Justiça desarquiva processo de Shantal Verdelho contra Renato Kalil por suposta violência obstétrica

Médico é denunciado por xingamentos e práticas não aprovadas pela OMS durante o parto

Escrito por Redação ,
Shantal deu à luz a Domênica em setembro de 2021
Legenda: Shantal deu à luz a Domênica em setembro de 2021
Foto: reprodução/Instagram

O processo contra o médico obstetra Renato Kalil, denunciado por violência psicológica e lesão corporal contra a influenciadora Shantal Verdelho enquanto ela dava à luz, em 2021, teve o arquivamento anulado após recurso apresentado pela defesa dela ao Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão favorável ao pedido foi definida nesta quinta-feira (27).

Em decisão unânime, os magistrados Mauricio Valala, Luiz Arruda e Sérgio Ribas anularam a sentença de arquivamento do juiz Carlos Alberto Corrêa de Almeida, concedida em outubro de 2022. Na época, o veredito havia pontuado que não existiam provas de que Kalil teria cometido os crimes dispostos na denúncia.

Áudios e vídeos do parto foram anexados no processo. Neles, é possível ouvir "xingamentos, palavrões e práticas não recomendadas pela OMS desde 2009", disse a defesa de Shantal citando a Manobra de Kristeller, que consiste na pressão na parte superior do útero para acelerar o parto.

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"Só de relembrar o dia do ocorrido eu penso no que minha filha e eu tivemos que passar e me emociono. Penso que justiça sendo feita não alivia o que passamos esse dia, mas muda uma sociedade que vai saber que está protegida pela justiça em seu momento mais vulnerável", afirmou Shantal. 

Segundo o advogado de Renato Kalil, Celso Vilard, que concedeu entrevista ao jornal O Globo, a decisão desta quinta só autorizou o início do processo, sem julgamento e mérito. Ele aponta que "a decisão será objeto de recurso ao Supremo Tribunal de Justiça", com convicção da defesa de que a inocência de Kalil será reconhecida. 

Em contrapartida, a assessoria de Shantal Verdelho aponta que existem mais de 20 depoimentos com denúncias de violência sexual e psicológica feitas por outras mulheres sobre o médico. 

As denúncias foram aceitas pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp), que abriu processo ético disciplinar contra o obstetra. Agora, a conduta deve ser investigada, analisando também o pedido da defesa da influenciadora de que ele seja impedido de exercer a medicina até que o processo se encerre. 

No processo, áudios mostram uma série de palavrões atribuídos a Kalil. O médico alega que o conteúdo foi editado. 

Na época da divulgação das imagens, Shantal revelou que tudo a fazia mal. "Quando a gente assistia ao vídeo do parto, ele me xinga o trabalho de parto inteiro. Ele fala 'Por**, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, porra'... depois que revi tudo, foi horrível", revelou. 

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