O que se sabe sobre os casos de hepatite infantil investigados pela OMS

Onda de diagnósticos começou no Reino Unido, e a doença já chega a outros 11 países

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
hepatite infantil
Legenda: A doença afeta principalmente menores de 10 anos
Foto: Shutterstock

Os casos de hepatite aguda em crianças, detectados em mais de 12 países, sobretudo, europeus, geram perguntas e também medo de uma nova epidemia. Não há confirmação no Brasil. Enquanto isso, a origem dessa grave inflamação do fígado segue sendo desconhecida e ainda investigada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Onde foram registrados casos de hepatite em crianças?

Tudo começou no Reino Unido, que conta com o maior número de casos (114). Em seguida, foram revelados casos na Espanha (13); na Dinamarca (6); na Irlanda (menos de 5); na Holanda (4); na Itália (4); na França (2); na Noruega (2); na Romênia (1) e na Bélgica (1), segundo dados da OMS. 

Fora da Europa, Israel (12 casos) e Estados Unidos (ao menos 9) se juntam à lista. 

Perfil das crianças diagnosticas com hepatite

As crianças afetadas têm de um mês a 16 anos, mas a maioria é menor de 10 anos e muitos são menores de cinco anos. Nenhuma tinha outra doença. Houve um falecimento. 

A doença afeta principalmente menores de 10 anos e se manifesta por sintomas como icterícia (coloração amarelada da pele), diarreia, vômitos e dores abdominais.

"As investigações prosseguem nos países onde há casos. Até agora, a causa atual da hepatite é desconhecida", segundo o Centro Europeu de Prevenção e de Controle de Enfermidades (ECDC).

No momento, uma causa infecciosa parece a mais provável, mas não foi estabelecido nenhum vínculo comum com alimento contaminado ou tóxico que pudesse ser identificado. 

O que é a doença?

hepatite é uma inflamação do fígado, como reação a um vírus, a tóxicos (venenos, drogas, etc.) ou a doenças autoimunes ou genéticas. Sua evolução costuma ser benigna e seus principais sintomas — febre, diarreias, dores abdominais — se resolvem rapidamente ou deixam poucas sequelas. Às vezes, de forma mais rara, podem provocar insuficiência renal. 

Mas "a crescente alta do número de crianças afetadas por uma súbita hepatite é incomum e preocupante" indicou ao Science Media Center britânico Zania Stamakati, do centro de pesquisa sobre o fígado e sobre o aparelho gastrointestinal da universidade de Birmingham.

Qual a origem da hepatite infantil?

Entre as possíveis pistas, o adenovírus foi detectado em ao menos 74 crianças — em 18 era o chamado "tipo 41". 

Vários países, entre eles a Irlanda e a Holanda, informaram sobre uma crescente circulação desses adenovírus. Porém, seu papel no desenvolvimento das misteriosas hepatites não está claro. 

A possibilidade de uma relação com a Covid-19, que segue circulando, figura também entre as hipóteses. A doença pandêmica foi detectada em 20 das crianças. E outros 19 mostraram uma coinfecção de Covid e de adenovírus.

O que diz a OMS?

A OMS anunciou, no último dia 15, que está monitorando de perto "dezenas de casos de uma hepatite de origem desconhecida em menores de Reino Unido, Espanha e Irlanda", dos quais alguns tiveram que passar por transplante de fígado.

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