Banco prevê queda de 1,5% da economia brasileira neste ano

Resultado vai depender da eficácia das medidas adotadas pelo Governo Federal diante da pandemia, destacou o economista-chefe do banco UBS no Brasil, Tony Volpon, em debate virtual com empresários cearenses

Escrito por Redação ,
Legenda: Lide Ceará reuniu ontem empresários e economistas para debater cenário

Com a mudança abrupta da atividade econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, com as restrições de circulação de pessoas e fechamento de estabelecimentos comerciais e de prestadores de serviços, a expectativa do economista-chefe do banco UBS no Brasil, Tony Volpon, é de uma queda de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, para este ano, a depender da eficácia das medidas adotadas pelo Governo Federal.

A projeção é significativamente inferior à dos economistas consultados pelo Banco Central para o Boletim Focus, que estimam uma retração de 0,48% em 2020.

"A gente trabalha com uma queda de 1,5% do PIB, o que não seria ruim diante desse cenário, com um crescimento rápido em 2021 e 2022", disse o economista durante live promovida pelo Lide Ceará na tarde de ontem (2).

Para Volpon, o que determinará a velocidade com que cada país sairá da crise será a capacidade dos governos de garantir parte da renda a trabalhadores e empresas.

"Essa crise pega todo mundo da mesma maneira, com uma queda da receita abrupta e de forma inesperada. E os governos têm de preencher esse buraco de receita e renda enquanto somos obrigados adotar esse distanciamento social", disse.

Quanto às respostas governamentais, Volpon avalia que, diferentemente de outras crises, não basta reduzir gastos públicos e juros. "Temos que adicionar novos elementos de política econômica", ele diz.

"Todas as economias mundiais estão tendo o mesmo problema e o que nós estamos vendo são novas respostas". Com as medidas já anunciadas pelo Governo, o UBS prevê um déficit primário em torno de 6% para este ano, ante uma projeção inicial de cerca de 1%.

O evento do Lide Ceará contou com a apresentação do CEO da C&A, Paulo Corrêa, e a participação de Edson Queiroz Neto, chanceler da Universidade de Fortaleza, Beto Studart, presidente do grupo BSPAR, Deusmar Queirós, presidente do conselho da rede Pague Menos, Ivo Machado, sócio da Seguradora Ezze, e de Danísio Barbosa. CFO Grupo 3corações.

Retomada das atividades

Durante a live, o empresário Deusmar Queirós defendeu a busca por alternativas visando ao retorno das atividades o mais rápido possível, diante do risco de agravar os impactos sociais. "Nós estamos num setor privilegiado, que está aberto, mas considerando o geral de comércio e serviço, eles estão todos comprometidos", disse.

"Se não houver um comportamento mais ativo para que se retorne às atividades o mais rápido possível, mesmo empresas que hoje têm o e-commerce, esse faturamento não cobrirá os custos. (...) E mesmo as necessidades básicas, como educação, saúde, lazer e convivência familiar, dificilmente você consegue fazer sem dinheiro. E não dá para esperar pelo Governo".

Para Queirós, até que as medidas econômicas adotadas pelo Governo cheguem à ponta, muitos perderão empregos ou fecharão os negócios. "Mesmo que essa crise acabasse hoje, nem todos vão voltar. Nós (empresários) temos que, tão logo tenha uma luz no fim do túnel, incentivar as pessoas a trabalhar".

No mesmo sentido, a presidente do Lide-Ceará Emília Buarque se mostrou preocupada com os impactos sociais e econômicos causados pela doença. "Serão vidas perdidas pela doença, pelo caos social, pela fome e pelas demissões que já começaram e continuarão a ocorrer", disse.

Pós-crise

Entre as mudanças que esse período de isolamento social deverá provocar no mercado, o CEO da C&A, Paulo Corrêa, destacou o crescimento do uso do e-commerce, tanto por parte das empresas como dos consumidores.

"O que a gente vem vivendo hoje nessa fase é algo que não só tem um impacto social, econômico, mas um impacto cultural muito forte nas empresas", disse. "A gente fechou quase 300 lojas no Brasil, e só tem uma loja aberta que é a loja online", disse.

Ao destacar o potencial de crescimento dos canais de venda online, Corrêa disse que o e-commerce da empresa cresceu três dígitos nas últimas semanas com uma penetração de apenas 3%. "Acredito que pós-coronavírus, a gente vai estar acima dessa média", disse.

"Estou apostando numa mudança do comportamento do consumidor. Acredito que o novo normal pós-crise será cada vez mais digital, mais colaborativo, mais virtual".

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