Empresários adaptam-se para enfrentar quarentena no Ceará

Após decreto estadual que proíbe o funcionamento de estabelecimentos comerciais, muitos negócios tiveram de se mobilizar para não pararem de atender o público, como restaurantes e serviços domésticos

Escrito por Redação ,
Legenda: Restaurante Amélie teve de se adequar e agora atende no delivery
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

A paralisação de diversos tipos de estabelecimentos no Ceará, na última quinta-feira (19), por causa da pandemia do novo coronavírus - a partir do decreto do governador do Ceará, Camilo Santana, de proibir o funcionamento de comércios, bares, restaurantes, entre outros -, tem obrigado empresas de portes diferentes a reinventarem suas operações para não sucumbirem à falência e consequentemente à demissão de funcionários. Algumas dessas empresas tiveram de se reestruturar e optaram inicialmente pelo delivery. É o caso do restaurante Amélie, no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.

Segundo o proprietário do estabelecimento, Vinícius Fiúza, a casa nunca trabalhou no formato delivery e já se preparava para o serviço há uma semana, antes mesmo do decreto estadual. "Eu estou junto com o pessoal do administrativo tentando fazer promoções. A gente nunca trabalhou com delivery. Nós sempre trabalhamos no peso. É tudo novo para a gente. Nós tivemos que reduzir drasticamente o número de funcionários e colocamos as pessoas de férias".

Ele explica que neste momento passa por um momento de reestruturação no negócio. "Não temos a mínima ideia de quantas pessoas vamos atender no delivery. A gente vai iniciar o delivery pelo iFood e estamos cadastrados no Bee. Eu vou ter um motoqueiro particular para fazer entregas a partir do telefone e WhatsApp. São clientes que não têm acesso aos aplicativos e que já são clientes da casa".

Fiúza conta ainda que não sabe como vai continuar. "Eu penso positivo, mas não sei como isso vai funcionar. Vai tudo depender de como a gente vai administrar o delivery. A gente pode pensar aos poucos em continuar com esse serviço depois que essa crise passar, mas na nossa estrutura atual é muito complicado nossa cozinha atender delivery e presencial depois que abrirmos novamente as portas".

Demanda aumenta

O isolamento social de muitas pessoas está fazendo a procura por atendimentos de delivery crescer. É o caso da plataforma iNeed, uma espécie de "uber de serviços", que atende Fortaleza e Região Metropolitana.

Entre 9 e 18 de março, o aplicativo teve um acréscimo de 60% dos chamados para higienização de carpetes, tapetes e estofados em geral, comparada à demanda da semana anterior. O iNeed registrou também 30% de crescimento de higienização e limpeza de ar-condicionado, mais 20% higienização de carpetes, tapetes e estofados e reparos em cobertas e telhados. Serviços de aplicação de papeis de parede, reparos de pinturas e ajustes elétricos estão com alta de 10% de solicitações.

De acordo com Guilherme Magalhães, sócio-diretor do iNeed, neste momento, apenas serviços emergenciais estão disponibilizados na plataforma. "Hoje nós temos 340 credenciados, e os chamados emergenciais devem aumentar 50% nas próximas semanas por conta das empresas que ainda estão funcionando", conta, informando que os serviços emergenciais são os de bombeiro hidráulico, eletricista, higienização de ar condicionado, higienização de estofados e carpetes, limpeza e eletrotécnico na área de sistema de segurança.

Segundo ele, a demanda já vinha aumentando antes mesmo do decreto do Governo do Estado. "No primeiro momento, desde a sexta-feira (13) houve aumento da procura de limpeza de carpete, ar condicionado, cortinas. Aumentou em 60% o número de chamados para limpeza desses produtos e triplicamos o número de credenciados nessa área. Após o decreto, a gente passou a ter um atendimento via WhatsApp com toda a nossa equipe home office".

Entre os dias 9 e 18 de março, o aplicativo teve acréscimo de 60% dos chamados para higienização de carpetes, tapetes e estofados em geral, comparada à demanda da semana anterior.

Micros e pequenos

Diante da repentina queda da atividade econômica, o grupo de micros e pequenos empresários está entre os mais afetados. Sem poder vender e com custos fixos, como aluguel, salários, impostos, conta de água e energia, o segmento busca alternativas para amenizar os efeitos da crise e, em alguns casos, para se manter no mercado.

Para Alci Porto, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), entre as medidas que poderiam ser adotadas pelo Poder Público para enfrentar esse período estão: o adiamento da cobrança de tributos e renegociação de eventuais dívidas, por parte do setor público; aumento do prazo de crédito rotativo, por parte das instituições financeiras, dentre outras medidas. "O Governo Federal já anunciou algumas medidas como o adiamento durante 90 dias do Super Simples, de modo que os empresários não precisam recolher os tributos federais. Mas os governos estaduais e municipais ainda não fizeram isso. Ainda não se manifestaram sobre isentar os empresários do Simples. Isso seria importante porque muitos não vão ter receitas e acabarão inadimplentes", diz Porto.

Ele reitera que é importante a renegociação de dívidas para sobrevivência dos pequenos negócios. "É preciso os governos estabelecerem que todas as dívidas contratadas com empresas do Simples que elas tenham uma renegociação, inclusive de água e de energia. Então o ideal será uma negociação futura. Os bancos oficiais já falaram que irão renegociar", avalia Alci Porto.

"O Sebrae está dando todos esses detalhes para informar aos micro e pequenos como eles devem proceder", finalizou, mostrando a disponibilidade do órgão par a auxiliar os micro e pequenos no enfrentamento da crise.

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