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Ex-líder na Câmara, Mesquita diz que teve 'excesso de zelo' com Governo Sarto e foi 'crucificado'

Atual vice-líder do prefeito na CMFor discursou sobre o episódio e refletiu a situação um dia após assumir nova atribuição

Escrito por Bruno Leite , bruno.leite@svm.com.br
Carlos Mesquita
Foto: JL Rosa / CMFor

O vereador Carlos Mesquita (PDT) reclamou, nesta quarta-feira (6), do tratamento dado a ele no contexto do episódio polêmico em que falou sobre o corte de verbas para o Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio). Um dia após ser conduzido para a vice-liderança do Governo Sarto, o ex-líder usou seu tempo na tribuna para dizer que teve um "excesso de zelo" naquela ocasião e foi "crucificado" por assumir tal conduta.

"Teve um problema comigo numa fala que usei para defender excessivamente o Governo Sarto, excesso de zelo, para protegê-lo de uma crítica que poderia chegar a pontos ruins para ele, então eu fui para o calvário e crucificado por isso", relembrou o parlamentar, fazendo referência a eventos bíblicos contados no âmbito da morte de Cristo.

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A fala lembrada por ele, afirmou, teve um efeito contrário no final das contas, apesar das críticas. "Mas cumpri minha missão, 100% até o final. Com isso, ganhamos. Fortaleza e o povo ganhou. Agora o Crio vai receber milhões de reais", atribuiu Mesquita na sessão legislativa. 

O time de líderes que assumiu o desenvolvimento de ações estratégicas no Legislativo conta com o vereador Iraguassú Filho (PDT) na vaga de titular e mais dois vices: os vereadores PP Cell (PSD) e Didi Mangueira (PDT).

Desde que foi anunciada, a nomeação dos parlamentares foi repercutida pelos membros do Plenário Fausto Arruda, que encararam a decisão como uma mudança na condução pensada pela gestão para a CMFor.

Novo líder é 'pedetista histórico'

Integrante da cúpula governista, Didi Mangueira falou sobre a nomeação do agrupamento de quatro vereadores e defendeu que isso não é algo novo, apesar do regimento interno estabelecer que o prefeito deve eleger um líder e apenas dois vices para defender seus interesses e representá-lo.

"Tivemos vários casos de gestões com três vice-líderes. No começo da gestão Sarto, era Gardel (Rolim), Professor Enilson e Luciano Girão. É absolutamente normal", discorreu.

Ele destacou que foi um "acerto" do mandatário destacá-lo junto com seus colegas para a liderança. Na sua leitura, o nome que encabeça a equipe tem um perfil que reúne atributos como o de "estudioso", dono de "bons argumentos", "pedetista histórico" e "orgânico" - de modo que coaduna com as bandeiras partidárias. 

"Com uma bancada dez vereadores, nada mais justo que o líder fosse do PDT. Assim como era o (Carlos) Mesquita, agora o vereador Iraguassú Filho. Acho que fará um grande debate nesta Casa, vai contribuir muito. Ele é bem relacionado com todos e prestará com a gente um grande papel".
Didi Mangueira
Vereador de Fortaleza pelo PDT

Possível 'pacificação'

Adepto de uma postura independente no parlamento, Danilo Lopes (Avante), por sua vez, disse que a nova tônica da função estratégica será adequada para o momento político a ser observado com a proximidade da eleição do ano que vem.

"O vereador Iraguassú, além de ser uma pessoa extremamente educada e pacífica, é de excelente diálogo. Eu acho que um governo que teve algumas turbulências acertou em ter convidado ele para ser o líder aqui na Casa".
Danilo Lopes
Vereador de Fortaleza pelo Avante

Conforme avaliou Lopes, a "pacificação" é algo almejado a partir de agora pelos governistas, depois de um acirramento, que para ele foi causado pelo "apartamento" entre os grupos políticos liderados pelo PDT e PT desde a última disputa eleitoral. 

"Foi muito antecipada a briga política aqui, então, para evitar determinados confrontos, acho que alguém que tem um diálogo como o vereador Iraguassú será mais benéfico para a Câmara Municipal", pontuou.

Líder elogiado pela oposição

Membros da oposição consideraram que o novo ocupante da vaga deixada por Mesquita é o ideal. Um deles foi Dr. Vicente (PT), que disse observar uma postura de moderação no escolhido.

"Acredito que o vereador Iraguassú Filho tem um perfil moderado, conversa, tem diálogo e gosta de conversar com muitas pessoas, embora também tivéssemos o Carlos Mesquita, que é muito responsável como líder e defendia muito".
Dr. Vicente
Vereador de Fortaleza pelo PT

Apesar disso, o petista afirmou que imagina que o diálogo será muito mais aberto durante os meses que virão: "Acho que agora esse líder vai conversar mais com a gente do que o próprio Carlos Mesquita. Penso que ele é um pouco diferente". 

Colega de partido de Vicente, Adriana Almeida (PT) caracterizou a substituição na liderança como "muito complicada".

"Essa questão de ter vindo a troca após aquela fala desastrosa do ex-líder, que colocou em xeque essa questão da Saúde do nosso Município demonstra como é que está a liderança do prefeito aqui na Casa". 
Adriana Almeida
Vereadora de Fortaleza pelo PT

A "dança das cadeiras", para ela, é prejudicial, e reflete a maneira pela qual o Paço Municipal comanda Fortaleza. "O líder que saiu, o Carlos Mesquita, vinha tendo problemas de representatividade com relação ao prefeito por conta do que é essa liderança do prefeito em nossa cidade. Ela se reflete aqui dentro", atribuiu.

Almeida lembrou ainda a indefinição de semanas e a expectativa dos legisladores quanto a escolha do nome pelo prefeito, além do retorno de Didi para o mandato em função do processo em curso. Estes, segundo ela, seriam elementos da crise instalada no grupo governista.

Apesar disso, ela comentou que crê na assunção de Iraguassú. "É uma pessoa muito boa e tranquila. Acredito que talvez vá dar um novo norte. Não sei se nesse momento, pela disputa acirrada. Na Câmara Municipal estamos tendo fortes embates entre a oposição e a base do governo", indicou.

Diálogo com prefeito

Para o vereador Léo Couto (PSB), Iraguassú teria uma "tranquilidade" e que esta pode ser uma característica positiva para liderar. "Desejo-lhe sorte, ciente de que assume a liderança em um cenário desafiador, onde a falta de diálogo é uma preocupação manifestada até mesmo por membros da base governista", alertou. 

"Espero que na sua liderança o prefeito pelo menos lhe receba para tratar das demandas".
Léo Couto
Vereador de Fortaleza pelo PSB

A interpretação é semelhante a da vereadora Adriana Gerônimo (PSOL), que disse ver um descompasso no mandato do gestor municipal, independente da articulação política promovida na CMFor. 

"A situação do prefeito Sarto é quase irreversível. Há muita desorganização, os projetos de lei são enviados para cá em cima da hora... É um destroço tão grande que, por mais boa vontade e organização que os líderes que ele venha a colocar aqui possam ter, é muito difícil defender o Sarto na atual gestão".
Adriana Gerônimo
Vereadora de Fortaleza pelo PSOL

Gerônimo citou medidas impopulares que foram defendidas ao longo dos últimos três anos da legislatura, como a taxa do lixo e outras situações que trouxeram um desgaste para a imagem dos que estiveram no posto estratégico.

"Não crio muita expectativa, porque realmente não é o fato de ser uma boa ou má liderança. O que é ruim é o governo. E é difícil defender um como este. A gente deseja boa sorte na condução dos trabalhos. Acho que o intuito da Câmara Municipal deve ser defender o povo de Fortaleza, sobretudo a população mais vulnerável", refletiu. 

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