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Homem perseguido por Zambelli é jornalista e presta depoimento à Polícia

Luan Araújo foi perseguido pela parlamentar com uma arma após discussão política em São Paulo

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Luan Araújo, homem agredido por Zambelli, Carla Zambelli
Legenda: Luan Araújo foi perseguido pela rua pela deputada, que sacou uma arma
Foto: Reprodução

O homem perseguido pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com uma arma em punho, neste sábado (29), é jornalista e tem 32 anos. Luan Araújo foi a uma Delegacia de São Paulo prestar queixa contra a deputada por ameaça e racismo, tendo em vista que a deputada divulgou nas redes sociais que foi ameaçada por um negro.

Neste sábado, a deputada federal sacou uma arma e apontou para um homem durante uma discussão política, no bairro Jardins, em São Paulo. Em vídeo, é possível ver que a parlamentar atravessa a rua com a arma empunhada e entra em um bar perseguindo o jornalista.

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De acordo com o jornal O Globo, Luan Araújo disse que começou a discutir com a parlamentar quando ela gritou "Amanhã é Tarcísio", em referência ao candidato ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na ocasião, ele vinha de um chá de bebê com um boné do MST quando encontrou com a parlamentar e a discussão começou até terminar em perseguição até outro bar.

"Quando eu entrei no bar, eles quiseram me botar no chão como se fossem polícia, mas eles não são polícia, então eu obviamente não fui para o chão. Eles queriam que eu pedisse desculpa, aí eu pedi desculpa", relatou ao O Globo.

O grupo de advogados Prerrogativas também foi à Delegacia denunciar o caso de racismo.

Em outro vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver Carla Zambelli e Luan discutindo na porta do bar. O vídeo está editado e apenas alguns trechos foram mostrados.

No vídeo, é possível ver o momento em que Luan grita "Amanhã é Lula" e "vocês vão voltar para o bueiro que nunca deveriam ter saído".

Também é possível visualizar momentos em que a parlamentar responde dizendo: "Repete o que você falou", "Não é Bolsonaro que é misógino?" e "Vocês dois homens xingando uma mulher?".

PARLAMENTAR DIZ QUE FOI 'CERCADA E 'AGREDIDA' 

Em vídeo após o ocorrido, Zambelli disse que foi "cercada" e "agredida" por "militantes de Lula". Caso ocorre um dia antes do segundo turno das eleições. 

"Fui agredida agora pouco. Me empurraram no chão, um homem negro. Eles usaram um negro para vir em cima de mim, eram vários", diz a parlamentar bolsonarista, ao lado de policiais militares. 

Segundo a deputada, ela sacou a arma após uma das pessoas que supostamente a agrediu ter tentado fugir dela enquanto ela esperava a polícia para "dar flagrante". 

Em outro vídeo, antes de ela sacar a arma, Zambelli aparece em uma discussão com várias pessoas, quando em dado momento ela cai. Logo depois, ela e seu segurança, empunhando seu armamento, correm atrás de um homem negro. 

ADVOGADOS PEDIRÃO PRISÃO DE ZAMBELLI 

O grupo de advogados Prerrogativas informou que vai pedir a prisão de Carla Zambelli ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por porte de arma em período proibido. 

Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo, disse em entrevista ao portal Metrópoles, que uma resolução do TSE proíbe o porte e o uso de armas por colecionadores, atiradores e caçadores 24 horas antes e 24 horas depois das eleições. A decisão do Tribunal foi aprovada em 2021. 

O descumprimento da decisão pode incorrer em prisão em flagrante. "Vamos pedir a prisão dela ainda hoje. Inadmissível o que ela fez. Pôs a vida de todos em risco e estimulou a violência", informou o advogado. 

Em entrevista, Zambelli disse que "ignorou conscientemente" a resolução do TSE, pois ela é "ilegal". "Continuarei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes, pois ele não é legislador", declarou a parlamentar.

REPRESENTAÇÕES CONTRA A DEPUTADA 

A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) vai entrar com uma representação contra Carla Zambelli ao Conselho de Ética da Câmara de Deputados. A informação foi divulgada pelo deputado federal Ivan Valente (Psol) 

"É intolerável que uma parlamentar coloque as pessoas em risco com arma em punho na rua. As imagens desmentem a alegação dela que teria sido agredida. Não podemos aceitar o ódio e a violência política do bolsonarismo!", publicou. 

A deputada federal Tabata Amaral (PSB) informou, por meio do Twitter, que vai entrar com pedido de cassação contra Zambelli.

"Não vamos admitir que os bolsonaristas ameacem a MÃO ARMADA nossos eleitores, nossa eleição, nossa democracia. Responderemos nas urnas, no conselho de ética e na justiça", publicou Amaral. 

POLÍCIA INVESTIGA PORTE ILEGAL DE ARMA

A Polícia Civil de São Paulo informou que está investigando o caso. Por enquanto, os policiais investigam a hipóteses de terem ocorrido os seguintes crimes: porte ilegal de arma, lesão corporal e disparo de arma de fogo.

Neste último caso, os policiais afirmam que dependerá da análise da direção do disparo para saber se um crime mais grave - tentativa de homicídio - ocorreu. Será a análise do vídeo com a direção do disparo que mostrará qual a intenção do homem que atirou em direção à pessoa perseguida por Zambelli e por seu grupo nos Jardins.

O caso deve ser registrado no 4.º Distrito Policial de São Paulo. Por enquanto, a ideia dos policiais é fazer um boletim de ocorrência para uma posterior abertura de inquérito policial a fim de ouvir testemunhas e as partes envolvidas no caso sobre o fato. Os vídeos devem ser enviados para a perícia.

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