São Paulo vista de cima: conheça três opções de prédios com visão panorâmica da cidade

Observar pontos turísticos do alto e até tomar um drinque nas alturas fazem parte da visita a tradicionais edifícios da maior metrópole do País

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Mais que apenas visualizar São Paulo de cima, visita aos prédios da metrópole evoca sensação de liberdade e convida a notar os detalhes escondidos na paisagem

Cidade impossível: se pudesse resumir São Paulo numa expressão, aquela mais compartilhada entre meus amigos, seria essa. Mesmo a maioria dos mais íntimos ainda não tendo sequer pisado na metrópole, a impressão que os noticiários nacionais passam é que a terra da garoa é também o paraíso do caos, o santuário da burocracia, o olimpo do cinza onipresente.

Já inveterado no território, posso dizer que Sampa vai muito além desse lugar-comum ao qual foi acostumada a ser associada. É sobretudo intensa em movimentação cultural e diversidade de povos. É o recanto dos encontros e reencontros, das alternativas possíveis. E, apesar do tamanho todo, é também afoita em detalhes.

Uma fortuna deles, inclusive, pode ser conferida a partir de um passeio por alguns dos prédios mais altos da capital. Aproveitando uma passada rápida pelo solo paulistano, aproveitei para investir na empreitada e o resultado foi singular.

Legenda: Mezanino do restaurante no Terraço Itália é palco aberto para o mergulho panorâmico
Foto: Foto: Diego Barbosa

A preços camaradas, vistas que mergulham o olhar na enorme extensão do ambiente proporcionam ao visitante mais atento possibilidades únicas de descoberta das minúcias escondidas entre o firme concreto.

Numa fácil consulta com os recepcionistas do hotel onde estava, cheguei ao famoso Terraço Itália, minha primeira parada. Inaugurado em 1965 e considerado o segundo maior prédio de São Paulo, o edifício, no centro, tem 165 metros de altura, 46 andares e 19 elevadores.

Com uma arquitetura diferenciada, projetada pelo alemão Franz Heep (1902-1978) – as dimensões são bastante estreitas, se destacando na paisagem por isso – o local é sede de escritórios, um teatro, uma galeria e o restaurante que fica na cobertura. Foi para o mezanino deste último ambiente onde me dirigi a fim de contemplar a paisagem.

Legenda: Pausa para fotos é obrigatória no edifício

Nas alturas, além de ser tomado pelo frio que fazia no dia, tive a sensação de abraçar a cidade. Lá estando, é quase como se você visse Sampa em 360º. Para se ter uma ideia, o mergulho panorâmico permite visualizar a Catedral da Sé, os arranha-céus da Avenida Paulista, a 25 de Março, e até os limites da cidade, no Pico do Jaraguá. Uma beleza de cenário!

O acesso é diário, das 15h às 19h, no valor de R$ 30. Nos demais horários, é aberto apenas para os clientes do restaurante ou bar. Não precisa fazer agendamento e a taxa dá direito a um drink do dia na casa. Quando fui, havia champagne, mas também pode ser servido uma taça de vinho branco ou de prosecco.

Legenda: Por entre as grandes construções, é possível ver também os conhecidos murais da cidade
Foto: Foto: Diego Barbosa

Mirante

Também é possível ver do Terraço Itália outro edifício cuja vista é capaz de surpreender. Trata-se do Farol Santander, antigo prédio do Banespa, considerado um dos maiores símbolos da capital paulista.

Apesar das diversas atividades lá disponíveis – já no hall de entrada, um lustre de 13 metros de altura e 1,5 tonelada pode ser conferido pelo público, além das diversas exposições sobre a memória do imóvel e outras de temas da contemporaneidade – o grande chamariz mesmo é o mirante.

Legenda: No Farol Santander, painéis explicativos ajudam os visitantes a localizar alguns pontos turísticos de São Paulo
Foto: Foto: Diego Barbosa

Localizado no 26º andar, é todo recoberto por vidro, onde estão indicadas algumas partes importantes da cidade, como o Pátio do Colégio e até Santos, cidade costeira a 76 km da capital. De lá, é possível avistar o Viaduto Santa Efigênia, por exemplo, além de alguns dos maiores grafites da metrópole. Tudo a 160 metros de altura.

