Empresário 'laranja' de 'Bebeto do Choró' e membros da GDE são denunciados por tentativa de homicídio
O ataque aconteceu quando a vítima saía de um posto de combustíveis; veja vídeo

Maurício Gomes Coelho, empresário e apontado como 'laranja' de Carlos Alberto Queiroz, o ‘Bebeto do Choró’, e outras cinco pessoas são acusados de uma tentativa de homicídio na cidade de Canindé. A vítima sobrevivente era motorista do próprio político, atualmente foragido da Justiça cearense por outros crimes, e estava junto com Bebeto em um posto de combustíveis, minutos antes do ataque ocorrido no dia da eleição em outubro de 2024.
Apontado em um relatório da Polícia Federal como 'testa de ferro' do prefeito eleito para gerir Choró a partir de 2025, Maurício, também conhecido como 'MK' é um ex-vigilante, que se tornou empresário proprietário da MK Serviços em Construção e Transporte Escolar, com capital social de R$ 8,5 milhões.
Além dele, são acusados pela tentativa de homicídio do motorista: Francisco Flávio Silva Ferreira, o 'Bozinho', um dos líderes da facção Guardiões do Estado (GDE) na região; Micael Santos Sousa, o 'Teo'; Antônio Daniel Alves Ribeiro, o 'Niel'; Francisco Gleidson dos Santos Freitas; e Tamires Almeida Ribeiro.
VEJA VÍDEO DO CRIME:
O ataque aconteceu quando a vítima saía de um posto de combustíveis, por volta das 18h30, no dia 6 de outubro de 2024. De acordo com as investigações, foi MK quem ordenou o crime e 'Bozinho' intermediou a ação junto aos executores, diante a uma promessa de recompensa.
Maurício e a vítima tinham um histórico de 'divergências', porque, supostamente, o motorista extorquia empresários do ramo da construção civil, sendo um deles o próprio 'MK'.
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O motorista já vinha sendo ameaçado de morte por parte de Maurício, conforme versão dele dada aos policiais já após o ataque. Na versão da vítima, Maurício chegou a entrar em contato com um chefe do Comando Vermelho (CV) na região para que este desse o aval para o crime, dizendo que o motorista era um informante da Polícia e ligado à GDE.
No entanto, segundo as investigações, Maurício acabou se aliando e contratando integrantes da GDE para praticar crimes em seu nome, como a tentativa de homicídio.
No dia do assassinato, o motorista disse que percebeu que estava sendo seguido por um veículo modelo HB20, cor prata, e acredita que a execução só foi autorizada quando 'Bebeto' saiu de perto.
Três homens estavam dentro do HB20 prata quando o veículo se aproximou da vítima e diversos disparos foram efetuados. Na caminhonete também havia uma mulher, que chega a sair do automóvel na tentativa de 'se salvar' dos tiros.
A Polícia pediu a busca e a apreensão dos celulares dos investigados, mas não encontrou nada que vinculasse o líder do CV ao crime.
QUEM É MAURÍCIO GOMES
Maria do Rosário Araújo Pedrosa Ximenes, ex-prefeita de Canindé, afirmou em Termo de Declarações prestado ao Núcleo do Ministério Público da Comarca de Canindé, em 26 de setembro de 2024, “que a empresa MK TRANSPORTES pertenceria, na verdade, a Carlos Alberto, ‘Bebeto’, e que Maurício seria o laranja dele.
De acordo com a Ficco, a empresa MK realizou contratos com prefeituras municipais somando o montante de R$ 318 milhões. Maurício está preso desde o fim de 2024.
Maurício atuou como vigilante contratado de uma empresa de segurança privada de 2014 a 2020: “não foram localizadas, durante as pesquisas realizadas em bancos de dados, elementos que justifiquem Maurício Gomes Coelho, vigilante com remuneração média nominal de R$ 2.418,77, a constituição de empresa com capital social de R$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil reais), sendo possível inferir, com forte grau de segurança, que Maurício Gomes atua como interposto de terceiros”, diz trecho do relatório da Polícia.
Policiais federais estiveram em endereços vinculados a Maurício e cumpriram mandados de busca e apreensão. Primeiro, os agentes foram ao escritório localizado no bairro Cocó. No local, “não foram arrecadados objetos no local, mas tão apenas registrada a presença de máquina contadora de cédulas e sacolas no local, o que confirma que no recinto há a circulação de dinheiro em espécie”.
Já no condomínio residencial, no bairro Damas, também em Fortaleza, foi apreendido um celular do investigado, com indicação da senha de acesso. Ambos mandados foram cumpridos em outubro de 2024.
Consta ainda no relatório da Força Integrada que toda a análise de informações é “apenas uma amostra e não exaure todo o conteúdo de dados que foram extraídos do celular do investigado Maurício Coelho Gomes”.
PRISÃO
Maurício chegou a ser detido em um condomínio de alto padrão no bairro Benfica, em Fortaleza, no dia 8 de novembro de 2024. Na ocasião, com o empresário, foram apreendidos uma pistola 9 milímetros, 12 munições, três rádios comunicadores, dois celulares e um colete balístico. O suspeito também foi autuado em flagrante pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
No dia 18 de novembro de 2024, o Ministério Público do Ceará denunciou Maurício Coelho pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Na denúncia, o MPCE pontua que o acusado apresentou "o Certificado de Registro de Arma de Fogo, bem como a Guia de Tráfego Especial", entretanto "tais documentos, além de se encontrarem há cerca de 07 (sete) meses fora da validade, a autorização para transportar o referido artefato bélico era do local de origem, o qual foi registrado como sendo no município de Canindé/CE, para o estande de tiro, o que demonstra, por conseguinte, que o acusado estava portando arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar".