Custo de importação de produtos pode cair até 10% com Câmara Brasil Argentina no Ceará

Compra direta de setores argentinos pode baratear preços para consumidores cearenses

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Calçados são os produtos que o Ceará mais exporta para a Argentina
Foto: José Leomar

A implantação da Câmara do Comércio, Indústria e Turismo Brasil Argentina no Ceará (CBACE) deve reduzir em até 10% os valores de produtos importados por cearenses em relações comerciais com o país vizinho. A sede da associação foi instalada na Federação do Comércio (Fecomércio) ainda neste mês.  

De acordo com o vice-presidente, Marcos Pompeu, representante da Fecomércio, as compras diretas por parte de empresários cearenses com o setor argentino devem representar uma queda no valor das transações, o que, consequentemente, deve impactar no preço final que chega ao consumidor.  

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“Não compramos direto, é por mediação de escritórios em outros estados, mas esse ambiente dá respaldo para essas negociações, além da redução do preço e frete. Se o importador direto pode reduzir em até 10% o custo, tanto pode dar mais fluxo quanto pode repassar ao consumidor uma vantagem de preço e que dará a ele competitividade”.  
Marcos Pompeu
vice-presidente da CBACE

Além disso, o vice-presidente destaca a importância das relações comerciais entre o Ceará e a Argentina nos últimos anos, sendo o país o terceiro mais importante parceiro comercial do estado. Nos últimos seis anos, conforme Pompeu, o comércio manteve uma média anual de US$ 170 milhões.  

Entre os meses de janeiro e julho deste ano, dados da plataforma ComexStat, do Ministério da Economia, apontam que o Ceará exportou US$ 40,6 milhões e importou US$ 132 milhões. Já em 2020, vendeu um montante US$ 49,3 milhões e comprou US$ 175 milhões. 

Principais produtos 

Neste montante, os principais produtos exportados pelo estado são calçados, já os importados são especialmente cereais como o trigo. “Dado aos nossos famosos moinhos nós somos importadores preferenciais da Argentina na questão do trigo pela importância que o Ceará tem na produção de derivados”, afirma Pompeu.  

Além disso, o vice-presidente destaca os laticínios, cuja produção é muito forte na Argentina, bem como os tradicionais vinhos.  

Fortalecendo esse mercado, Pompeu destaca também a atuação dos Portos do Mucuripe, que possui um terminal específico para receber grãos e cereais, e do Pecém. Em junho deste ano, representantes da Câmara se reuniram com o Cônsul argentino Alejandro Funes Lastra e a diretora-presidente da Companhia Docas do Ceará, Mayhara Chaves.

“Conversamos sobre pleitear micro diferenças de operação, de logística, de percentuais, pequenos custos logísticos e tempo de permanência, que envolvem atracação e operação mercantil marítima, com isso será possível a redução de custos”, diz. 

Em entrevista ao Diário do Nordeste publicada nessa quarta-feira (25), Mayhara Chaves afirmou que o governo argentino buscou a Companhia para estreitar relações. “A ideia é criar mecanismos para incentivar os portos da Argentina a trazer as mercadorias para o Porto de Fortaleza. Existem vários tipos de carga que estamos vendo, desde frutas a carros".  

Canal institucional  

A Câmara teve sua instalação formalizada com a aprovação do estatuto e da primeira diretoria composta pelo presidente, Rômulo Soares; o vice-presidente, Marcos Pompeu, representante da Fecomércio; e o diretor financeiro, Hermes Monteiro. 

 “Com isso, ela deve ser um canal institucional para fomentar e desenvolver o intercâmbio entre esses países, tanto comercial, quanto do turismo e da indústria. Queremos promover ainda uma troca cultural a partir da nossa atuação”.  

Os primeiros debates para criar essa associação iniciaram ainda em 2017 e ainda em 2018 foi feita uma instalação provisória e no ano seguinte as primeiras negociações. Contudo, a pandemia acabou atrasando a conclusão do processo.  

 

 

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