Caixa reduz juros para financiar a casa própria
O banco anunciou ontem um corte de 0,25 ponto porcentual ao ano em todas as taxas para pessoas físicas
Fortaleza/ Brasília. Se há poucos meses os brasileiros estavam inseguros em fazer grandes investimentos, como comprar a casa própria, hoje este cenário apresentou mudanças. A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que reduzirá em 0,25 ponto porcentual ao ano todas as taxas para pessoas físicas que financiaram imóveis novos ou usados enquadrados no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Isto quer dizer que, as taxas de juros do crédito imobiliário com recurso de poupança da Caixa vão ficar mais baratas, a partir de hoje (9), pela primeira vez neste ano.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, explica que este é um ótimo momento para negociar novos financiamentos para a aquisição de imóveis. "O mercado está sinalizando para uma retomada no financiamento imobiliário, porque além de baixar as taxas, os bancos estão com recursos para financiar", ressaltou Montenegro, explicando que a Caixa possuia cerca de R$100 bilhões destinados ao financiamento imobiliário no País, para este ano, entretanto, ainda estão disponíveis aproximadamente R$30 bilhões para esta função.
Em nota, a Caixa disse que o corte é reflexo da diminuição da taxa básica de juros (Selic), que foi reduzida para 14% ao ano pelo Banco Central, em outubro. "O objetivo é contribuir para alavancagem de vendas de imóveis novos de construtoras parceiras e, consequentemente, atrair novos clientes para a instituição, com condições especiais no crédito imobiliário", disse o banco.
Montenegro explica que a redução anunciada pela Caixa resultará em grande economia para financiamentos de longo prazo. "As vezes as pessoas ficam esperando, achando que o valor do imóvel vai baixar, ele não vai baixar, tem que aproveitar esses momentos, de condições especiais de juro, em que o mercado está começando a aquecer, onde tem dinheiro para financiar, com oportunidade para barganhar com as construtoras, que ainda estão realizando promoções atrativas", complementou.
Ele enfatiza ainda que o momento é favorável para todas as faixas de financiamentos, com condições de juros encontradas no ano de 2014, antes do período considerado de crise econômica no País. A previsão, como conta, é que não haja mais reduções nas taxas até o fim de 2016.
Neste ano, a Caixa aumentou os juros do crédito imobiliário em março, depois de ter feito três reajustes em 2015. O banco reservou R$ 93 bilhões para o crédito habitacional em 2016, dos quais R$ 66,2 bilhões foram aplicados. A expectativa do banco é aplicar R$ 26,8 bilhões até o fim deste ano.
Mudanças
Sob o comando de Gilberto Occhi, que assumiu no governo Michel Temer, a Caixa adotou uma série de medidas para incentivar o setor da construção. Para as famílias, o banco dobrou o limite de financiamento dos imóveis de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões, e aumentou o porcentual que pode ser financiado. Às construtoras, destinou R$ 10 bilhões ao reabrir uma linha específica e passou a permitir que as operações sejam fechadas com 80% de execução das obras. Também reformou a linha Construcard.
As novas taxas variam conforme o grau de relacionamento do cliente com a Caixa. Para clientes que não são correntistas do banco, a taxa pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), por exemplo, cairá de 12,5% ao ano para 12,25%. No caso de servidor que recebe salário pela Caixa, a taxa será reduzida para 10,75%, ante 11% ao ano.
Para os financiamentos enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), a taxa balcão para quem não tem relacionamento com o banco cairá de 11,22% para 11%. Os juros dos servidores públicos que recebem na Caixa serão de 9,7%, ante 10% ao ano.
Para clientes que adquirirem imóveis novos ou na planta, cuja construção tenha sido financiada pela Caixa, e fizerem a opção de receber o salário pelo banco, serão cobradas taxas iguais às oferecidas aos servidores públicos. As taxas de juros passarão de 11,22% ao ano para 9,75% ao ano, para os imóveis no SFH, de 12,5% ao ano para 10,75% ao ano, para imóveis do SFI.
O limite do SFH para imóvel residencial é de R$ 650 mil, para todo País, exceto para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, onde é de R$ 750 mil.
Os imóveis residenciais acima dos limites do SFH são enquadrados no Sistema Financeiro Imobiliário (SNI).
Limite mínimo
Além da redução de juros, a Caixa diminuiu ainda o limite mínimo de financiamento com recursos da poupança de R$ 100 mil para R$ 80 mil. O novo piso vale tanto para imóveis novos como usados, dentro do SFH ou SFI. De acordo com Montenegro, essa foi uma das principais medidas apresentadas pelo banco, pois oferece novas opções de negócios aos brasileiros.
Para as empresas, a Caixa reduzirá a taxa de juros em todas as faixas de relacionamento. As taxas para micro e pequenas empresas (MPE) cairão de 14% para 13%, e para médias e grandes, de 13,5% para 12,5%.
Para imóveis enquadrados no SFI, o banco modificou a remuneração do Correspondente Caixa Aqui, em 1% o valor do financiamento, com limite de R$ 2 mil nas operações do FGTS.
A Caixa ainda realizou ajustes para empresas que pretendem financiar a construção de empreendimentos pelo banco. O prazo do produto foi elevado para 36 meses, com carência de um ano pós-obra e possibilidade de acréscimo de 25% sobre a obra.