Líder e matador da facção TCP são presos após expulsar famílias das próprias casas no Jangurussu
Uma das famílias sequer teve tempo de tirar suas coisas de dentro de casa
Três membros da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) foram presos nessa terça-feira (21) após expulsarem, pelo menos, duas famílias das próprias residências delas no bairro Jangurussu, em Fortaleza. A ação do grupo carioca se dissemina no Ceará desde setembro, quando a Guardiões do Estado (GDE) anunciou ter se aliado ao TCP.
A reportagem do Diário do Nordeste apurou que dentre os detidos estão Francisco Torres Mariano; Davi de Oliveira Pereira, o 'Canela'; e Janderson Almeida Duarte. O primeiro é apontado como líder da facção e o segundo teria função de matador dentro do bando.
Segundo a Polícia Civil do Ceará (PCCE), o trio vinha sendo investigado há pelo menos dois meses por envolvimento direto com deslocamentos forçados de moradores do conjunto habitacional José Euclides: "além das capturas, uma quantidade de entorpecente, dinheiro em espécie e celulares foram apreendidos pelos investigadores".
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De acordo com o delegado Huggo Leonardo de Lima Anastácio, titular do 20ª Delegacia de Polícia, há dois meses as famílias vítimas procuraram a Delegacia e informaram o que tinha ocorrido. O investigador disse que a organização criminosa buscava relacionar as vítimas com a facção rival, mas não existe essa relação.
"Eles chegaram com muita violência, armados. No caso da primeira vítima, o grupo não deixou nem que ela tirasse as coisas de dentro de casa. Para a segunda vítima eles deram um tempo para tirar as coisas de dentro de casa"
BUSCAS
O delegado revelou que a partir das informações iniciais começaram os trabalhos de identificação, produziram relatórios de Inteligência e investigativos.
"Na data de ontem recebemos informações que eles possivelmente estariam no bloco 7 do Conjunto Habitacional José Euclides. Deflagramos essa operação. Tivemos apoio de outras delegacias, dezenas de policiais civis. Encontramos cocaína no apartamento e outros apetrechos usados no tráfico. Eles foram autuados por tráfico de drogas e por integrar organização criminosa armada", afirmou Huggo Leonardo.
A reportagem também apurou que Francisco Torres estaria realizando a distribuição de drogas em todo o residencial José Euclides e armazenava armas de fogo, como pistola e revólver.
"O Condomínio Residencial José Euclides era anteriormente caracterizado por uma divisão territorial entre duas organizações criminosas, identificadas como GDE e TDN, sendo que a região próxima ao Jagatá encontrava-se sob domínio da facção TDN, enquanto a área próxima à comunidade do Patativa do Assaré era controlada pela facção GDE. Observa-se, no entanto, que atualmente há indícios de unificação do referido território sob o controle de uma única facção criminosa, qual seja, a TCP"
DESLOCADOS URBANOS
O acirramento do conflito entre facções rivais visto em Fortaleza nas últimas semanas traz de volta o cenário dos 'deslocados urbanos'. A reportagem ouviu uma fonte da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Conforme o investigador, "as expulsões estão ocorrendo por todos os lados".
"Tanto o CV causa deslocamentos forçados, quanto os rivais. Isso está acontecendo em todas as áreas, Capital, Região Metropolitana, Interior... Está bem espalhado. Quase todos os dias temos esses deslocamentos forçados", revelou a fonte de identidade preservada.
Nessa terça-feira (21), o Diário do Nordeste noticiou que famílias do bairro Boa Vista deixaram suas casas sob escolta da Polícia Militar após serem expulsas pelo Comando Vermelho.
O delegado Huggo Leonardo destaca ter conhecimento de que também há casos de deslocamentos forçados no Patativa do Assaré, divisa com José Euclides, e outra ocorrência recente no Conjunto Palmeiras.
"Pedimos que essas vítimas vão até a Delegacia. Não é só pegar suas coisas e ir embora. É preciso, sim, formalizar, é a importância da população denunciar e deixar que façamos nosso trabalho, que é investigar", disse o policial.