Morre menina de 3 anos baleada por agente da PRF no Rio de Janeiro

Na quarta-feira (13), Heloísa teve uma pequena piora no estado de saúde, que já era considerado instável gravíssimo

Escrito por Redação ,
Legenda: Depois de nove dias internada após ser baleada em uma ação da PRF, Heloísa teve parada cardiorrespiratória irreversível
Foto: Reprodução

A pequena Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, morreu na manhã deste sábado (16). A criança havia sido baleada em uma ação da PRF, na quinta-feira (7), no Arco Metropolitano, no Rio de Janeiro. Ela ficou internada durante 9 dias no CTI.

O boletim médico de Heloísa, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, apontou que a menina sofreu uma parada cardiorrespiratória irreversível nesta manhã. 

Na quarta-feira (13), Heloísa teve uma pequena piora no estado de saúde, que já era considerado instável gravíssimo. Ela foi reanimada 6 minutos após uma parada cardíaca. 

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Caso Heloísa

O veículo em que Heloísa estava foi atingido por pelo menos três disparos. A família retornava de Itaguaí para Petrópolis quando o caso ocorreu. 

No carro estavam os pais da menina, uma tia e uma irmã, de 8 anos. Ao Bom Dia Rio, da TV Globo, Willian Silva, pai da criança, disse que a família não recebeu ordem de parada e não foi abordada. Contudo, percebeu que a viatura se aproximou bastante de seu carro. 

"Era por volta de 19h e pouco, a gente estava voltando da casa dos nossos avós, quando tinha um carro da PRF parado, no cruzamento, na entrada de Seropédica. Eles estavam parados, eu vi que eles vieram. Mas, até então, eles não deram sinal para eu parar, só que eles estavam muito perto do meu carro. Aí, eu dei seta para encostar. Nessa que eu encostei, o carro tava quase parado, e eles alvejaram. Dispararam mais de quatro tiros. Eu já estava no acostamento, praticamente parado", revelou.

Toda a família saiu do veículo com as mãos ao alto, menos Heloísa. "Minha reação foi sair do carro e levantar as mãos para eles pararem de atirar, para ver que não tem nenhum vagabundo, nem nada de errado. Aí, todos saíram, menos a Heloísa. Foi nessa hora que, até mesmo os policiais, entramos em desespero. Eles prestaram socorro para virmos para o hospital", descreveu o pai da criança. 

Policial admitiu tiro

Os agentes envolvidos no caso contestam da versão dada por Willian. Em depoimento à Polícia Civil, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter feito os disparos de fuzil que atingiram a menina. Ele disse que os policiais tiveram a atenção voltada para o veículo Peugeot 207, e que a placa indicava que o carro era roubado.

Conforme o policial, os oficiais seguiram atrás do veículo, ligaram o giroflex e acionaram a sirene para que o condutor parasse. Depois de cerca de 10 segundos atrás do veículo, disse que escutaram um som de disparo de arma de fogo e chegaram a se abaixar dentro da viatura.

Fabiano Menacho afirmou que, então, disparou três vezes com o fuzil na direção do veículo porque a situação o fez supor que o disparo que ouviu veio do carro da família de Heloísa.

Os outros agentes que estavam na viatura, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, confirmaram a versão do colega.

MPF investiga invasão a hospital

O Ministério Público Federal (MPF) também investiga a conduta de agente da PRF que esteve à paisana no hospital onde Heloísa está internada.

Imagens das câmeras de segurança do hospital mostram o homem entrando no local, sem se identificar, e sendo seguido por um segurança até o corredor da emergência pediátrica. Em depoimento ao MPF na segunda-feira (11), o pai de Heloísa contou que chegou a conversar com o agente da PRF.

“[Ele] não se sentiu ameaçado, chegou a conversar com esse policial. No curso das investigações, se ficar provado que esse policial entrou no CTI sem autorização, evidentemente pode ser caracterizado um abuso de autoridade sem prejuízo de sanções disciplinares por parte da PRF”, disse o procurador da República, Eduardo Benones, que investiga o caso.

A corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou o agente já foi identificado e que está investigando a conduta dele.

"A Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal foi ao hospital no mesmo dia e identificou o policial que esteve na unidade sem autorização. Por padrão, a PRF não divulga informações pessoais dos seus servidores. Como a presença se deu sem autorização e sem o conhecimento da PRF, foi aberto um procedimento na Corregedoria para apurar as razões", informou a PRF em nota.

Nota de pesar

A PRF emitiu uma nota de pesar com a notícia da morte da menina. “Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda”, disse.

A instituição informou ainda que a Comissão de Direitos Humanos segue acompanhando a família “para acolhimento e apoio psicológico”.

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