'Nenhuma decisão será tomada sem que seja de forma coletiva', diz Cid sobre possível saída do PDT

Cid vive queda de braço dentro do partido pelo comando do PDT no Ceará

O senador Cid Gomes (PDT) disse, nesta quarta-feira (8), que sua possível saída do PDT será decidida "coletivamente", junto com a ala do partido que o defende no comando da legenda no Ceará. A declaração foi dada pouco tempo antes da reunião do diretório do PDT Estadual começar, convocada pelo senador de forma extraordinária para decidir os rumos que ele deve tomar na sigla.

O encontro ocorre horas antes da reunião nacional do partido que pode destituí-lo do comando da sigla no Estado. 

"Nenhuma decisão será tomada sem que seja de forma coletiva. Nós somos um grupo majoritário no PDT do Ceará, que não está sendo respeitado, que está sendo desrespeitado e, de alguma forma, está sendo humilhado em várias oportunidades. Se tiver de haver uma separação, pelo meu gosto será uma separação amigável. Mas já dei minha opinião: quero decidir coletivamente"
Cid Gomes (PDT)
Senador

O senador enfrenta uma queda de braço interna contra um grupo de aliados do ex-ministro Ciro Gomes e do deputado federal André Figueiredo pelo comando do PDT no Ceará. Atualmente, Figueiredo preside interinamente a Executiva Nacional da sigla.

Incialmente, a reunião do diretório estadual estava marcada para ocorrer na quinta-feira, dia 9. Todavia, como nesta quarta acaba o prazo de "direito de defesa" para o senador contestar a deliberação de uma intervenção nacional na legenda cearense, aprovada no dia 27 de outubro, ele acabou antecipando o encontro com seu grupo de aliados. A reunião da Executiva Nacional está marcada para 18h.

Nesta quarta, Cid voltou a criticar a intervenção aprovada pela Executiva Nacional, que ainda não foi efetivada porque foi garantido o "direito de defesa" ao senador posterior a decisão.

"Há um processo bastante questionável porque já começa com uma decisão de intervenção, depois abre o direito de defesa. E o direito de defesa foi enviado só para mim, e eu sou membro do diretório. Como esse prazo de direito de defesa de uma intervenção que já está anunciada encerra-se hoje — nós tínhamos convocado a reunião do diretório para amanhã —, o regimento do PDT do Ceará prevê que, em caso de urgência — a meu juízo se aplica perfeitamente —, a gente pode antecipar", destacou o senador.

Crise no PDT

Desde a pré-campanha eleitoral do ano passado, o PDT vive uma crise interna. O impasse começou com a candidatura da legenda ao Governo do Estado. Enquanto Cid defendia o nome da então governadora Izolda Cela (sem partido), Ciro queria o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Roberto foi escolhido, o que causou um rompimento do partido com o PT no âmbito estadual. Na eleição, o ex-prefeito terminou em terceiro lugar. 

Depois disso, a nova divergência foi sobre o PDT embarcar oficialmente na base governista do Ceará. O grupo aliado a Cid defende a tese, já a ala de Ciro quer ser oposição. Todavia, o estopim para a escalada atual da crise pedetista foi a concessão de uma carta de anuência para desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão.

A autorização foi concedida em agosto deste ano, quando Cid estava há pouco mais de um mês no comando interino da legenda no Ceará após acordo com André Figueiredo — que era o presidente da agremiação no Estado, mas se licenciou para apaziguar os ânimos da ala cidista.

A carta de anuência abre caminho para uma possível pré-candidatura à Prefeitura de Fortaleza de Evandro por outro partido, em oposição ao prefeito José Sarto (PDT). A possibilidade de desfiliação da legenda é questionada na Justiça pelo PDT Nacional.

No início de outubro, após o senador convocar uma nova reunião para debater o apoio oficial do PDT ao Governo de Elmano de Freitas, André Figueiredo suspendeu a licença da presidência do diretório do Ceará, afastando Cid do comando do partido.

Em resposta, cidistas convocaram uma reunião e elegeram uma nova Executiva Estadual no dia 16 de outubro, com o senador no comando de forma permanente. A deliberação é questionada judicialmente, mas a última decisão sobre o assunto manteve Cid à frente da agremiação.

Como reação, o grupo do ex-ministro Ciro Gomes decidiu pela intervenção da Executiva Nacional no Estado, no último dia 27 de outubro. Essa intervenção será analisada nesta quarta-feira, em Brasília, às 18h, com direito de defesa à Cid.