O que é a cúpula da Asean, onde Lula e Trump se encontraram?

Em publicação na rede social X, Lula afirmou ter tido uma “ótima reunião” com Trump.

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Redação producaodiario@svm.com.br
Dois homens de terno escuro e gravata apertam as mãos diante de cortinas azuis, com as bandeiras dos Estados Unidos à esquerda e do Brasil à direita. Ambos sorriem para a câmera.
Legenda: Presidentes já haviam tido teleconferência anterior para preparar a agenda do encontro.
Foto: Ricardo Stuckert/PR.

A cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês) foi palco de um dos encontros diplomáticos mais aguardados do ano, na madrugada deste domingo (26): a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o republicano Donald Trump. 

O evento, realizado em Kuala Lumpur, na Malásia, reúne as principais lideranças políticas e econômicas da região e, nesta edição, também recebeu observadores e parceiros de diálogo, como Brasil e Estados Unidos.

A cúpula deste ano ocorre em meio à presidência rotativa da Malásia e se divide em duas etapas: a primeira em maio e a segunda entre 26 e 28 de outubro. Foi nesse contexto que Lula e Trump participaram do evento, convidados como parceiros externos do bloco.

Embora o fórum trate essencialmente de temas regionais, é comum que reuniões bilaterais ocorram paralelamente à programação oficial – como no caso do encontro entre os dois presidentes.

A conversa, que durou cerca de 40 minutos, foi descrita como “positiva” e “muito produtiva” pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira.

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Segundo Vieira, o diálogo teve tom descontraído e “franco”. Lula pediu o fim das tarifas impostas aos produtos brasileiros e a suspensão da aplicação da Lei Magnitsky a autoridades nacionais. As negociações devem ser iniciadas “imediatamente”.

O que é a cúpula da Asean?

Criada em 1967, a Asean nasceu para promover a paz e a estabilidade regional em um contexto de tensões políticas e expansão do comunismo no Sudeste Asiático.

A primeira cúpula do grupo foi realizada em 1976, em Bali, na Indonésia, e desde então o bloco realiza dois encontros anuais.

Atualmente, o grupo é formado por 10 países: Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã. A entrada de Timor-Leste como 11º membro está prevista para este ano, um marco que simboliza a plena integração da região.

A Asean exerce papel estratégico na formulação de políticas de segurança, comércio e desenvolvimento social. Além de discutir emergências regionais, os líderes autorizam a criação de órgãos setoriais, nomeiam secretários-gerais e definem ações conjuntas.

O foco principal continua sendo a paz e a estabilidade, mas a integração econômica tem ganhado cada vez mais destaque.

Conversa ‘franca e construtiva’

Em publicação na rede social X, Lula afirmou ter tido uma “ótima reunião” com Trump.

“Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu o presidente.

O Itamaraty solicitou a suspensão temporária das tarifas enquanto as negociações avançam, mas os Estados Unidos ainda não deram resposta oficial. Trump, por sua vez, sinalizou a possibilidade de visitar o Brasil em breve.

Antes da reunião, ambos os líderes haviam mantido uma teleconferência para preparar a agenda do encontro.

Na ocasião, Lula se mostrou disposto a viajar a Washington, enquanto Trump delegou ao secretário de Estado, Marco Rubio, a condução das tratativas com Brasília.

Durante breve conversa com a imprensa antes da reunião, o tom entre os dois foi amistoso. “Não há motivo para conflito entre o Brasil e os EUA”, afirmou Lula. Trump completou dizendo que “o Brasil está indo muito bem” e que pretende “fazer bons acordos” com o país.

Questionado sobre Jair Bolsonaro, o presidente americano afirmou que “se sente mal” pelo que o ex-chefe de Estado brasileiro passou, mas garantiu ter “grande admiração” por Lula.