Neuropsicólogo cearense inicia pesquisas para eternizar as memórias humanas por meio de aplicativo

As pesquisas junto ao chefe do departamento de ciência e tecnologia da Universidade de Berkeley, na Califórnia, tiveram início em junho de 2020

Escrito por Redação ,
Legenda: O neuropsicólogo cearense já tem no currículo um software de mapeamento e análise comportamental que foi validado com 98,8% de precisão pelo departamento de estatística da UFC
Foto: Arquivo Pessoal

A pandemia do novo coronavírus trouxe muitas reflexões sobre a vida que os seres humanos levam e o quão ela é frágil e foi pensando nisso que o neuropsicólogo cearense Deibson Silva deu início, em junho de 2020, as pesquisas para um projeto que visa eternizar memórias humanas com o uso da mais moderna tecnologia. Para a iniciativa ele juntou-se com o especialista em Inteligência Artificial e chefe do departamento de ciência e tecnologia da Universidade de Barkeley, Alberto Todeschini, na Califórnia. 

O neuropsicólogo, formado pela Faculdade de Medicina da USP, que já estuda o comportamento humano desde 2013 e que já tem histórico de trabalhos com tecnologia, inclusive lançou um software de análise comportamental utilizado por mais de 700 mil em quatro continentes, viu na pandemia uma oportunidade de usar algo que ajudasse a guardar o perfil daqueles que tivessem que partir dessa vida. 

“A pandemia mostrou o quanto os seres humanos são vulneráveis, e o quanto a gente percebe quantas lindas histórias e quantas pessoas com lindas memórias já partiram nessa pandemia,  e que muito provavelmente [essas memórias] se perderão em até mais duas gerações”, relata Deibson. 

O projeto Legathum - palavra que faz referência à legado - tem o objetivo de guardar essas memórias e fazê-las durarem para além do tempo que a pessoa passa viva. “O intuito realmente é fazer com que a gente possa eternizar, é fazer com que qualquer ser humano deixe o seu legado e possa a partir daí, independente de vivo ou não, compartilhar a sua mentalidade, compartilhar o seu conhecimento com as outras pessoas”, explana o neuropsicólogo.

Projeto    

O Legathum, que terá o primeiro protótipo pronto provavelmente já em dezembro de 2020, será um aplicativo que funcionará através do método storytelling, ou seja, a própria pessoa contará a sua história para o sistema do aplicativo. “[Ela] vai conversar com o nosso bot, que é o condutor, é como um mentor pessoal,[que] vai guiar essa pessoa na jornada dentro do aplicativo para que a inteligência artificial possa mapear tudo sobre essa pessoa”, explica Deibson. O bot - uma aplicação de software concebido para simular ações humanas repetidas vezes de maneira padrão - se chamará Ethernum. 

A parceria internacional, com o PhD Alberto Todeschini, para a iniciativa é fruto de uma amizade que teve início no começo deste ano, quando Deibson Silva viajou aos Estados Unidos. “A partir do momento que o conheci, e que falamos sobre a minha expertise aqui no Brasil e a dele lá na Califórnia, a gente já falou sobre alguns projetos. E esse, em junho eu o contactei com a ideia, conversamos muito sobre as possibilidades, sobre as tecnologias que podemos utilizar e o que a gente vai começar a desenvolver, porque é um desafio muito grande”, conta. 

A iniciativa conta com uma equipe multidisciplinar, com profissionais tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A equipe conta com programadores, desenvolvedor de jogos, programadores de inteligência artificial. “[Também tem] eu na área de pessoas como neuropsicólogo, e o Alberto na parte de Inteligência Artificial. Temos equipe aqui, em todo o Brasil e nos Estados Unidos já trabalhando nisso”, destaca. 

Importância

Para o neuropsicólogo a chave da importância do projeto está em “eternizar histórias” e fazer com que as pessoas continuem presentes, de alguma forma, mesmo depois da morte. “O mais importante é poder eternizar as nossas vivências, fazer com que a nossa família, mesmo depois da nossa partida, tenha a possibilidade de acessar esses dados, de maneira privada o filme da nossa vida”, aponta. “As pessoas importantes, as pessoas que fizeram grande coisas, elas tem biografia, e com isso, nós queremos democratizar a biografia. Porque todo mundo tem uma linda história para ser eternizada”, conclui.            

       

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