'Se aumentar preço, não vende', avalia CDL

Presidente da entidade de classe pede para que varejistas pensem bem antes de promover altas neste momento

Escrito por Redação ,
Legenda: De acordo com Severino Neto, o trigo consumido em Fortaleza é praticamente todo importado, principalmente em dólar. Assim, fica praticamente insustentável não elevar os preços de produtos como pães, biscoitos e massas
Foto: Foto: Kid Júnior

A disparada do dólar, que ganhou ainda mais força nos últimos meses, tem causada uma grande dor de cabeça em diversos setores da economia nacional, inclusive no comércio varejista. Com a moeda americana atingindo um patamar acima de R$ 4,00, varejistas já se mostram preocupados com o andamento das vendas, principalmente se tiverem que reajustar preços.

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De acordo com Severino Neto, o trigo consumido em Fortaleza, por exemplo, é praticamente todo importado, principalmente em dólar. Dessa forma, fica praticamente insustentável não elevar os preços. "Vai ter aumento, como no valor do pão. O trigo você não tem opção, porque ele é a base de muitos produtos, como biscoitos, massas, por exemplo. Os itens acabados, contudo, você pode não importar mais, ou optar por outro", afirma.

Recado aos varejistas

Com o dólar seguindo sua tendência de alta nesta semana, o presidente da CDL de Fortaleza pede cautela aos varejistas, ressaltando que o consumidor não verá com bons olhos um aumento nos preços neste momento. "Se puder, não suba. Se subir, vai diminuir o volume de vendas. O bolso do consumidor não vai aumentar, pois o salário mínimo não será alterado tão cedo. O varejo e os consumidores vão se adaptar a este momento", ressalta Severino Neto.

Segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Luiz Gastão Bittencourt, o repasse do aumento dos custos para o preço das mercadorias vai depender do estoque em dólar do produtor. "Se ele busca repor o estoque em dólar, vai ter de aumentar os preços, mas se já tiver estoque e não precisar repô-lo, não vai precisar aumentar", disse.

Gastão afirma, no entanto, que é difícil mensurar se, no final deste ano, a moeda norte-americana ainda estará operando em alta. "Enquanto a perdurar a volatilidade do dólar vai ser complicado, porque não dá para mensurar se o preço da moeda vai subir, se vai cair", complementa.

Cenário político

O presidente da Fecomércio-CE ressalta, ainda, que a votação do Congresso Nacional relativa aos vetos da presidente Dilma Rousseff em diferentes matérias deve influenciar a volatilidade do dólar. "Se o veto presidencial cair, o dólar vai subir ainda mais. E se o governo não tiver um orçamento equilibrado, a moeda vai continuar aumentando", disse. "Infelizmente, eu acho que enquanto o governo não resolver o processo do orçamento e o mercado não tiver tranquilidade nessas questões, o câmbio vai ficar muito instável", acrescentou.

Gastão também afirmou, por fim, que "o governo precisa agir com mais rapidez no problema do orçamento para passar tranquilidade para o mercado".

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