'A gente vai sentir falta' da usina de dessalinização na seca, diz presidente da Cagece

As empresas de telecomunicação alegam que a obra pode causar prejuízos aos cabos submarinos de internet. Imbróglio atrasou obras da usina

Escrito por Redação ,
Praia do Futuro
Legenda: A Praia do Futuro está no centro do impasse sobre a construção de usina de dessalinização, já que o local é hub internacional de cabos submarinos
Foto: Talles Freitas

O presidente da Companhia e Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Neuri Freitas, alertou que, com a risco de seca no estado em 2024, "a gente vai sentir falta" da usina de dessalinização (Dessal) projetada para ser construída na Praia do Futuro, em Fortaleza.

O projeto, idealizado em 2021, estava previsto para começar as obras em 2022 e iniciar a operação neste próximo ano, mas a execução foi adiada.

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O impasse entre as empresas de telecomunicação e a parceria público-privada (PPP) levou à discussão sobre a viabilidade ou não da construção no local previsto. As teles alegam que a intervenção pode causar prejuízos aos cabos submarinos que trazem a internet ao País, inclusive, com o risco de um apagão na rede mundial de computadores.

"A gente vai entrar em um período de seca sem ter um projeto que foi pensado lá atrás e que teve o contrato assinado em 2021 para começar as obras em 2022. O que acontece é que as telefônicas atrapalharam", comenta o presidente da Cagece. 

Construção deve iniciar no 1º trimestre de 2024, diz Neuri

Na manhã desta segunda-feira (11), durante evento no Palácio Abolição, Neuri destacou que o início da instalação do empreendimento na Praia do Futuro está previsto para o primeiro trimestre de 2024. A expectativa da Cagece é que o funcionamento comece em 2026.

A Dessal vai pegar água do mar e transformar em potável para abastecer a população de Fortaleza. A usina, segundo Freitas, também beneficiará a população do Interior do Ceará, pois cessaria a necessidade de transpor água do Castanhão.

"Agora é retomar tudo isso para em 2026 a gente ter uma alterativa para mitigar todo o problema de estiagem, que é comum aqui no Estado", indica.

Impasses 

As teles alegam que a Dessal do Ceará pode prejudicar ou interromper o fornecimento de internet no continente. Isso porque a Praia do Futuro é local para a passagem de cabos submarinos importantes à transmissão do sinal digital. 

Neuri Freitas já descartou essa possibilidade e disse que há outras instalações na praia e que "convivem em harmonia" com o sistema de cabos submarinos de internet.

Um Grupo de Trabalho Técnico (GTT), coordenado pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), foi criado e tem realizado reuniões para pôr fim ao imbróglio. O presidente da Cagece, Neuri Freitas, afirmou que há sinalização de "compreensão" de alguns diretores operacionais das teles.  

O grupo tem participação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), da Cagece, da PPP e de representantes das empresas de telecomunicações busca soluções para que o projeto avance. 

A Dessal do Ceará já teve a licença ambiental aprovada em novembro pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coeme). Ainda faltam duas licenças legais necessárias para o início da instalação da usina: uma da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e uma de início de obra. 

 

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