Para] invadir qualquer sistema do Judiciário", afirmou.
Delgatti é conhecido por hackear trocas de mensagens entre o ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol. Ele foi preso no início de agosto, alvo de operação da Polícia Federal que também cumpriu mandados de busca e apreensão contra Zambelli.
Ao todo, os investigadores cumpriram cinco ordens de busca e apreensão - duas em São Paulo e três no Distrito Federal. Destas, quatro são em endereços ligados à Carla Zambelli.
Veja também
A ação pretende esclarecer a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Ariovaldo afirmou que, no depoimento desta quarta, Delgatti citou mais pessoas envolvidas no caso da invasão. O advogado negou que o hacker estaria fechando acordo de delação premiada com a PF.
Invasão ao sistema do Ministério da Justiça
Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, época em que teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura e um mandado de prisão falso.
Segundo as investigações, Zambelli é suspeita de contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema judicial um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ofício contra Moraes tinha inclusive a frase 'faz o L', uma das frases de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Delgatti deve ser ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques e omissões do dia 8 de janeiro.