'Bloqueiem tudo': onda de protestos pela França acontece nesta quarta-feira (10)
Manifestantes vão às ruas contra nomeação de novo premiê, cortes orçamentários e governo do país
Em toda a França, manifestantes realizam protestos e paralisações nesta quarta-feira (10) contra a classe política e os cortes orçamentários planejados. Em diversos atos, participantes do movimento nomeado "Bloquons Tout" (Bloqueiem tudo, em português) entraram em confrontos com a polícia e atearam fogo em pneus e latas de lixo para bloquear vias públicas.
A imprensa francesa informou que cerca de 100 mil pessoas são esperadas nos protestos em todo o país. Em Nantes e Montpellier, cidadãos entraram em confronto com as forças de segurança, alguns lançando objetos contra os agentes.
De acordo com o governo, cerca de 80 mil policiais foram mobilizados para remover os bloqueios e conter o movimento o mais rápido possível, sendo 6 mil apenas em Paris. Em certas regiões, os agentes fizeram uso de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
O Ministro do Interior Bruno Retailleau declarou à imprensa local que já são "quase 200 prisões" por todo o país. Até o momento, 132 pessoas foram detidas apenas na capital parisiense.
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Entenda o 'Bloquons Tout'
Originado em mensagens criptografadas nas redes sociais, o movimento convocava os cidadãos franceses para um dia de bloqueios generalizados no dia 10 de setembro, inicialmente em resposta à política orçamentária de François Bayrou, primeiro-ministro do país destituído pelo parlamento na segunda-feira (8).
Ainda na terça (9), o presidente francês Emmanuel Macron nomeou o conservador Sébastien Lecornu, antigo ministro da Defesa, como o novo premiê da nação. Este é o quinto político a assumir o cargo em menos de dois anos.
A decisão contribuiu para intensificar a insatisfação da população francesa com o governo de Macron. Em faixas levadas por alguns manifestantes, havia dizeres como "Macron, renuncie".
Os ministros são um problema, mas é mais o Macron e seu modo de governar, o que significa que ele precisa sair.
O movimento tem sido comparado com o "Gilets Jaunes" (Coletes Amarelos, em português), onda de protestos que surgiu contra o aumento no preço dos combustíveis, mas escalou para amplas mobilizações contra Macron e seus planos de reforma econômica em 2018.