Leishmaniose em cães: saiba o que é, sintomas, prevenção e tratamento
Anualmente, conforme o Ministério da Saúde, cerca de 3.500 casos da doença são registrados no Brasil
Zoonose que infecta humanos e cães, a leishmaniose é causada por um protozoário e pode ser letal quando não diagnosticada e tratada corretamente. Os sinais mais comuns em cachorros são lesões, emagrecimento, descamação da pela, diarreia e apatia. A enfermidade se tornou endêmica no Brasil, e não se restringe mais a regiões específicas.
Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Brasil concentra 96% dos casos de Leishmaniose Visceral nas Américas. Anualmente, conforme o Ministério da Saúde, cerca de 3.500 casos da doença são registrados, tanto em animais quanto em humanos.
O Diário do Nordeste conversou com Romeika Reis e Kátia Soares, médicas-veterinárias e especialistas no tema, e preparou um guia sobre a doença em cães.
O que é leishmaniose em cães?
Por serem muito próximos de humanos, os cães são os principais reservatórios urbanos de leishmaniose, segundo Romeika Reis, médica-veterinária e membro do Brasileish – Grupo de Estudos de Leishmaniose Animal. Esses animais são acometidos com a forma visceral da doença.
- A leishmaniose em cães é também conhecida como calazar.
Quais os principais sintomas da leishmaniose em cães?
Segundo o Brasileish, os principais sintomas da leishmaniose em cães são:
- Linfadenopatia generalizada (inchaço de gânglios);
- Emagrecimento;
- Alterações de apetite;
- Letargia;
- Palidez de mucosas;
- Poliúria (xixi excessivo) e polidipsia (ingestão de água excessiva);
- Febre;
- Vômito;
- Diarreia;
- Dermatites;
- Conjuntivites.
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É perigoso viver com cachorro com leishmaniose?
“Nós precisamos mudar esse cenário cada vez mais. Hoje já temos campanhas de encoleiramento público, mas precisamos que isso seja mais constante e presente, pois não basta uma única coleira ou um único ciclo. É necessário fazer um ciclo de dois anos para termos uma redução dos números. É um trabalho árduo de repetição de educação à população”, comenta a veterinária do Brasileish, em entrevista ao Diário do Nordeste.
Quem transmite a doença?
Cães são infectados com leishmaniose pela picada de um flebotomíneo fêmea, popularmente conhecido como mosquito-palha. Esses mosquitos são vetores do protozoário Leishmania infantum e Leishmania braziliensis, causadores da doença.
Qual o tratamento para os cães afetados?
Cães que testarem positivo para o leishmania, devem ser tratados com imunoterapia combinada de dois medicamentos: o alopurinol e a miltefosina, aprovados no Brasil para essa terapia. As medicações irão controlar a doença e melhorar os sintomas da leishmaniose no cachorro, mas não vão curar o animal.
"Todos os animais positivos têm que ser tratados corretamente e também utilizar inseticidas para impedir o mosquito de picá-los e transmitir para outros animais", comenta Kátia Soares.
É necessário ainda que cães positivos para a doença sejam retirados de programa de reprodução e doação de sangue.
Saiba como prevenir a leishmaniose em cães
A leishmaniose é a segunda doença parasitária que mais mata pessoas no mundo, atrás somente da malária, de acordo com a veterinária Kátia Soares, da MSD Saúde Animal, a prevenção é melhor forma de mitigar esse problema.
A prevenção contra a leishmaniose em cachorros é feita por meio do encoleiramento antiparasitário. Nesses tipos de coleira, são liberados gradualmente substâncias ativas que matam ou repelem o mosquito infectado e ainda pulgas e carrapatos que queiram se instalar no animal. O princípio ativo do medicamento deltrametrina presente na coleira se espalha na pele e nos pelos do cão.
“É um produto que vai na pele, que tem ação repelente contra esse mosquito e que também mata esse mosquito. Esse é o método primário de prevenção, é, de fato, o que os especialistas preconizam”, explica Kátia.
Outra forma de prevenção contra a infecção é descartar lixo adequadamente na casa de tutores. Segundo a veterinária, o acúmulo de dejetos em locais impróprios pode atrair o mosquito transmissor e fazer com que ele se prolifere e coloque ovos.
Há diversos modelos de coleiras antiparasitárias no mercado. O Diário do Nordeste, inclusive, participou do lançamento da Ectofend, uma nova coleira desenvolvida pela Zoetis e que garante seis meses de proteção.
O medicamento tem 4% de deltrametrina e é repelente contra o mosquito-palha e possui ação ectoparasiticida, e ainda indicação de controle de infestações causadas por pulgas e carrapatos.
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Tem tratamento gratuito para leishmaniose canina?
Sim. Em Fortaleza, por exemplo, tanto a Prefeitura quanto o Governo do Ceará possuem atendimento veterinário gratuito por meio de clínicas populares e hospitais universitários, que podem ser consultados por meio dos sites oficiais das secretarias de proteção animal.
Na prevenção, as gestões municipal e estadual também promovem mutirões de encoleiramento antiparasitário gratuito, mas é preciso estar atento às redes sociais e sites para saber da programação.
Tem cura para a leishmaniose canina?
Não há cura para esta doença, mas um tratamento da leishmaniose canina no tempo correto e vigilância dos tutores garantirá qualidade de vida para o animal.
“A gente sabe que o tratamento que existe hoje, mas ele não é um tratamento curativo. O que isso significa? O animal, uma vez infectado, para sempre ele estará infectado. A ideia do tratamento é que aquele animalzinho consiga controlar melhor essa infecção e que ele tenha menos manifestações clínicas, ou que ele não tenha manifestação clínica”, indica a médica veterinária.