PMs que faziam escolta de empresário morto no aeroporto de Guarulhos são identificados e afastados
Investigação indica que seguranças podem ter falhado propositalmente, informando o momento exato do desembarque de Gritzbach no aeroporto
Quatro policiais militares que faziam a escolta do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC, foram identificados e afastados de suas funções neste sábado (9). Gritzbach foi executado no Aeroporto de Guarulhos, em SP, na sexta-feira (8).
Os policiais Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima prestaram depoimento no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e na Corregedoria da PM. Todos tiveram seus celulares apreendidos.
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A investigação conduzida pelo DHPP trabalha com a hipótese de que os seguranças podem ter falhado propositalmente, indicando o momento exato do desembarque de Gritzbach no aeroporto. A análise dos celulares busca esclarecer possíveis contatos que os PMs teriam feito antes do ataque.
Os policiais relataram que o carro que buscaria o empresário no aeroporto apresentou problemas mecânicos. Como resultado, apenas um dos seguranças seguiu para o local em outro veículo, enquanto os demais permaneceram onde o carro havia quebrado. No entanto, segundo um investigador, seria mais plausível que todos os seguranças priorizassem a proteção do empresário, ao invés de permanecerem com o veículo.
Há indícios de que Gritzbach foi monitorado desde sua saída de Goiás, com os autores do crime cientes do horário do desembarque. A polícia suspeita que eles foram informados do momento exato para realizar o ataque.
A namorada do empresário, presente no momento do assassinato, também foi ouvida. Os carros utilizados na escolta e um veículo supostamente usado pelos atiradores foram apreendidos e periciados, conforme informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Durante o atentado, dois motoristas de aplicativo e uma mulher que estava na área externa do terminal também foram atingidos. Os motoristas permanecem internados, enquanto a mulher recebeu alta.
Colaboração com o MP e envolvimento com o PCC
Gritzbach colaborou com o Ministério Público de São Paulo, revelando esquemas do PCC relacionados à lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Ele era acusado de movimentar cerca de R$ 30 milhões por meio da compra e venda de imóveis e postos de gasolina. Em seus depoimentos, ele havia se comprometido a fornecer mais informações, o que reforça a suspeita de que seu assassinato foi uma queima de arquivo.
O que aconteceu no Aeroporto de Guarulhos
O empresário foi atacado por volta das 16h da última sexta (8), ao sair do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana do estado. Os disparos de fuzil calibre 765 foram realizados por dois homens em um carro preto.
Gritzbach chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Ele foi atingido por pelo menos 27 disparos.
O filho do empresário chegou separadamente ao aeroporto, acompanhado por um dos seguranças. A namorada deixou o local antes da chegada da polícia, mas foi posteriormente levada para prestar depoimento.
Fontes próximas relataram que Gritzbach sabia que corria risco após colaborar com as autoridades. Ele recusou, no entanto, ofertas de proteção feitas pelo Ministério Público.
Histórico de negócios e rivalidade
Vinícius atuava como corretor de imóveis e, anos atrás, iniciou negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, um financiador de atividades do PCC. O empresário ajudava Santa Fausta a adquirir imóveis por meio de “laranjas” para disfarçar o fluxo financeiro da facção.
Em 2021, após desentendimentos relacionados a investimentos em criptomoedas, Vinícius teria se tornado o principal suspeito de ordenar a morte de Santa Fausta. Segundo o MP, ele buscou eliminar o antigo parceiro para não devolver o dinheiro que havia recebido para investir.