Um peixe-lua trapaceiro de 907 quilos foi encontrado na costa do Oregon, nos Estados Unidos, na semana passada. Inicialmente identificado pelo Seaside Aquarium e divulgado nas redes sociais como um peixe-lua comum, o animal só teve a verdadeira classificação revelada depois de uma bióloga marinha da Nova Zelândia ter visto as fotos e suspeitado do erro da equipe do aquário. A espécie em questão é rara, segundo a profissional.
A confusão na identificação não é incomum, informou a bióloga marinha Marianne Nyegaard, que esclareceu o ocorrido. Populares e cientistas cometeram um engano parecido por mais de um século. A capacidade de enganar as pessoas fez com que a neozelandesa desse ao peixe o nome peculiar.
Logo que deu conta do engano, Marianne contatou os funcionários do Seaside Aquarium para informá-los que acreditava que haviam encontrado um dos trapaceiros. “Eu vi isso e pensei ‘Uau! Isso é um trapaceiro’”, ela disse ao The Washington Post.
O Seaside acredita que a carcaça do peixe é um dos maiores espécimes já documentados. Ela tem pouco mais de dois metros comprimento e uma aparência assustadora. Conforme noticiou o Estadão, o cadáver do bicho se parece como uma pedra inchada com olhos mortos e uma boca sem lábios.
O gerente geral do aquário norte-americano contou que desde que chegou à praia, o peixe tem atraído multidões de curiosos, pessoalmente e na internet. “Tem sido um sucesso de público”, disse ele.
Pesquisa de mais de uma década
Marianne Nyegaard estuda peixes-lua há mais de uma década. O achado recente foi a última reviravolta na carreira dela. A pesquisadora nomeou o trapaceiro como Mola tecta, com “tecta” significando coberto ou escondido. Ao fazer isso, ela teve que diferenciá-lo do peixe-lua comum Mola mola, que foi identificado em 1758.
Um artigo de pesquisa de Nyegaard, publicado em 2017 no Zoological Journal of the Linnean Society, menciona que, em 2009, pesquisadores japoneses publicaram um estudo genético que revelou evidências de uma espécie desconhecida de peixe-lua chamada Mola species C.
“Mas o peixe continuava iludindo a comunidade científica porque não sabíamos como ele se parecia”, acrescentou Nyegaard em um comunicado direcionado à imprensa pela Universidade Murdoch. O texto anunciou a descoberta feita por ela e sua equipe.
A confirmação da existência do animal, no entanto, levou tempo e esforço para acontecer. Ao longo de três anos, Nyegaard e seus coautores coletaram dados de 27 espécimes do que se tornaria conhecido como peixe-lua trapaceiro.
Busca extensa
Ao que informou a universidade, a busca do grupo incluiu viagens e a colaboração de outros pesquisadores, para que houvesse a coleta de amostras de peixes-lua encontrados encalhados em praias remotas.
“A nova espécie conseguiu evitar a descoberta por quase três séculos ao se ‘esconder’ em uma história confusa da taxonomia dos peixes-lua”, contou Nyegaard.
Os trapaceiros se parecem superficialmente com outras espécies de peixes-lua, mas são facilmente distinguíveis após exame, disse. Ela atribuiu as dificuldades para diferenciar a outro fatos além das características físicas: “Só ganhamos conhecimento quando alguém realmente está olhando para isso”.
De acordo com a equipe de Nyegaard, o trapaceiro foi a primeira nova espécie de peixe-lua descoberta em mais de 125 anos.