Bolsonaro diz que 'manifestações pacíficas' são bem-vindas e que seguirá cumprindo a Constituição
Presidente fez primeiro pronunciamento após a derrota, na tarde desta terça-feira (1º)
Na tarde desta terça-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez o primeiro pronunciamento público, no Palácio da Alvorada, em Brasília, após a derrota presidencial nas Eleições 2022.
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O presidente passou quase 48 horas em silêncio sobre o resultado das urnas.
Na fala, de pouco mais de 2 minutos, Bolsonaro agradeceu aos 58 milhões de brasileiros pelo voto, disse que os atuais atos promovidos em rodovias são "fruto da indignação e sentimento de injustiça" e afirmou que "manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas". Segundo ele, "a direita surgiu de verdade" no País.
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Reveja o pronunciamento de Bolsonaro:
Ainda no discurso, ele se dirigiu aos apoiadores: "Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca". Bolsonaro não fez menção ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, também foi ao púlpito afirmar que dará início à transição de governo. Segundo ele, a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, em nome do presidente eleito Lula, disse que, na próxima quinta-feira (3), será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin para o processo. "Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país", assegurou.
Também estavam presentes os ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Paulo Guedes (Economia), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça), Marcelo Sampaio (Infraestrutura), Joaquim Leite (Meio Ambiente), Carlos França (Relações Exteriores), Célio Faria (Secretaria de Governo) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral).
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Bloqueios ilegais em rodovias
Desde a noite do último domingo (30), data do segundo turno das eleições gerais, manifestantes bloqueiam ilegalmente trechos de rodovias federais em contestação ao sufrágio. Os atos se intensificaram logo após o resultado que consagrou Lula o próximo presidente da República.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as interdições escalonaram na madrugada da segunda-feira (31) e seguiram em crescente até a madrugada desta terça (1º), quando atingiram o pico de 421 trechos bloqueados. Esse número, porém, já teria sido diminuído em mais da metade.
Ainda na noite de segunda (31), o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que a PRF e os policiais militares dos estados adotassem as medidas necessárias para desobstruir imediatamente as vias ocupadas ilegalmente. Também foi ordenado aos agentes que identificassem, multassem e prendessem os responsáveis pelos bloqueios.
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Até a tarde desta terça, os estados mais impactados pelos bloqueios eram Santa Catarina, Pará e Mato Grosso. Nesses locais — e em outros tantos —, foram registradas mais de 180 autuações por infração ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De acordo com a PRF, os casos devem ser encaminhados para o TSE, que será responsável por aplicar as multas referentes ao âmbito judicial.
A PRF está, também, na mira das críticas ao movimento ilegal. Isso porque agentes do órgão foram filmados incentivando os bloqueios ou afirmando que não multariam quem participasse dos atos. A entidade se defendeu das acusações afirmando que os casos estão sendo investigados pela Corregedoria e que não foi dada nenhuma ordem para que os servidores descumprissem seu papel.
LEIA O PRONUNCIAMENTO DE BOLSONARO NA ÍNTEGRA:
Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são o fruto da indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. Manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu de verdade em nosso País, nossa robusta representação no Congresso, nossa força e nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca, somos pela ordem e pelo progresso.
Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como anti-democrático e, ao contrário dos meus opositores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição. É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira. Muito obrigado.