Por que é preciso continuar usando máscaras mesmo após a vacinação contra a Covid-19?

Segundo a OMS, as máscaras são uma medida fundamental para suprimir a transmissão da Covid-19 e salvar vidas

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
mascara
Legenda: As pessoas devem ainda ficar mais atentas à qualidade das máscaras de proteção utilizadas.
Foto: Shutterstock

Após quase um ano e meio convivendo com a pandemia da Covid-19 no Ceará, muitas pessoas têm lutado para lidar com a ansiedade em torno da volta à ‘vida normal’, onde não havia convivência com máscaras faciais ou distanciamento social. No entanto, apesar da expectativa, as autoridades informam que é importante continuar seguindo as medidas de proteção contra o vírus, mesmo entre a população já vacinada. Saiba o porquê.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “as máscaras são uma medida fundamental para suprimir a transmissão e salvar vidas”, especialmente em comunidades onde a circulação da Sars-CoV-2 é significativa.

Fique seguro tomando alguns cuidados simples, como distanciamento físico, uso de máscara, especialmente quando o distanciamento não pode ser mantido, mantendo os quartos bem ventilados, evitando multidões e contato próximo, limpando regularmente as mãos e tossindo em um cotovelo ou lenço de papel dobrado”
OMS

Infecções e transmissões permanecem

Segundo a epidemiologista, virologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Caroline Gurgel, embora uma parcela da população esteja imunizada, isso não impede que o vírus entre em contato com o organismo e haja transmissão aos demais, que podem, inclusive, não ter tido acesso às vacinas ainda.

“Mesmo que você esteja vacinado, você não forma um escudo anatômico que impeça o vírus de entrar no seu corpo. Não é como se ele não entrasse em contato e não causasse infecção, ele vai causar infecção, mas vai ser de forma branda a moderada”, explica.

Neste sentido, a especialista reitera que, independentemente do perfil vacinal dos indivíduos, eles permanecem sendo transmissores do vírus. “Por isso que não é nem para se cogitar a ideia de abandonar as máscaras por enquanto. Ela é para ser utilizada como mais uma medida sanitária básica apra você conseguir controlar a circulação do vírus e diminuir a probabilidade do surgimento de novas variantes”.

Gurgel pontua também que é imprescindível que, em primeiro lugar, haja uma estabilização evolutiva do coronavírus - sem a disseminação de variantes - antes de ocorrer o relaxamento dos cuidados de prevenção, ainda que sejam em locais onde exista alta cobertura vacinal, como a cidade de Serrana.

“Vários países conseguiram vacinar uma quantidade enorme de pessoas e aboliram as máscaras, mas tiveram que voltar atrás: os Estados Unidos foi um, Israel foi outro. Isso mostra que não adianta avançar na vacinação sem permanecer usando as máscaras, pois o vírus passa a circular de novo”, prossegue.

Máscaras reforçadas

Além disso, para Thereza Magalhães - epidemiologista, enfermeira e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) -, as pessoas devem ficar mais atentas atualmente à qualidade das máscaras de proteção utilizadas.

Se a gente quiser fazer uma contenção da Delta sabendo que ela transmite mais, a gente vai ter que fazer os bloqueios de vias respiratórias com bastante ênfase. Então, é investir em máscaras melhores, com maior proteção”
Thereza Magalhães
Epidemiologista e professora da Uece

A docente da Uece explana também que o Estado conta hoje com uma falsa sensação de segurança, como se a pandemia já tivesse sido finalizada, mas que a chegada da variante Delta pode ocasionar uma elevação de infecções novamente.

“No caso da variante Delta, a transmissão é muito acelerada, então a gente pode vir a ter isso [aumento de casos] antes do que a gente imagina. E, como a replicação dela é mais célere do que nas variantes anteriores, a gente tem que permanecer em sobreaviso”, continua.

Incentivo à vacinação

Nesta conjuntura, a enfermeira Thereza Magalhães destaca que o ideal é investir cada vez mais e com maior rapidez no processo de vacinação, “porque aí a gente contém mais esse movimento da Delta; só que até lá deve-se continuar o distanciamento social, o cuidado respiratório, não compartilhar objetos e alimentos, etc. Isso vai ter que ser feito por um bom tempo ainda, e com reforço a essas medidas”.

Conforme a epidemiologista Caroline Gurgel, o Ceará tem tentando avançar na imunização, mas o ritmo do vírus consegue ser mais rápido devido à falta de doses suficientes sendo aplicadas e ao difícil acesso à tecnologia enfrentado por muitas pessoas para o cadastramento e consulta de agendamentos nas plataformas de saúde.

"Ainda tem o deslocamento das pessoas para tomar a vacina, às vezes em locais realmente distantes de onde elas residem e às vezes as pessoas não tem nem o dinheiro da passagem, então há vários fatores que estão implicando diretamente o não acesso a essa vacina e a gente precisa ter um olhar diferenciado agora”, conclui Caroline.

Campanha de Vacinação

Até a segunda-feira (16), 6.566.620 doses de imunizantes contra a covid-19 foram aplicadas no Ceará. Destes, 4.545.826 destinaram-se à primeira dose, 1.865.687 à segunda e 155.107 à dose única. Os dados são da Secretaria da Saúde (Sesa).

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