Transnordestina ainda precisa de R$ 3,8 bilhões adicionais para ser concluída

Representantes do Estado vão pleitear em Brasília liberação de verba que viria dividida em três etapas, até 2026

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Obra da ferrovia Transnordestina
Legenda: A previsão é de que a obra da ferrovia Transnordestina seja totalmente concluída até 2027
Foto: João Lavor/TLSA

Um aditivo de contrato no valor de R$ 3,8 bilhões é necessário para que a obra da ferrovia Transnordestina seja totalmente concluída até 2027. O valor deve ser pleiteado com o Governo Federal e com liberação em três etapas, sendo R$ 1 bilhão em 2024, o mesmo valor em 2025 e R$ 1,8 bilhão em 2026.

A afirmação foi feita pelo governador Elmano de Freitas (PT) com o líder do governo federal na Câmara de Deputados, o deputado cearense José Guimarães (PT), e o diretor-presidente da Transnordestina Logística, Tufi Daher, em evento que celebrou a assinatura da ordem de serviço dos lotes 4 e 5, com 101 km no total, entre os municípios de Acopiara, Piquet Carneiro e Quixeramobim.

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O valor total da ferrovia no Ceará estimado é de R$ 6,5 bilhões. Para que todo o percurso das cargas seja feito ainda são previstos investimentos na ordem de R$ 2 bilhões no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e cerca de R$ 1,7 bilhão que concluiria a obra no território do Piauí.

"São quase 10 bilhões em investimentos para criar infraestrutura para o Estado. E o que isso significa? Cada viagem desse trem que vai chegar no Porto do Pecém, é como se chegassem 240 carretas, ou seja, a carga dessas 240 carretas vem em uma só viagem desse trem, que tem cerca de 3 quilômetros de vagão", diz Elmano.

O governador ressaltou que deve articular com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a liberação do aditivo nos próximos meses.

Já o deputado José Guimarães, o primeiro a falar sobre o aditivo, disse que a bancada cearense já está se articulando e a estimativa é aprovar essa verba até março.

"A ideia é concretizar logo o lançamento de toda a obra e não ficar no pedaço porque isso atrapalha o ritmo da execução, então eu vou trabalhar para aprovar esse aditivo".

Por sua vez, o representante da Transnordestina reforça que com o aditivo aprovado há uma aceleração da obra e abertura de novas licitações.

"Como nós temos todos os projetos executivos aprovados, todas as licenças ambientais em dia, toda a desapropriação executada, com essa segunda fase do aditivo, a nossa pretensão ainda este ano é contratar toda a obra de infraestrutura até o Porto de Pecém. Então, nesse pico de obra nós teremos entre oito e nove mil empregos diretos".

Governador Elmano de Freitas assinou ordem de serviço para início das obras dos lotes 4 e 5 da Transnordestina
Legenda: Governador Elmano de Freitas assinou ordem de serviço para início das obras dos lotes 4 e 5 da Transnordestina
Foto: Governo do Estado/Divulgação

Vocação para o escoamento de produção rural

Questionado, Elmano também afirmou que já há empresas dos setores de distribuição de grãos e atacadista interessadas em se instalar entrepostos no percurso da Transnordestina.

"A própria Conab (Companhia Nacional de Abastecimento - vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) tem projetos de estruturação de galpões para fazer a distribuição de grãos para o setor produtivo".

Além disso, Daher, diretor-presidente da Transnordestina Logística, revela que já em 2025 será iniciado o transporte experimental de grãos, "trazendo lá do interior do Piauí até essa bacia leiteira do Ceará em Quixeramobim e Piquet Carneiro".

Ele ainda explica que os trechos que ficam no estado vizinho fazem parte da segunda fase da obra e que esse foi um acordo feito entre a empresa e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Assim, a nossa previsão é tão logo a gente finalize, ou até mesmo antes a chegada até o Porto do Pecém, nós daremos início à finalização do trecho do Piauí (que já tem 40% da obra feita)"
Tufi Daher
Diretor-presidente da Transnordestina Logística

Tufi ainda pondera que o sistema ferroviário é mais rápido e mais barato com que o rodoviário. "O sistema rodoviário tem que ser um alimentador do sistema ferroviário, que deve ser um alimentador do portuário. E é para essa vocação que o Ceará está voltando e a qual não deveria ter perdido nunca".

O que foi assinado nesta terça-feira (23)

Na manhã desta terça-feira (23), foi assinada a ordem de serviço dos lotes 4 e 5 que somam, aproximadamente, R$ 1 bilhão em investimento e serão executados pela construtora Marquise. Para esta fase da obra são previstos cerca de 1,3 mil postos de trabalho diretos, e 2,5 mil de forma indireta nas cidades da construção.

Parte do Novo PAC, a ferrovia tem ao todo 1.206 km de extensão em linha principal, atravessando 53 municípios em três estados (Piauí, Ceará e Pernambuco), ligando Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE), na Região Metropolitana de Fortaleza, passando por Salgueiro (PE). A fase 1 do empreendimento já alcançou 70% de execução.

O governador Elmano defendeu que o empreendimento representa a transformação da economia do Nordeste, principalmente nos sertões. 

“Nós temos um prognóstico de que vamos dobrar o volume de cargas no Porto do Pecém, e vamos ajudar muito várias cadeias produtivas no interior do Ceará”, afirmou.

Ao todo, a ferrovia no Ceará terá 608 km e funcionará com três terminais de carga. Um dos terminais, com foco em grãos, ficará na região entre Iguatu e Quixadá. A localização dos outros dois – um para combustíveis e outro para fertilizantes – ainda será definida pela empresa.

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