Veja quem era Anselmo Becheli, o 'Cara Preta', e qual a relação dele com o delator do PCC

Gritzbach acabou se tornando pivô de uma guerra interna da facção ao ser acusado de encomendar a morte do traficante

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Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo producaodiario@svm.com.br
Negócios do PCC em São Paulo ligam Anselmo Becheli, vulgo 'Cara Preta', e Antônio Vinicius Lopes Gritzbach
Legenda: Negócios do PCC em São Paulo ligam Anselmo Becheli, vulgo 'Cara Preta', e Antônio Vinicius Lopes Gritzbach
Foto: Reprodução

Conhecido como "Cara Preta", Anselmo Santa Fausta foi um dos principais traficantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A morte dele, há cerca de três anos, ajuda a entender outro assassinato: o do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, após um ataque a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8).

Gritzbach acabou se tornando pivô de uma guerra interna da facção ao ser acusado de encomendar a morte de Cara Preta e do segurança dele, o Sem Sangue, mortos em 27 de dezembro de 2021, em uma emboscada no Tatuapé, em São Paulo. 

O empresário negava ser o mandante da execução. Mesmo assim, a acusação motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção. O homicídio dos dois abriu uma guerra no PCC, com uma sequência de assassinatos – um dos acusados de ser o autor dos tiros contra Cara Preta foi decapitado. 

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RELAÇÃO DO DELATOR COM O CARA PRETA

Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes liderado por Anselmo Bechelli Santa Fausta. Foi, então, que começou a colaborar com os criminosos ao investir dinheiro deles em imóveis e criptomoedas. 

O empresário morto em Guarulhos dizia que conheceu Cara Preta porque ele teria dois apartamentos no Tatuapé vendidos por um corretor que ele conhecia. Ligado ao envio de drogas à Europa, o traficante era acionista da empresa de ônibus UPBUs. Em só 9 meses de 2020, ele movimentou R$ 160 milhões em contas bancárias, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A direção da UPBUs nega ter lavado dinheiro do PCC.

Além de ser acusado da execução, Antônio Vinicius Lopes Gritzbach se tornou delator do Ministério Público de São Paulo (MPSP), em abril deste ano, reforçando sua posição de alvo da facção.

Em depoimentos, ele chegou a falar sobre o envolvimento do PCC com o futebol e o mercado imobiliário, além de dar informações sobre homicídios de líderes da facção. Também teria mencionado corrupção policial e suspeita de pagamento de propina na investigação da morte de Cara Preta – a Secretaria da Segurança não se manifestou sobre o caso.

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ASSASSINATO EM GUARULHOS

O ataque contra Gritzbach ocorreu por volta das 16 horas da última sexta-feira (8), e os atiradores estavam com o carro estacionado, à espera da vítima. Uma dupla de criminosos realizou pelo menos 27 disparos, conforme a perícia. Ele foi atingido por dez tiros de fuzil, que transfixaram seu corpo.

O delator voltava de viagem quando foi executado. As imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Guarulhos mostram Gritzbach levando uma mala de rodinhas quando é surpreendido pelos atiradores. Ele tenta fugir, é atingido pelos disparos e cai perto da faixa de pedestres. É possível ver outras pessoas correndo devido ao tiroteio.

Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas sobre a lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção paulista na região do Tatuapé, na zona leste da capital. A trajetória dele está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas à facção.

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