Cinema Dragão exibe três curtas cearenses em seu novo programa no YouTube

A programação conta com ciclos temáticos. No programa de estreia, o equipamento apresenta o tema "Corpos à noite"

Escrito por Redação ,
Esta é uma imagem do filme
Legenda: "Boca de Loba" é o único filme cearense na 51ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Foto: Reprodução

Com o funcionamento presencial temporariamente suspenso, o Cinema Dragão se reinventa para diversificar sua forma de relacionamento com o público. A partir desta quarta-feira (19), o equipamento cultural apresenta seu novo programa de difusão - “Sessão Circular” - que exibirá curtas brasileiros no canal do YouTube do Dragão do Mar.

O projeto será dividido em ciclos temáticos, os quais disponibilizam as produções audiovisuais por tempo determinado. Para inaugurar o Programa #1, intitulado “Corpos à Noite”, o Cinema Dragão do Mar exibe três curtas cearenses: “Boca de Loba”, “Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno” e “Superdance”.

O “Sessão Circular” foi desenvolvido para ampliar a ocupação do Cinema do Dragão nas plataformas digitais. O equipamento já exibe semanalmente filmes na plataforma do Cinema Virtual. O projeto também possibilita colocar em circulação uma série de títulos na cinematografia nacional contemporânea. 

"A ocupação da plataforma do Youtube ela vem muito no sentido de nos dar uma maior liberdade curatorial pra poder propor programações de filmes de outros perfis", explica  o curador do Cinema Dragão, Pedro Azevedo. 

Estreia 

Três produções cearenses que trazem, cada qual à sua maneira, sombras típicas da noite de Fortaleza foram escolhidas para a estreia do projeto. A ideia é que a apresentação dos filmes em conjunto seja um ponto de partida para provocar reflexões e diálogos entre os filmes, os realizadores e os espectadores. 

"São filmes que se apresentam como experiências bastante sensoriais, experimentam não só a nível de imagens e texturas, mas a nível de sons também. Eles apresentam as músicas e os sons como fios condutores de sensorialidade", diz o curador. 

Premiados em festivais nacionais, os curtas se conectam, apesar das histórias distintas, através das narrativas que se desenrolam no terreno da cidade durante o período noturno. O ato de perambular dos corpos dissidentes à noite nas ruas em Fortaleza se apresenta nas produções como uma forma de negociação do próprio lugar nos espaços públicos, tendo em vista que há uma outra lógica de ocupação da cidade que surge quando anoitece. 

Esta é uma imagem do filme “Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno”
Legenda: “Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno” une elementos de ficção científica, suspense e terror para narrar a história de um jovem negro morador do bairro Vila Velha.
Foto: Eduardo Barrosa

"Particularmente apresentam uma cidade noturna onde algo de misterioso se desenrola. São filmes dialogam muito no sentido de estarem propondo uma narrativa especulativa que encontra subsídio também no cinema de fantasia de ficção cientifíca", pontua Azevedo.

O filme “Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno” une elementos de ficção científica, suspense e terror para narrar a história de um jovem negro morador do bairro Vila Velha. A produção é uma tentativa de rever imagens de arquivo do cinema chanceladas dentro da academia, somada a um desejo de entender as heranças da construção do Brasil sob o período escravocrata dentro da organização de grupos sociais e institucionais.

“Parece estranho e inseguro andar dentro de uma cidade pela noite diante da perspectiva de um corpo racializado porque na verdade dentro da organização da cidade seu corpo é indesejado e visto como monstruoso nessa espacialidade”, acrescenta explica o diretor de “Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno”, Leon Reis. 

Já o filme “Boca de Loba”, dirigido por Bárbara Cabeça, trata de forma sensível o assédio e violência contra a mulher no espaço urbano através de símbolos e sons, sendo um destes a noite de Fortaleza. 

“A gente queria trazer uma certa hostilidade que esse ambiente traz a esses corpos quando a gente tá armada, atenta porque qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento. Também tinha uma vontade de fazer essa rua parecer meio misteriosa, meio hostil, que é como a gente enxerga ela. É triste porque é um espaço público de todos, mas não são todos que não conseguem usar da melhor forma”, conta Bárbara. 

Esta é uma imagem do filme Superdance
Legenda: Superdance fala sobre uma juventude plural e transgressora que busca ocupar os espaços esquecidos da cidade
Foto: Reprodução

Essa relação dos corpos, sobretudo, da juventude com a cidade é outro ponto observado pelo diretor de “Superdance”, Pedro Henrique, que conecta os três curtas-metragens exibidos a partir desta quarta (19) na “Sessão Circular”. É a terceira vez que “Superdance” é apresentada no Cinema Dragão. 

“Eu fiquei até surpreso com o convite porque o “Superdance” é um filme realizado há 5 anos. Ele já passou por muitos festivais, mas não imaginei que ele fosse voltar para o espaço com tanta visibilidade. Ainda mais com filmes que eu acho tão incríveis - Boca de Loba, Cartucho Super Nintendo - que inclusive eu gosto muito. São filmes que têm uma pegada muito parecida”, completa Pedro.

Serviço

Sessão Circular - Corpos à Noite

De 19 a 31 de maio, no YouTube do Dragão do Mar. Gratuito. 

 

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