Ministro da Saúde colocará atual coordenadora de vacinação em nova secretaria contra Covid-19

Marcelo Queiroga também optou por remanejar militares e manter parte da equipe anterior na Pasta

Escrito por Natália Cancian/Folhapress ,
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Legenda: A escolha, segundo Queiroga, visa a salientar que o foco da sua gestão está na vacinação contra o novo coronavírus.
Foto: Alan Santos/PR

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pretende colocar a atual coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) à frente da futura Secretaria Especial de Enfrentamento à Covid. O titular da Pasta federal, após retirar militares que estavam no comando de duas áreas, agora diz que pretende manter parte do grupo em cargos na Saúde.

A previsão de nomear a atual coordenadora do PNI, Francieli Fontana, para a nova secretaria foi confirmada nesta terça-feira (13) em encontro com jornalistas. Nós próximos dias, uma Medida Provisória (MP) que cria a nova área deve ser publicada.

De acordo com Queiroga, a escolha visa a salientar que o foco da gestão dele está na vacinação contra o novo coronavírus. "Como ela era coordenadora do PNI, fiz isso como uma maneira de sinalizar minha prioridade de vacinar a população brasileira, e também para prestigiar os técnicos do ministério".

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Quem é a futura secretária 

Funcionária do Ministério desde 2014, Fontana é formada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), no Paraná, e mestre em Medicina Tropical com área de concentração em Epidemiologia de Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade de Brasília (UnB). Essa deve ser a terceira mudança no comando e na gestão das secretarias que compõem o Ministério.

O Governo Federal nomeou, nessa segunda-feira (12), o médico ortopedista Sérgio Yoshimasa Okane para chefiar a Secretaria de Atenção Especializada, responsável pelas diretrizes e gestão de recursos para a chamada "média e alta complexidade", área que engloba o atendimento hospitalar. A área, então então, era chefiada pelo coronel Luiz Otávio Franco Duarte.

Antes, o novo ministro também já havia nomeado o engenheiro e ex-secretário-executivo-adjunto do Ministério da Infraestrutura, Rodrigo Cruz, para ser o número dois da Pasta. Ele substitui outro militar, coronel Elcio Franco, que, até então, ocupava o posto na gestão do general Eduardo Pazuello.

Manutenção de militares

Apesar da substituição, Queiroga afirma ter feito um pedido ao Ministério da Defesa para manter na Pasta parte dos militares trazidos à Saúde por seu antecessor, ainda que em outros cargos. Um exemplo é Franco Duarte, que passa a atuar como diretor.

Questionado no sábado (10) sobre os impactos da militarização — ponto que era alvo de críticas de especialistas na gestão de Pazuello —, ele defendeu a presença de parte do grupo na Pasta. "Não existe militarização; existem servidores públicos, civis e militares, todos empenhados em melhorar essa situação no Brasil", disse.

"Os servidores federais das Forças Armadas me ajudam na questão logística. O coronel Franco Duarte exerce um papel muito importante, é meu assessor, e claro que vou mantê-lo. E pedi ao ministro da Defesa que me desse oportunidade de continuar com esses servidores", continuou.

Continuidade de parte da equipe

O ministro, além do remanejamento de alguns militares, também decidiu manter parte da equipe anterior da Pasta.
Esse é o caso, por exemplo, do atual secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, e do secretário de Atenção Primária em Saúde, Raphael Parente.

Ambos médicos, os dois chegaram ao posto na gestão de Pazuello. Medeiros foi indicação do chamado centrão, bloco que reúne diferentes partidos. Já Parente, médico ginecologista e obstetra e vinculado ao Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), era conhecido antes de chegar ao cargo por defender, em artigos e debates, posição contrária ao aborto — perspectiva que agrada ao governo de Jair Bolsonaro.

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