Juíza dos EUA derruba corte de R$ 14 bilhões de fundos de Harvard ordenado por Trump

Em maio, a mesma juíza bloqueou temporariamente a decisão do governo Donald Trump de impedir a Universidade de Harvard de matricular e aceitar estudantes estrangeiros

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(Atualizado às 22:53)
Entrada da universidade norte-americana com uma bandeira vermelha e a letra H de Harvard em branco para matéria sobre derrubada de corte bilionário de Trump
Legenda: O governo republicano retirou pouco mais de 2,6 bilhões de dólares (14,2 bilhões de reais, na cotação atual) em subsídios federais destinados a Harvard
Foto: Reprodução

Uma juíza dos Estados Unidos anulou, nesta quarta-feira (3), o congelamento de fundos imposto pelo governo do presidente Donald Trump à Universidade de Harvard, acusada de antissemitismo e parcialidade.

"O tribunal revoga e anula" as decisões da administração nesse sentido, considerando-as uma "violação da Primeira Emenda" da Constituição, declarou a juíza federal Allison Burroughs, de Boston, em referência às ordens emitidas a partir de 14 de abril de 2025.

Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump tem acusado a universidade americana de ser um terreno fértil para a ideologia "woke", um termo pejorativo usado pela direita para descrever políticas de promoção da diversidade.

Trump também acusa Harvard de não proteger adequadamente seus estudantes judeus ou israelenses durante os protestos no campus que pediam um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

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Como represália, o governo republicano retirou pouco mais de 2,6 bilhões de dólares (14,2 bilhões de reais, na cotação atual) em subsídios federais destinados a Harvard, incluindo aqueles para o setor de saúde, e revogou sua certificação no sistema que autoriza estrangeiros a estudar nos Estados Unidos. A juíza se manifestou após uma ação apresentada pela universidade.

"É evidente, mesmo com base unicamente nas próprias admissões de Harvard, que a universidade foi impactada pelo antissemitismo nos últimos anos e poderia (e deveria) ter enfrentado melhor o problema", escreveu. "Dito isso, na realidade existe pouca conexão entre a pesquisa afetada pelo cancelamento dos subsídios e o antissemitismo", acrescentou.

A juíza, nomeada pelo ex-presidente democrata Barack Obama, afirmou que as evidências que analisou sugerem que Trump "usou o antissemitismo como pretexto para um ataque seletivo e ideológico contra as principais universidades do país".

Os cortes no financiamento para Harvard obrigaram a instituição a implementar um congelamento de contratações e a pausar programas de pesquisa ambiciosos, sobretudo nas áreas de saúde pública e medicina. Especialistas alertaram que essas interrupções colocam em risco a vida de americanos.

PROIBIÇÃO DE ESTRANGEIROS EM HARVARD

Em maio, a mesma juíza bloqueou temporariamente a decisão do governo Donald Trump de impedir a Universidade de Harvard de matricular e aceitar estudantes estrangeiros. Allison Burroughs considerou a medida inconstitucional e proibiu o governo americano de implementar a revogação da certificação Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVIS).

A época, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, revogou a autoridade da Universidade de Harvard de matricular estudantes estrangeiros, uma ameaça ao futuro de milhares de estudantes da instituição. Como resposta, a universidade, que tem mais de 25% de estudantes estrangeiros, processou o governo de Trump. 

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