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Convenção anulada, negociações e troca de lado: entenda a disputa por partidos em palanques no Ceará

Prazo para convenções chega ao fim nesta semana e arranjos partidários precisam chegar a uma composição

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Palácio da Abolição
Legenda: Partidos tenta reforçar suas coligações para disputar o Executivo estadual
Foto: Tatiana Fortes / Governo do Ceará

Em uma disputa que promete ser acirrada pelo Governo do Ceará, candidatos e seus partidos têm se desdobrado em busca de apoios de siglas que até agora não lançaram postulantes ao cargo. Na prática, coligações mais amplas significam mais tempo de propaganda no rádio e na televisão, mais recursos de financiamento da campanha, além de mais apoio de cabos eleitorais, principalmente no Interior.

A dois meses das eleições, convenção já foi anulada no Ceará, diretórios locais tiveram decisões desautorizadas por lideranças nacionais e siglas mudaram de lado na disputa, por exemplo. Na próxima sexta-feira (5), no entanto, chega ao fim o prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para as convenções partidárias e os arranjos entre legendas precisam chegar a uma composição. 

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Apoio ao PT rejeitado

Um desses casos que aguarda definição é o PP. Tudo parecia resolvido na sigla, já que, no último sábado (30), a convenção partidária lançou a chapa para o Legislativo e anunciou apoio às candidaturas de Elmano de Freitas (PT), ao Governo do Ceará, e de Camilo Santana (PT), para o Senado.

Zezinho Albuquerque sobre apoio ao PT
Legenda: Zezinho Albuquerque sobre apoio ao PT
Foto: Reprodução

Contudo, a coligação, costurada nos bastidores pelo presidente do PP Ceará, o deputado federal AJ Albuquerque, e pelo deputado estadual – e pai de AJ – Zezinho Albuquerque (PP), acabou sendo anulada pela direção nacional do partido nesta terça-feira (2).

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A Comissão Executiva Nacional da sigla, sob comando do deputado federal Cláudio Cajado (PP), ordenou a anulação parcial do evento realizado no Ceará, revertendo exclusivamente o apoio ao PT. Agora, Zezinho tenta revisar a decisão nacionalmente, já que ele, inclusive, é cotado como suplente de Camilo Santana.

PSB dividido

Responsável por indicar Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice-presidente da República na chapa liderada por Lula (PT), o PSB nacional é uma das bases de sustentação da coligação petista no País. Porém, no Ceará, o cenário é diferente.

Senador Cid Gomes, do PDT, com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o presidente estadual Denis Bezerra
Legenda: Senador Cid Gomes, do PDT, com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o presidente estadual Denis Bezerra
Foto: Thiago Gadelha

Até o início do mês passado, a sigla dava como certo o apoio à candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência. No fim do mês passado, por pressão da Executiva nacional da sigla, o diretório local acabou recuando das pretensões e anunciando apoio a Lula. 

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Já na disputa pelo Governo do Ceará o apoio foi mantido para o pedetista Roberto Cláudio (PDT), apesar de investidas de Camilo Santana junto à direção nacional. Essas posturas contrastantes geraram uma disputa interna que expôs a divisão do partido no Ceará, com o presidente local do PSB, o deputado federal Denis Bezerra, ao lado de Roberto Cláudio, e correligionários dele tornando-se aliados de Elmano, inclusive participando da convenção do PT.

Tucanos divididos

Outro partido que enfrentou divisões internas foi o PSDB Ceará. Após o rompimento entre PT e PDT no Estado, parte da sigla defendeu apoio à candidatura de Elmano de Freitas ao Governo do Ceará. Um dos defensores dessa tese era o próprio presidente local da sigla, o empresário Chiquinho Feitosa.

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O político chegou a participar do encontro da frente partidária que decidiu pelo lançamento de uma chapa liderada pelo PT. Ele também foi convidado por Camilo Santana para ser seu suplente na chapa para o Senado.

A vontade de Chiquinho, no entanto, não prevaleceu, e a sigla seguiu os rumos indicados pelo senador e cacique tucano Tasso Jereissati (PSDB). Na última segunda-feira (1º), o partido anunciou oficialmente apoio à candidatura de Roberto Cláudio.

Recuo no apoio

A menos de uma semana do fim do prazo das convenções, o Solidariedade Ceará abandonou a aliança com Capitão Wagner (União) para a disputa pelo Governo do Estado. A sigla ainda anunciou apoio à candidatura de Elmano de Freitas e Camilo Santana, adversários de Wagner. Essa decisão ocorreu após o rompimento da aliança entre PT e PDT no Ceará.

A sigla embarcou no apoio ao oposicionista em julho, quando o presidente nacional da legenda, Paulinho da Força, articulou as coligações. O partido, no entanto, seguia sendo cortejado por Camilo Santana. 

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Após o recuo no Ceará, o partido alegou que a decisão se deu pelo surgimento de uma composição mais alinhada com a sigla. Nacionalmente, o Solidariedade já iria apoiar a candidatura do ex-presidente Lula.

Os rumos do partido do presidente

O PL, sigla que abriga o presidente Jair Bolsonaro, também passou por divisões no diretório local para definir os rumos para o pleito deste ano. Sigla historicamente mais alinhada ao grupo liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT), o PL Ceará passou por um reposicionamento após a filiação do chefe do Executivo nacional.

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Os bolsonaristas que desembarcaram defendiam apoio à candidatura de Capitão Wagner, mesma postura defendida pelo presidente. Já os integrantes mais antigos da sigla, inclusive o presidente do partido, o prefeito Acilon Gonçalves, iniciaram os movimentos para lançar o ex-deputado Raimundo Gomes de Matos (PL) como cabeça de chapa da sigla.

Capitão Wagner e Bolsonaro
Legenda: Capitão Wagner e Bolsonaro no palanque da Marcha para Jesus, em Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha

No último domingo (24), a cúpula da sigla no Ceará decidiu pelo apoio a Wagner com a indicação do vice da chapa ficando a cargo do PL. A coligação foi consolidada uma semana após visita de Bolsonaro ao Estado, ocasião em que ele reafirmou o apoio ao nome do candidato do União Brasil.

Entre Wagner, Roberto e Elmano

Já o Republicanos é disputado por diversas lideranças partidárias do Ceará. Comandado pelo vereador de Fortaleza Ronaldo Martins, a sigla chegou a realizar convenção no último domingo (31), mas não definiu os rumos da sigla na disputa majoritária. 

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Martins tem dialogado com Capitão Wagner, Roberto Cláudio e Elmano de Freitas. A cúpula da sigla cogita até mesmo lançar uma eventual candidatura própria.

Com uma conjuntura dominada pela indefinição, o Republicanos tem pela frente 48 horas para indicar apoio a algum dos três nomes ou mesmo lançar candidatura própria.

Possível baixa para o Capitão

Com apoio já anunciado ao candidato oposicionista Capitão Wagner, o PTB decidiu reavaliar a posição. A sigla avalia, inclusive, uma candidatura própria, assim como o Republicanos. 

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Nacionalmente, o partido lançou, na segunda-feira (1º), o nome do ex-deputado federal Roberto Jefferson na disputa pela Presidência da República. O político cumpre prisão domiciliar.

No Ceará, a possibilidade de uma chapa liderada por um integrante do PTB teria o objetivo de reforçar a candidatura de Jefferson. A cúpula da sigla, no entanto, segue em diálogo com Wagner para assegurar que terá direito a lançar um membro da sigla para disputar o Senado e, assim, manter o apoio ao candidato da oposição.

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