O partido do presidente da Argentina, Javier Milei, sofreu uma dura derrota nas eleições legislativas provinciais de Buenos Aires, consideradas cruciais às vésperas das eleições parlamentares de meio de mandato, previstas para acontecer em 26 de outubro.
A coalizão Força Pátria, vinculada a oposição peronista, venceu com mais de 47% dos votos, contra 33,8% da governista A Liberdade Avanza (LLA), com 94% das urnas apuradas, segundo o órgão eleitoral local.
"Hoje tivemos uma clara derrota. Mas não se retrocede nem um milímetro na política de governo. O rumo não apenas se confirma, mas vamos aprofundar e acelerar mais", disse Milei, na sede do partido, na cidade de La Plata, 50 km ao sul de Buenos Aires.
O tom foi mais sóbrio do que o habitual e, ao contrário do que está acostumado, o presidente argentino não subiu ao palco com o som de rock ao fundo, mas em silêncio.
Eleição simbólica
A província de Buenos Aires, governada pelo peronista de centro-esquerda Axel Kicillof, é responsável por mais de 30% do PIB argentino e reúne 40% do eleitorado nacional. A eleição renova 23 cadeiras no Senado e 46 na Câmara dos Deputados da Legislatura provincial.
Mas, além dos cargos em disputa, a eleição era acompanhada de perto pelo simbolismo em meio às turbulências políticas e econômicas que o governo enfrenta.
A diferença entre o peronismo opositor e a LLA foi muito maior que a prevista pela maioria das pesquisas. A taxa de participação foi de 62% dos eleitores.
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Escândalo de corrupção com irmã de Milei
O governo chegou ao pleito afetado pelo escândalo de suspeita de corrupção na agência pública para pessoas com deficiência que envolve a irmã e braço-direito do presidente, Karina Milei, e quatro dias após o Congresso reverter um veto presidencial pela primeira vez, confirmando uma lei que destina mais fundos para estas pessoas.
A questionada Karina Milei, que não se defendeu publicamente, votou por volta do meio-dia e saiu cercada por militantes, sem fazer declarações.
O presidente apoia sua gestão no controle da inflação (de 87% nos primeiros sete meses de 2024 para 17,3% no mesmo período deste ano) e no equilíbrio fiscal. Mas o governo começou a intervir na semana passada no mercado cambial, vendendo dólares do Tesouro para conter a desvalorização do peso, que vinha se acelerando nas últimas semanas, apesar das elevadas taxas de juros.