Junto ao mirante, há ainda o Suplicy Cafés, com capacidade para 70 lugares, abrindo espaço para que os visitantes possam ter uma experiência completa, contemplando história, cultura e gastronomia com o horizonte da cidade ao redor.

A seleção de frutas, bolos, pães, smoothies, cafés e sucos, com blend exclusivo, é feita em parceria com o chef Victor Dimitrov. Muito bom gosto nas alturas.

Os ingressos do Farol Santander podem ser comprados online ou na bilheteria do local. O funcionamento é de terça a sábado, das 9h às 20h, e domingo, das 9h às 19h. Há várias opções de valor: para visitar todos os andares e exposições, custa R$ 20; somente o mirante e o café, R$ 15; e exposições, mirante e o Espaço Memória – que resgata a história do edifício – fica a R$ 17.

Legenda: É fácil perder-se na vista proporcionada pelo mirante do Farol Santander
Foto: Foto: Diego Barbosa

Além disso, é bastante fácil chegar lá: via metrô, a estação mais próxima é São Bento, da linha azul, a poucos metros de distância da entrada do prédio.

Gratuito e guiado

Também no centro, o Edifício Copan foi o último que visitei, colocando mais um tijolinho na experiência de ver São Paulo do alto. Projetada por Oscar Niemeyer (1907-2012), a icônica construção oferece visitas gratuitas e guiadas apenas durante a semana, durando de 15 a 20 minutos.

O passeio fica disponível às 10h30 e às 15h30, exceto feriados. Para participar, basta chegar com 15 minutos de antecedência.

Legenda: Projetado por Oscar Niemeyer, o Edifício Copan permite visitação gratuita de segunda a sexta-feira
Foto: Foto: Diego Barbosa

Já na casa, um bombeiro do prédio leva todo mundo até o 32º andar em apenas 40 segundos. Pronto, Sampa agora parece mais próxima, menos densa. Isso porque, além de visualizar a selva de pedra, a vista do Copan oferece a oportunidade de encarar outras faces da megalópole, como os jardins verticais, praças, avenidas arborizadas e até os coloridos murais do Baixo Augusta e da Consolação.

Foi particularmente interessante notar o entusiasmo dos turistas que, naquele dia, visitavam pela primeira vez o prédio, feito eu, e apreciavam a paisagem. Conversei com duas colombianas que, num indefectível portunhol, disseram:

“Mas que bonito! Ainda bem que viemos, senão íamos ficar com a visão de sempre de São Paulo: cinza, cinza e mais cinza”, riu.

De fato, especialmente por não possuir vidro demarcador – por lá, o que separa os visitantes do mar de concreto é apenas uma grade – a estrutura do Copan é ideal para sentir o vento com ainda mais força e conferir o gosto de quase sobrevoar a cidade. Basta olhar para o lado: verá que a maioria das pessoas fecha os olhos, fica perdida em pensamentos. É bom de notar.

Assim, talvez você vá até lá e apenas repita o que pensa a maioria: São Paulo parece mesmo impossível. Ou talvez divague feito eu ao estar em cada lugar aqui descrito. Imaginei como tem tantas vidas a construir cada metro daquilo que, gigante, também é tão pequeno.

Legenda: O prédio é um dos mais tradicionais da capital paulista, reservando um mergulho em diferentes arquiteturas
Foto: Foto: Diego Barbosa

São como caixinhas de fósforo empilhadas, blocos de argamassa e areia. Feito Vik Muniz escreveu: “Um imenso mosaico onde as partes estão constantemente tentando definir um mutável todo”. Universos possíveis na impossibilidade. 

Serviço
Visita ao Terraço Itália
Diariamente, das 15h às 19h. Valor: R$ 30 (com direito a uma bebida). Avenida Ipiranga, 344, Centro, São Paulo. Contato: (11) 2189-2929

Visita ao Farol Santander
De terça a domingo, das 9h às 19h. Valor: R$ 20. Rua João Bricola, 24, Centro, São Paulo. Contato: (11) 3553-5627

Visita ao Edifício Copan
De segunda a sexta-feira, exceto feriados, às 10h30 e 15h30. Gratuito. Avenida Ipiranga, 200, República, São Paulo. Contato: (11) 3259-5917

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