Quando devo negociar minha dívida? Veja as melhores saídas

Antes de buscar uma oferta de negociação atrativa, é importante ter um orçamento para que não haja maior desequilíbrio financeiro

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Homem preocupado olhando para papel
Legenda: O nome do consumidor fica limpo de 5 a 7 dias após o pagamento da primeira parcela da dívida
Foto: Shutterstock

O endividamento tem estado mais próximo das famílias brasileiras. De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o mês de junho teve o maior percentual de famílias endividadas no Brasil desde 2010, chegando a 69,7%. 

O caminho que leva ao endividamento é fácil, principalmente no momento atual em que tantos já perderam a principal fonte de renda. A saída do que pode se tornar uma bola de neve exige organização, economia e planejamento.

 

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Para o gerente da Serasa, Matheus Santos, o momento ideal para quitar os débitos é “o quanto antes”. Mais importante que a rapidez ou o encontro da oferta com condições atrativas, no entanto, é preciso entender a situação atual da família e traçar um orçamento que permita desatar esse nó financeiro com maior facilidade. 

Quanto mais tempo uma dívida fica sem pagamento, mais o valor dela cresce, devido aos juros. Porém, buscar uma renegociação sem ter a vida financeira minimamente organizada pode levar a um desequilíbrio ainda maior. 

Organização e planejamento 

Matheus indica que o primeiro passo para sair das dívidas é fazer as contas para saber quanto é possível desprender mensalmente do bolso para quitar aos poucos as dívidas.  

Contratar uma proposta com parcelas maiores do que se é possível pagar é uma receita para novas dívidas - mesmo se o desconto oferecido for bastante atrativo.  

O gerente da Serasa acrescenta que os credores costumam reverter como juros os descontos dados no caso de acordos não cumpridos.  

O consumidor deve subtrair as despesas mensais do que é gasto. O resultado dessa conta é o que poderá ser revertido na quitação da dívida; caso a parcela seja superior, a probabilidade de descumprir o acordo com o credor se torna maior.  

“Se não sobra, tenho que ver o que eu posso cortar ou substituir. Ver o que eu gasto hoje, às vezes é 20, 40, 50 reais que você consegue cortar. É priorização, o que eu consigo abrir mão para que eu tenha esse dinheiro para pagar a dívida”, explica.  

Priorização 

Quem tem mais de uma dívida ativa deve fazer uma priorização para conseguir regularizar a vida financeira.  

O professor de finanças e controle gerencial do Coppead/UFRJ, Rodrigo Leite, orienta escolher pagar primeiro as dívidas de juros mais altos. E, para isso, pode valer a pena até pegar outro empréstimo. 

“Dívidas de cartão de crédito é diferente porque os juros são muito altos, vale a pena pegar um empréstimo pessoal (com juros mais baixos). Se a pessoa tem dívida tem que fazer isso imediatamente, porque quanto mais o tempo passa a dívida cresce”, esclarece. 

Dívidas de financiamento, em que o atraso das parcelas pode levar à perda do bem, devem ser priorizadas. Se a quitação não for possível de outras formas, pode valer a pena até vender o apartamento ou veículo para quitar a dívida. 

Dívida caduca 

Após 5 anos, os birôs de crédito como SPC e Serasa são obrigados a retirar o nome do devedor dos bancos de dados. Popularmente, isso significa dizer que a dívida caducou. 

Por mais que o consumidor volte a ter maior facilidade em obter crédito, isso não quer dizer que a dívida parou de existir. Se a dívida em questão for com um banco, por exemplo, dificilmente o devedor vai conseguir qualquer tipo de serviços com a instituição financeira, mesmo depois dos 5 anos. 

“O problema de não pagar é que a pessoa vai ficar durante todo esse tempo no SPC, você vai ficar com o score de crédito muito baixo. Isso influencia taxa de juros mais altos, não conseguir financiamento, banco não abrir conta, não conseguir cartão de crédito”, diz Rodrigo. 

Dívidas com mais tempo costumam conseguir descontos melhores em feirões de negociações de dívidas, mas, ainda assim, os especialistas não recomendam deixar chegar a esse ponto. 

“Quanto mais tempo, mais juros. Cada empresa tem uma política de cobrança, então pode ser que uma dívida muito velha você consiga desconto. Mas quanto mais o tempo passar, mas a dívida vai crescer”, afirma Matheus. 

Nome limpo 

Existem diversas empresas especializadas em negociações de dívida e feirões de limpa nome que conseguem descontos de até 99% na quitação da dívida. Chegar a um acordo com o credor pode levar os juros do débito a zero ou, pelo menos, reduzi-los. 

O nome do consumidor sai dos birôs de crédito – ou fica limpo, na linguagem popular – logo que a primeira parcela do acordo é paga. A empresa tem de 5 a 7 dias para informar os órgãos como SPC e Serasa para a retirada do nome da lista de inadimplentes. 

O efeito também é direto no score de crédito, pontuação de 0 a 1.000 que indica o quanto um consumidor é ou não um pagador. Isso pode significar maior facilidade na obtenção de crédito no futuro e mesmo juros mais baixos em um empréstimo ou financiamento. 

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