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Como a oposição na Alece pretende atuar em 2025 para fortalecer projeto eleitoral de 2026

Grupo se articula para tentar viabilizar candidatura única para fazer frente ao Governo do Estado em 2026

Escrito por
Alessandra Castro alessandra.castro@svm.com.br
Assembleia
Legenda: Uma das estratégias da oposição para 2025 é endossar o tom contra o Governo nos discursos na tribuna da Casa
Foto: Divulgação/Alece

Com a consolidação do troca-troca partidário na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), deputados estaduais de oposição têm se articulado para endossar o tom contra o grupo governista do Ceará de olho no pleito de 2026. O objetivo é intensificar as cobranças, fiscalizar obras em andamento e paralisadas e unificar uma candidatura que represente o espectro político. 

O campo oposicionista na Casa avalia, inclusive, que se fortaleceu com as últimas mudanças na composição da Alece, ocasionadas devido ao resultado eleitoral de 2024 e às alterações no secretariado do governador Elmano de Freitas (PT). Para eles, a saída de Oscar Rodrigues (União) para o comando da Prefeitura de Sobral fez com que o grupo ganhasse um parlamentar "mais ativo na tribuna e nos debates", com a efetivação de Heitor Férrer (União) na Casa. Enquanto estava como deputado, Oscar adotava um perfil de independência e tinha um "bom diálogo" com o governador petista. Ele, porém, teve que renunciar ao mandato para chefiar o Executivo da Princesinha do Norte. Com isso, Férrer voltou à titularidade na Alece. 

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Além disso, as eleições de 2024 podem ter afastado a deputada Emília Pessoa (PSDB) do grupo governista, aproximando a ex-candidata do campo de oposição no Parlamento Estadual. Ela disputou a Prefeitura de Caucaia, local em que um dos seus adversários era do PT. Para uma fatia da oposição, ela é vista como parte permanente. A parlamentar, no entanto, ainda não respondeu se vai fincar os pés no grupo ou se voltará para a base do Governo petista. Nas redes sociais, Emília defende uma boa relação do Palácio da Abolição com os legisladores, "independente de partido". 

Oficialmente, a ala conta com 10 deputados. São eles: 

  • Carmelo Neto (PL) 
  • Pastor Alcides (PL) 
  • Dra. Silvana (PL) 
  • Cláudio Pinho (PDT) 
  • Antônio Henrique (PDT) 
  • Queiroz Filho (PDT) 
  • Lucinildo Frota (PDT) 
  • Sargento Reginauro (União) 
  • Felipe Mota (União) 
  • Heitor Férrer (União) 

Estratégias 

Na primeira semana do retorno dos trabalhos legislativos, os deputados oposicionistas já começaram a dar o tom de como deve ser o ano, elevando a artilharia nos discursos contra o governo do PT. Após anúncios sobre atraso no início das aulas em algumas unidades da rede pública estadual, de um novo ramal do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que deve ligar o Aeroporto Internacional de Fortaleza à Arena Castelão e da demonstração de insatisfação com os índices da segurança pública pelo próprio mandatário, eles se revezaram nos discursos da tribuna da Assembleia para criticar as ações do Palácio. 

Oposição Assembleia
Legenda: Com exceção de alguns membros do PL, a eleição do deputado Romeu Aldigueri (PSB) para a presidência da Alece contou com apoio da oposição — que ganhou espaço na Mesa Diretora
Foto: Divulgação/Alece

"Atraso de 30 anos" para a conclusão das obras do metrô de Fortaleza; "Educação era a única área boa" e está "sofrendo"; e "Se nem o governador está satisfeito com a segurança pública, imagina a população" foram algumas das frases entoadas para cobrar uma maior atuação de Elmano de Freitas.  

Por parte dos pedetista, houve, ainda, menção à gestão do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) como a "melhor de Fortaleza". O grupo governista contra-atacou, apontando o silêncio do quarteto sobre o "sucateamento da saúde" e "rombo nas contas da Prefeitura de Fortaleza" deixado pela gestão de José Sarto (PDT), que sucedeu Roberto e antecedeu o atual prefeito Evandro Leitão (PT). Na defesa de Elmano, índices do Ideb foram citados, aprovação e comparecimento no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), bem como medidas para melhorar a Segurança Pública, desde "valorização da carreira" a anúncios de concursos públicos para a área. 

Foco em 2026 

Após reunião na semana passada, o líder do União Brasil na Casa, deputado Felipe Mota, disse que há um pensamento unificado para que as forças que compõem a oposição estejam juntas em uma candidatura única ao Palácio da Abolição. 

"Nós temos um pensamento unificado, coletivo, de que nós temos que ter uma única candidatura para enfrentar o projeto que está na situação hoje. Todos nós, os 10 deputados, só podemos ter um projeto. Existem três grupos na oposição hoje do Estado e precisamos ter um único projeto", frisou. 

Ele destacou, inclusive, que os líderes dos três partidos — Roberto Cláudio, do PDT Fortaleza; Capitão Wagner, do União Brasil Ceará; e André Fernandes, do PL Fortaleza — também estão conversando em busca de consenso sobre uma candidatura. Esta só deve ser definida em 2026.

Todavia, ele reconheceu que, com a debandada de deputados eleitos pelo PDT para o PSB, apenas o União Brasil "está dividido" entre base e oposição na Assembleia Legislativa. No caso da legenda, o deputado Firmo Camurça integra a base do governista. 

Apesar da mudança entre pedetistas, um parlamentar que compõe a base de Elmano continuou no partido. Trata-se de Bruno Pedrosa (PDT), que escolheu ficar ao levar em consideração possíveis conflitos com o partido liderado por Cid Gomes em suas bases eleitorais.  

No PL, a deputada Marta Gonçalves deixou a sigla para se juntar à agremiação de Cid por divergências internas. Ela era um dos quadros do partido de André Fernandes que integra a base de Elmano de Freitas. Agora, a parlamentar foi para um partido amigo do Governo. 

Presidente estadual do PL, o deputado Carmelo Neto afirmou que o grupo de oposição vai pleitear mais espaços nas comissões temáticas da Alece para também fortalecer suas próprias pautas. 

"A gente está forte, organizado e trabalhando internamente para enfrentar o governo do PT, tanto estadual quanto nacional. Esse grupo também está unido contra o governo do PT ao nível nacional", ressaltou. 

Já o deputado Cláudio Pinho (PDT) enfatizou que a ala irá aumentar a cobrança ao Governo, mas "sem raiva". 

"Nós vamos continuar com o mesmo sistema de trabalho, fazendo a fiscalização, apresentando propostas. Nós não somos uma oposição raivosa, a gente quer a melhoria do Estado e que as políticas públicas possam realmente funcionar", acrescentou. 

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