O que é a cúpula da Asean, onde Lula e Trump se encontraram?
Em publicação na rede social X, Lula afirmou ter tido uma “ótima reunião” com Trump.
A cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês) foi palco de um dos encontros diplomáticos mais aguardados do ano, na madrugada deste domingo (26): a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o republicano Donald Trump.
O evento, realizado em Kuala Lumpur, na Malásia, reúne as principais lideranças políticas e econômicas da região e, nesta edição, também recebeu observadores e parceiros de diálogo, como Brasil e Estados Unidos.
A cúpula deste ano ocorre em meio à presidência rotativa da Malásia e se divide em duas etapas: a primeira em maio e a segunda entre 26 e 28 de outubro. Foi nesse contexto que Lula e Trump participaram do evento, convidados como parceiros externos do bloco.
Embora o fórum trate essencialmente de temas regionais, é comum que reuniões bilaterais ocorram paralelamente à programação oficial – como no caso do encontro entre os dois presidentes.
A conversa, que durou cerca de 40 minutos, foi descrita como “positiva” e “muito produtiva” pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira.
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Segundo Vieira, o diálogo teve tom descontraído e “franco”. Lula pediu o fim das tarifas impostas aos produtos brasileiros e a suspensão da aplicação da Lei Magnitsky a autoridades nacionais. As negociações devem ser iniciadas “imediatamente”.
O que é a cúpula da Asean?
Criada em 1967, a Asean nasceu para promover a paz e a estabilidade regional em um contexto de tensões políticas e expansão do comunismo no Sudeste Asiático.
A primeira cúpula do grupo foi realizada em 1976, em Bali, na Indonésia, e desde então o bloco realiza dois encontros anuais.
Atualmente, o grupo é formado por 10 países: Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã. A entrada de Timor-Leste como 11º membro está prevista para este ano, um marco que simboliza a plena integração da região.
A Asean exerce papel estratégico na formulação de políticas de segurança, comércio e desenvolvimento social. Além de discutir emergências regionais, os líderes autorizam a criação de órgãos setoriais, nomeiam secretários-gerais e definem ações conjuntas.
O foco principal continua sendo a paz e a estabilidade, mas a integração econômica tem ganhado cada vez mais destaque.
Conversa ‘franca e construtiva’
Em publicação na rede social X, Lula afirmou ter tido uma “ótima reunião” com Trump.
“Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu o presidente.
Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as… pic.twitter.com/aTXZthrb9Z
— Lula (@LulaOficial) October 26, 2025
O Itamaraty solicitou a suspensão temporária das tarifas enquanto as negociações avançam, mas os Estados Unidos ainda não deram resposta oficial. Trump, por sua vez, sinalizou a possibilidade de visitar o Brasil em breve.
Antes da reunião, ambos os líderes haviam mantido uma teleconferência para preparar a agenda do encontro.
Na ocasião, Lula se mostrou disposto a viajar a Washington, enquanto Trump delegou ao secretário de Estado, Marco Rubio, a condução das tratativas com Brasília.
Durante breve conversa com a imprensa antes da reunião, o tom entre os dois foi amistoso. “Não há motivo para conflito entre o Brasil e os EUA”, afirmou Lula. Trump completou dizendo que “o Brasil está indo muito bem” e que pretende “fazer bons acordos” com o país.
Questionado sobre Jair Bolsonaro, o presidente americano afirmou que “se sente mal” pelo que o ex-chefe de Estado brasileiro passou, mas garantiu ter “grande admiração” por Lula.